50 ANOS DE MAGISTÉRIO

 

 

MAGISTÉRIO

50 ANOS DE MAGISTÉRIO

Em março de 2004, completei 50 anos de Magistério, iniciado em março de 1954 como professor de Matemática do Colégio “Abraham Levy”, de propriedade da professora Alice Antunes. Neste artigo, vou contar a saga do exercício desse Magistério. Como uma boa parte dessa saga já foi apresentada em vários artigos inseridos em meu livro Crônicas da Física, Tomo 6 (CF6),[1] vou incluir neste artigo outras situações que vivi e que também contribuíram para essa saga. Dividirei este artigo em duas partes: minha formação e o exercício do Magistério.

A. FORMAÇÃO

A1. Curso Primário: Instituto Luso-Brasileiro (IL-B)

Realizei meu Curso Primário no Instituto Luso-Brasileiro (IL-B), de propriedade do professor Raymundo Firmiano Lobo, que se localizava no Largo da Trindade, defronte da antiga Faculdade de Direito do Pará, hoje, sede da Ordem dos Advogados do Brasil, Secção Pará (OAB-PA). Nesse Largo ficava (e ainda fica) a Igreja da Santíssima Trindade,[2] onde fui batizado no dia 15 de dezembro de 1935 pelo Vigário (e depois, Cônego) Miguel Ignácio da Silva, apadrinhado por Francisco Libonati e Júlia Motta Cavalcante, e onde exerci meu catolicismo, com a assistência de missas dominicais e a célebre comunhão, com confissão, na Semana Santa.

Entrei naquele Instituto, em março de 1943, com minha irmã gêmea Maria José, para realizar o então Curso Primário, com cinco anos de duração, e hoje uma parte do Primeiro Grau. Já lá estudava meu irmão Mário, assim como também haviam estudado meu irmão Antônio e a saudosa irmã Madalena (“Madá”).

A casa onde funcionava o IL-B era assim dividida. Existia um corredor, pela parte direita de quem entrava, que separava uma grande sala e terminava em uma grande varanda ocupando toda a largura da casa. Na grande sala ficavam os alunos do terceiro ano, ensinados pela professora Clarinda (Clarinda Rodrigues Lobo, apelidada de “Barata” pelos alunos), esposa do professor Lobo. Na varanda, situavam-se os alunos do quarto e do quinto anos, sob a responsabilidade desse professor. Em seqüência, havia um outro corredor, que começava quase no meio da varanda, e separava, à esquerda, uma escada e dois quartos e, à direita, um quintal que terminava na cozinha. Nesses compartimentos a professora Anita,[3] filha do professor Lobo, ministrava aulas para os alunos do primeiro e segundo anos.

A escada referida dava acesso a um segundo andar, ao qual nunca fui e onde morava a família do professor Lobo (esposa e os filhos Anita, Edite, Olga, Zaira, Belém, Aline e José Maria) e alguns alunos que estudavam em regime de internato (com refeições e dormida) e de semi-internato (apenas o almoço). No quintal, havia um chiqueiro de porcos.

A legislação de ensino então vigente no país permitia que o Curso Primário pudesse ser realizado em quatro anos, e, no final destes ou dos cinco anos normais, o aluno deveria fazer um Exame de Admissão (segundo a Lei Orgânica do Ensino Secundário, Decreto-Lei número 4244, de 9 de abril de 1942), para ser admitido no então Curso Ginasial em qualquer estabelecimento de ensino, público ou privado. Em vista disso, estudei no IL-B de 1943 até 1946, com aquele exame realizado no Colégio Estadual “Paes de Carvalho”, o lendário CEPC, em fevereiro de 1947, do qual falarei mais adiante. Desse período vou relembrar alguns fatos que ainda permanecem em minha lembrança.

Quando, em 1943, Maria e eu entramos no IL-B para freqüentar as aulas da professora Anita, passamos pelo professor Lobo e este, sentado em sua carteira, formulou a pergunta clássica que fazia para todos os alunos iniciantes de seu Instituto: “Vocês são paraenses ou brasileiros?” Embora de resposta simples, qual seja, os dois, a inesperada pergunta nos embaraçou e, mudos, seguimos apreensivos para a sala da professora Anita.

O professor Lobo mantinha uma rigidez severa, às vezes agressiva e violenta, em seu Estabelecimento de Ensino.[4] Por exemplo, um certo dia ele pediu que a merenda que Maria e eu levávamos, pão com banha (a situação financeira de nossos pais, o papai Eládio, sapateiro-artesão, e a mamãe Rosa, lavadeira, não permitia comprar manteiga), fosse entregue aos porcos de seu chiqueiro. De outra feita, um colega nosso, o Octávio Lamarão (hoje, odontólogo), que morava no Largo da Trindade, ao lado da igreja, quase foi expulso do IL-B porque encheu de pedrinhas a argamassa de cimento e areia que um pedreiro usaria para fazer um reparo em alguma parede da casa. E quando o papai, consertador dos sapatos do professor Lobo e de sua família, não fazia os consertos a tempo, éramos nós (Mário, Maria e eu) que sofríamos as conseqüências dessa impontualidade, conforme bem me lembrou o mano Mário.

Confirmando o caráter violento do diretor do IL-B, meu pai contava que o Almerindo e o Mário, filhos de Manoel e Laura Amor Divino, vizinhos nossos, haviam sido espancados pelo professor Lobo: o Almerindo, com uma acha de lenha (muito usada para produzir, por queima, o calor dos fogões de então) porque fizera alguma travessura com um colega que, como ele, era semi-internado no IL-B; o Mário foi arremessado para fora do Instituto, segundo me relatou, recentemente, meu irmão Antônio. Colegas meus, como o Benedito Calandrini da Costa Azevedo, o “Bebeca” (hoje, odontólogo) e seus primos Diógenes Calandrini, César e Maria Izabel Calandrini de Azevedo, o Raphael Celda Lucas Filho (hoje, advogado, e residente no prédio onde eu moro), e o José Moacyr Magalhães Brandão, certamente terão outros fatos dessa ou de outra natureza e que também os marcaram.[5]

Um fato também marcante na época em que estudei no IL-B aconteceu numa terça-feira, dia 8 de maio de 1945. Maria e eu íamos para lá quando, na rua Arcipreste Manoel Teodoro, próximo da Travessa São Pedro, onde morávamos, ouvimos a sirene do jornal Folha do Norte anunciando o final da Segunda Guerra Mundial, que se iniciara no dia 1 de setembro de 1939, com a invasão da Polônia por parte do Exército Nazista de Adolfo Hitler.

Creio ser interessante dizer algo sobre o ensino no IL-B. Ele era realizado em dois turnos: pela parte da manhã (8-11 horas) e pela parte da tarde (14-16 horas).[6] Dentre os livros em que lá estudei, lembro-me de alguns deles. Nos dois primeiros anos, as primeiras letras e as primeiras “contas” foram estudadas, respectivamente, na Cartilha do ABC e na Tabuada (até recentemente tive em minha Biblioteca um exemplar da Tabuada. Infelizmente, perdeu-se!). Eram livros pequenos e finos, do tipo “livros de bolso”. Na Cartilha, lembro-me de minha dificuldade em pronunciar as palavras com a terminação ão: cão, leão, nação, etc. Das sentenças completas que tínhamos de decorar, uma delas ficou gravada em minha memória: “O Ivo viu a uva”. Muitos anos depois, brincando com meus filhos, Jô e Ádria, eu dizia a eles, quando reclamavam de alguma comida ou fruta: “Na casa de meus pais, quando criança, a manteiga, a maçã, as nozes, as castanhas, por exemplo, eram substantivos abstratos.” Completava dizendo: “Uva, eu só via na gravura representativa da Cartilha do ABC, junto com o Ivo.” Por outro lado, sempre tive facilidade em decorar as contas das quatro operações que compunham a Tabuada.

Quando estávamos no terceiro e quarto anos, estudávamos em outros livros: o de Geometria, de Tito Cardoso de Oliveira, e o de Português, de Paulino de Brito, ambos professores paraenses. O estudo de Geometria era curioso. Nós tínhamos que decorar as lições cobradas pelo Professor Lobo: Por exemplo, ele perguntava: “Que é um triângulo eqüilátero”. Respondíamos, caso nos lembrássemos: “É uma figura plana que tem três lados e três ângulos iguais”. Quanto ao estudo de Português, além das regras gramaticais, fazíamos diariamente um Ditado para ver se as havíamos aprendido. Uma das diárias “lições de casa” era fazer uma cópia do Ditado para corrigirmos os erros que cometíamos. Um outro livro interessante que ficou gravado em minha memória: Lições de Coisas.[7] Nele, encontrávamos várias informações sobre Física, Química e História Natural.

Daqueles dois anos recordo ainda um fato que me parece oportuno lembrar: a resolução de “englobadas”[8] e contas de dividir, ensinadas pela professora Clarinda. As “englobadas” eram expressões aritméticas, envolvendo somas, multiplicações, divisões e potências de números inteiros. A complicação decorria do fato de que essas operações eram misturadas com parêntesis e colchetes. Infernais, porque envolviam números bastante grandes no dividendo e no divisor, as contas de dividir eram ensinadas pela professora Clarinda, que as “passava” durante a aula e ainda, ao término do turno vespertino, como “dever de casa”. Se as contas dadas em aula não a completávamos a tempo, a mestra nos atirava com o caderno na cara, dizendo raivosa: “Vocês vão ficar até depois da aula para acertá-las, seus burros”. Como eu era bom de Matemática e a Maria não, eu a ajudava, aproveitando a desatenção da professora Clarinda, para que pudéssemos sair juntos. Algumas vezes, a atenção da mestra Clarinda fez com que saíssemos depois das quatro. A Maria, por sua vez, ajudava-me no Português.

Por fim, creio ser interessante registrar uma coisa lamentável que acontecia na classe da professora Clarinda. Ela sofria de crises de epilepsia. Se, no entanto, um de seus alunos tivesse a infelicidade de ser apontado por ela na ocasião da crise, ele era punido por haver supostamente provocado aquela situação. Conforme me relatou o “Bebeca”, essas crises só passavam quando o professor Lobo comprimia o pulso dela.

A2. Curso Ginasial: Colégio Estadual “Paes de Carvalho” (CEPC)

Conforme registrei antes, realizei o Exame de Admissão para ingressar no Curso Ginasial, no CEPC, em fevereiro de 1947. O meu preparo para esse Exame foi feito no Colégio da Professora Baganha, que se localizava na travessa dos Tamoios, próximo da rua dos Jurunas, hoje Roberto Camelier. Esse preparo, em matemática, foi-me dado pelo irmão dessa professora, o Luís Gonzaga Baganha, que também era professor do CEPC. Creio ser oportuno dizer que o Baganha, além de ser meu professor nessa preparação, também o foi no CEPC e na Escola de Engenharia, além de ser meu mestre e depois colega-engenheiro, no extinto Departamento Municipal de Estradas de Rodagem de Belém, o DMER-Bl, antigo Serviço Municipal de Estradas de Rodagem de Belém, o SMER-Bl.

A minha admissão no CEPC resultou de haver sido aprovado, com as notas registradas no Certificado de Aprovação em Exame de Admissão à 1a. Série Ginasial : Português: 6, na prova escrita e 7, na oral: média – 6,5. Matemática: 7 e 7, com média – 7. Geografia: 4. História do Brasil: 4. Média Geral: cinco e seis (5,6). Esse Certificado foi assinado pelo Professor Antonio Gomes Moreira Júnior (“Moreirinha”), Diretor, e pelo Professor José Silva Chuva, Inspetor Federal. É interessante notar que, por essa ocasião, o meu nome era José Maria Basallos, filho de Hilário Basallos e Rosa Filardi. Somente quando entrei para a Escola de Engenharia, em 1954, fiz a correção de meu nome para o atual.

O Curso Ginasial era composto de quatro anos, com nove disciplinas no Primeiro Ano e dez nos demais. A aferição do aprendizado era realizada por intermédio de provas (composições) mensais, escritas ou orais, com uma prova final. Esta era acompanhada de um Fiscal Federal que realizava o sorteio dentre os 30 pontos [marcados em pequenas bolas de madeira, colocadas em uma cumbuca (também conhecida como bilha, segundo alertou-me Adriano Carneiro, meu ex-aluno do CEPC e de quem falarei mais adiante), também de madeira], pelos quais eram distribuídos os conteúdos do Programa de cada disciplina. O Boletim de Aproveitamento que registrou as notas referidas foi assinado pelo Diretor do CEPC, professor Antônio Gomes Moreira Júnior, e pelos Inspetores Federais: José da Silva Chuva, nos três primeiros anos, e Emílio Uchoa Lopes Martins, no quarto ano. Durante o Curso Ginasial, tivemos o Raul Aguiar dos Santos como Inspetor de alunos, e os porteiros: Sebastião Kemper (“Sabá”) e Geraldo Geminiano Furtado de Souza. A arquivista era a dona Carlota Mendes Leite de Almeida. É oportuno registrar que o nome completo desses funcionários eu os encontrei no livro que o professor Clóvis Moraes Rego escreveu sobre o CEPC.[9] Também durante aquele Curso muitas vezes comi a famosa “jacuba da comadre”, um mingau ralo de fubá de milho que era vendido na cantina, localizada no primeiro pátio interno do prédio do CEPC. Essa cantina tinha duas janelas: uma para o recreio das alunas e a outra, para o dos meninos. Esses recreios não se comunicavam!

Na Primeira Série Ginasial, iniciada em março de 1947, fiz parte da Sexta Turma (1a-6a), com outros colegas, dos quais me lembro de: Francisco Seguins Dias Filho, Herdélio Gomes Tocantins Maltez, Iracy de Oliveira Rodrigues (falecido), Jayme Monteiro Brandão, João Nassralla Miguel Rossi, José Emílio Pereira da Silva (falecido), José Maria Pinheiro de Souza, Leoni Freitas de Matos, Lindomar Ferreira Penço, Linomar Saraiva Bahia, Lityerse de Almeida Castro, Nelson Nicácio da Silva (falecido) e Rosa Maria Pamplona Gayoso. Meus professores e minhas notas finais foram: Português (5,9) – Clóvis da Silva Moraes Rego; Latim (4,9) – Hélio Frota Lima (“Pomboca”); Francês (6) – Yolande de Carvalho e Chaves; Matemática (8,2) – Alírio César de Oliveira; História Geral (4,8) – Rubens Cavalcante Silva; Geografia Geral (4,5) – Maria Amélia Ferro de Souza; Trabalhos Manuais (9.1) – Leoldolina Ponte de Souza; Desenho (7,4) – Antônio Ângelo Nascimento (“Catita”); Canto Orfeônico (7,3) – Maria Luiza Vela Alves. Média Geral: 6,5. Tivemos ainda aulas de Religião, com o Padre Adolfo Serra (irmão de meu ex-aluno e professor da UFPA, Vítor Façanha Serra) e de Educação Física, com Virgílio Andrelino Ferreira.

Creio ser oportuno registrar alguns fatos relevantes e relacionados com o ensino nesse Primeiro Ano Ginasial. Por exemplo, foi nas Aulas de Geografia Geral da professora Maria Amélia que tive o primeiro contato com a Astronomia. Nessas aulas, aprendi os movimentos da Terra em torno do Sol, bem como os movimentos dos demais planetas que compõem o sistema solar. Também entendi como ocorrem os eclipses do Sol e da Lua em um dispositivo mecânico que simulava os movimentos da Terra em torno do Sol, e da Lua em torno da Terra.

Como alunos da professora Maria Amélia, em 1947, tivemos a felicidade de comprovar o que havíamos aprendido em suas aulas sobre os eclipses solares pois, no dia 20 de maio desse ano, ocorreu um eclipse total do Sol, visível na Argentina, Paraguai, Brasil, África Central e Oceano Atlântico, por um período de 5 minutos e 12 segundos. A professora Maria Amélia indicou-nos uma maneira de observá-lo por intermédio de um pedaço de vidro escurecido com a “fumaça” de uma lamparina. E, desse modo, observamos o eclipse, que ocorreu na manhã daquele dia 20, por volta das dez e meia, e por poucos minutos.

Um outro fato que me liga a essa querida mestra resulta de minha primeira e única reprovação que tive durante os sete anos (Ginásio: 4; Científico: 3) em que estudei no CEPC. Foi justamente nesse ano de 1947 e na disciplina que ela ministrava. Fiquei para a então Segunda Época, ou seja, uma segunda oportunidade que o estudante tinha de conseguir a aprovação (média 4, num máximo de 10) em uma ou, no máximo, duas das disciplinas que cursava em um determinado ano. Esse Exame ocorria sempre em fevereiro do ano subseqüente ao da reprovação.

Hoje, recordando essa reprovação, lembro-me de um aspecto marcante de minha vida e que diz respeito a minha vontade de ser engenheiro, já evidenciada naquela época com a mania que tinha de estar sempre a “engenheirar” alguma coisa no quintal de minha casa. Assim, ao mesmo tempo em que estudava para fazer a Segunda Época com a professora Maria Amélia, eu preparava a garagem e o “dique” para guardar e lavar os carrinhos de madeira que eu próprio construía, assim como, também, preparava uma réplica de um “bangalô” cuja construção estava sendo realizada na esquina da rua em que morava. Nessas construções, certamente, está a gênese de uma das especialidades da Engenharia Civil que mais tarde viria a exercer, quando me formei, em 1958: o cálculo estrutural. Naquela altura, eu não entendia por que não conseguia manter em pé, sem escora, o “dique” e a “marquise” de meu “bangalô”.[10] Aliás, a vontade de ser engenheiro eu também já havia manifestado na disciplina Trabalhos Manuais, ao construir um “Dom Quixote” montado em seu cavalo, com peças de madeiras cortadas com a famosa “serra tico-tico”, e justapostas com cola de breu.

Na Segunda Série Ginasial, iniciada em março de 1948, fiz parte da Quarta Turma (2a-4a), com alguns colegas do ano anterior, principalmente o Pinheiro, como eu o chamava, e de novos colegas. Meus professores e minhas notas finais foram as seguintes: Português (4,4) – Aulomar Lobato da Costa; Latim (6) – Frota Lima; Francês (6,5) – Maria Estelina Valmont; Inglês (7,4): Hugh Moresby Kirby; Matemática (6,6): Alírio; História Geral (4) – José Alves Maia; Geografia Geral (6,4) – Maria Amélia; Trabalhos Manuais (9,4) – Leoldolina; Desenho (6,1) – Ângelo Nascimento; Canto Orfeônico (8,3) – Vela Alves. Média Geral: 6,2. Tivemos, também, aulas de Religião e de Educação Física, com os mesmos professores do ano anterior.

Nessa Segunda Série, recordo-me de um fato típico da malandragem de estudantes. O professor Alves Maia tinha o hábito de marcar um certo assunto para que estudássemos e o desenvolvêssemos por ocasião das famosas composições mensais, já por mim referidas. Pois bem, no dia da realização de uma dada composição, nos tínhamos que levar o papel da prova em branco para ele rubricar e comprovar que não trazíamos a prova feita. Como os alunos se amontoavam na mesa dele, ele não conseguia controlar suas assinaturas. Em vista disso, um colega nosso, o Lityerse Castro,[11] teve a seguinte idéia. Para alguns amigos dele, dentre os quais eu me encontrava, ele falou o seguinte: “Vamos levar a prova pronta. Na ocasião de pegar a assinatura dele, levamos essa prova pronta por baixo da folha em branco, com uma pequena margem para receber a assinatura. Devido ao grande número de alunos em volta dele, um de nós vai lhe empurrando o braço para fora do papel em branco, a fim de fazer com que ele assine a folha de baixo com a prova feita”. Assim fizemos por algum tempo. Não me recordo se ele percebeu essa malandragem.

Na Terceira Série Ginasial, iniciada em março de 1949, fiz parte da Quarta Turma (3a-4a), com alguns colegas do ano anterior, inclusive o Pinheiro, e de novos colegas, como o saudoso Mário Tasso Ribeiro Serra. Meus professores e minhas notas finais foram as seguintes: Português (5,8) – Antônio Gondim Lins (“Cachorrão”); Latim (5,6) – Frota Lima; Francês (4,9) – Emiliana Sarmento Ferreira; Inglês (7,8) – Kirby; Matemática (5,2) – Renato Pinheiro Conduru; Ciências Naturais (6,3) – Antônio Augusto de Carvalho Brasil; História do Brasil (6,7) – Maria Anunciada Ramos Chaves; Geografia do Brasil (8,2) – Aloysio da Costa Chaves; Desenho (6,5) – Omir Corrêa Alves; Canto Orfeônico (7,6) – Vela Alves. Média Geral (6,5). Neste ano, tivemos apenas aula de Educação Física com o professor Virgílio.

Nesse ano de 1949, há um fato que marcou a minha vida. Trata-se da amizade que iniciei com o saudoso Mário Serra. Além de colegas de sala, éramos colegas de estudo. Várias vezes estudei na casa dele que, naquela época, morava na Vila Militar, na Travessa São Francisco, entre a rua Arciprestre Manoel Teodoro e a Avenida Conselheiro Furtado. Em um dos dias em que estudei lá, como era já alta hora da noite, fiquei para dormir. Contudo, um ruído “estranho” na madrugada me fez acordar e, ainda sonolento, dei uma pancada com uma colher de pau na cabeça dele, pois achava que se tratava de um ladrão que havia invadido o quarto em que dormíamos.

Ainda nessa turma, recordo-me de um fato jocoso. Em uma certa aula do professor Gondim, ele estava sendo atingido por raios solares. Um colega nosso levantou-se e dirigiu-se para fechar a janela de onde provinham esses raios. O professor vira-se para o aluno e diz: “Pare, não precisa fechar a janela, pois um astro não ofusca o outro”.

Na Quarta Série do Curso Ginasial, iniciada em março de 1950, fiz parte da Segunda Turma (4a-2a), com alguns colegas do ano anterior e de novos colegas, como o Lauro, filho do professor Remígio Fernandez, e Carlos Alberto Martins Albin. Meus professores e minhas notas finais foram as seguintes: Português (6,7) – Antônio Gondim; Latim (7,1) – Remígio Fernandez (“Corujão”) e Frota Lima; Francês (4,2) – Yolande Chaves; Matemática (7,3) – Luiz Gonzaga Baganha; Ciências Naturais (6,3): Henry Checrala Kayath; História do Brasil (6,4) – Anunciada Chaves; Geografia do Brasil (6,9) – Aloysio Chaves; Desenho (9,8) – Omir Alves; Canto Orfeônico (7,8) – Vela Alves. Média Geral: 7. Tivemos, também, aulas de Educação Física com o professor Virgílio.

Nesse ano de 1950, há alguns fatos que ficaram gravados em minha memória. Em agosto, houve a morte do professor Remígio Fernandez, cujo enterro foi acompanhado por vários de seus amigos e alunos, inclusive eu próprio. Aliás, esse professor tinha uma maneira inusitada de avaliar seus estudantes. Com efeito, por ocasião da prova oral que ele realizava mensalmente, ele pegava a caderneta de presença e de avaliação da turma, escolhia um nome e perguntava: – “Seu fulano, decline a palavra rosa”. Como o estudante demorava em responder, ele dizia: – “Vou zerar, vou zerar”. Depois de esperar alguns segundos e como o aluno permanecia mudo, sentenciava:- “Zero para o senhor e zero para seus outros quatro colegas que o estão rodeando, pois também não sabem declinar essa palavra, uma vez que, se soubessem, já tinham soprado para o senhor”. Registre-se que a nota final de seus alunos decorria, basicamente e sem interferência desses “zeros”, das provas oficiais, realizadas com a presença do Inspetor Federal, conforme já fiz referência. Registre-se ainda que o professor Remígio foi substituído pelo professor Frota Lima.

No decorrer do segundo semestre de 1950, houve a acirrada campanha eleitoral para o Governo do Estado. Os dois principais candidatos eram o General Barata (Joaquim Cardoso de Magalhães Barata), do Partido Social Democrático (PSD), e o Marechal Assunção (Alexandre Zacarias de Assunção), da Coligação Democrática. Pois bem, durante essa campanha, os inimigos do General Barata diziam que ele estava muito doente. Assim, em um de seus comícios, ele afirmou que “sua saúde estava muito boa, além do Souza”[12] Pois bem, em um belo dia eu entrei em minha sala de aula e disse aos meus colegas que “minha saúde estava além do Souza”. Isso foi o suficiente para que a Dona Joana (Joana da Costa Rego Corrêa), inspetora de sala e “baratista”, me advertisse para que eu parasse com aquela “gozação”, pois, em caso contrário, seria levado ao Diretor, professor Moreira (Antônio Gomes Moreira Júnior), que também era “baratista”.[13]

Um outro fato marcante dessa minha turma de 1950 foi o seguinte. Em algumas aulas de História do Brasil da professora Anunciada Chaves, ela falou sobre a Guerra dos Farrapos, que aconteceu no Rio Grande do Sul. Pois bem, tínhamos um colega (cujo nome, infelizmente, não me recordo) que trajava uma farda com alguns remendos. Em vista disso, ele se intitulava um “General Farrapo”, e, como tal, desfilava na sala em que tínhamos aulas, uma sala comprida que dava para a Rua João Diogo, e próximo da fachada principal do prédio do CEPC.

Na conclusão destas lembranças do final de meu Curso Ginasial, quero registrar que eu e alguns colegas [dos quais recordo-me do Aderson dos Santos Cardoso (oficial da Aeronáutica), do Ernani Guilherme Fernandes da Motta (médico, ex-Secretário de Saúde do Estado do Pará e ex-Secretário Geral do Ministério da Saúde), do Gerson dos Santos Peres (professor, político e Secretário Especial de Promoção Social do Estado do Pará), e do Dário Alfredo Pinheiro (economista e ex-Presidente da ex-TELEPARÁ)], estudávamos, de noite, no porão da casa de nosso outro colega, o Edílson de Paiva Soares (“Ceariba”) que morava com os tios, Geraldo e Lourdes, na Rua Gentil Bittencourt, entre a Avenida Generalíssimo Deodoro e a Travessa Quintino Bocaiúva. Para amenizar a semana de estudos, aos sábados, jogávamos “botão”, com outros amigos dele, inclusive meu irmão Mário. Pois bem, o jogo começava meio-dia e ia até seis da tarde. No entanto, em 1949, voltou o “Horário de Verão”, que havia sido instituído no Brasil, em 1931, segundo o qual os relógios eram adiantados de uma hora em todo o território brasileiro. Assim, chegávamos na casa dele ao “meio-dia novo”, porém, onze horas antigas. Como, no Norte, nunca ligamos para esse “Horário”, por não ter sentido (felizmente, o Pará está livre dele desde 1988), o “Ceariba” reclamava que estávamos chegando muito cedo e que os tios ainda nem tinham almoçado. Apesar dessa advertência, o jogo começava impreterivelmente ao meio-dia novo!

Registro que também estudei na casa de dois outros colegas, Eudes Romeiro Prado (falecido) e Danilo Tabosa, que moravam na Avenida 16 de novembro, próximo do Largo do Redondo. Era uma casa grande, com um enorme quintal frutífero e que terminava na Travessa São Francisco. Lembro-me bem de que, enquanto estudávamos ou jogávamos “botão”, saboreei muita manga maçã, com pedaços cortados com um pequeno canivete.

A3. Curso Científico: CEPC

Para ajudar no orçamento familiar de minha casa, em fevereiro de 1951 eu comecei a trabalhar, como contínuo, na Casa Concórdia, de propriedade de Carlos Valério dos Santos, que se localizava na Avenida Conselheiro João Alfredo, esquina da Rua Padre Eutíquio.[14] Em vista disso, iniciei o Curso Científico Noturno no CEPC.[15]

No Primeiro Ano desse Curso, iniciado em março de 1951, tive colegas novos, dentre os quais lembro-me de Evandro Diniz Soares (advogado), Joelzio Bahia (químico industrial), Manoel Astrogildo Pinto Cota (engenheiro), Benedito Calandrini (“Bebeca”), que havia sido meu colega no Curso Primário, conforme já registrei, e José Dias de Souza Neto, o “Zé Boião”, então funcionário da Auditória Militar de Belém. Além desses, faziam parte dessa turma, meus colegas do Ginasial: Leoni Freitas de Matos (médico), e os saudosos José Emílio Pereira da Silva (“Mister JEPS”) e Nelson Nicácio da Silva. Além disso, esses colegas (com exceção de Evandro, Joelzio e Cota) faziam parte de meu grupo de estudos. Estudávamos na pensão [de propriedade da mãe do estimado amigo Durval Pinheiro (engenheiro de fundações) que estudava em uma outra turma] onde morava o Dias, no final da rua Padre Prudêncio, próximo da antiga Faculdade de Direito, onde hoje é a sede da Ordem dos Advogados, Seção do Pará (OAB-PA). Recordo-me que o companheiro de quarto do Dias era o saudoso Raimundo Jinkings, que, mais tarde, se tornaria um dos líderes do Partido Comunista Brasileiro (PCB), em Belém. Creio ser oportuno registrar que, quando deixei de trabalhar na Casa Concórdia, em junho de 1951, por não conseguir estudar e trabalhar ao mesmo tempo,[16] era o Dias que conseguia o “atestado de trabalho” para que eu pudesse me matricular nas demais séries do Científico Noturno. Esses atestados eram fornecidos pela Casa Santos, uma casa comercial que se localizava na Travessa Quintino Bocaiúva esquina com a Avenida Braz de Aguiar, cujo proprietário era amigo dos pais da então noiva do Dias que morava na Braz de Aguiar, em uma casa limítrofe com essa casa de comércio.

Assim, iniciei o Curso Científico na Terceira Turma (1a-3a) e meus professores e notas finais foram as seguintes: Literatura Portuguesa (7,1) – Francisco Paulo do Nascimento Mendes (“Ratinho”); Literatura Francesa (6,6) – Américo Bringel Guerra; Literatura Inglesa (5,6) – Hugh Moresby Kirby; Espanhol (6.8) – Helena Montero Valdez; Matemática (6.9) – Alírio; Física (7.6) – José Maria Hesketh Conduru; Química (6.8) – Benedito Cavaleiro de Macedo Klautau; História Geral (7,4) – Júlio de Alencar; Geografia Geral (8,2) – José Apolinário Costa; Desenho (6,6) – João Pinheiro dos Prazeres. Média Geral: 7.

Dessa Turma de 1951, registro alguns fatos inusitados e hilariantes. A sala em que tínhamos aula era a última da parte final do prédio do Colégio. Ela ficava em cima do Laboratório de Ciências Naturais e dava para a Quadra de Basquete. Além disso, existia uma parede de madeira que separava nossa sala de uma outra. Em um certo dia, enquanto esperávamos a aula da professora Valdez, eu e o colega Jair, mais velho do que eu, estávamos brincando de jogar o pano que apagava o quadro negro. Para me desvencilhar desse “projétil”, corri para a sala vizinha. Nessa ocasião, a professora Valdez entrou na sala e recebeu, no rosto, esse “projétil”. Só vi uma nuvem branca, de pó de giz, envolvendo a cabeça dela. Pedimos muitas desculpas para ela, e sentamos para ouvir sua aula de espanhol, no livro do Idel Becker. Anos mais tarde, meu saudoso amigo-irmão Mário Serra, um exímio jogador de xadrez e cinco vezes campeão paraense dessa modalidade esportiva, me falou que esse professor havia também escrito um livro sobre os grandes jogos de xadrez.

Aliás, foi esse meu tipo “moleque” que fez o saudoso colega Amílcar Alves Tupiassu, ao ouvir e não gostar de uma brincadeira que tirei com ele, correr atrás de mim e rasgar minha camisa branca de “Jersey”, da marca Valisére, que eu havia ganhado de presente no ano anterior, ao completar quinze anos.[17]

De outra feita, o Jair quase cortou a cabeça de um soldado que estava dando guarda no Quartel General. Ele estava treinando lançamento de disco para participar dos famosos Jogos Secundaristas, uma competição tipo Olimpíada, que acontecia entre os Colégios Secundários de Belém. Pois bem, o Jair, um pouco desequilibrado por haver ingerido alguns goles de bebidas alcoólicas, na frente do Colégio e com o disco na mão direita, disse-me: “Bassalo, vai buscar esse disco lá na Padre Eutíquio”. No entanto, em vez de ele arremessar o disco na direção paralela da fachada daquele Quartel, aproveitando o então descampado da Praça da Bandeira (essa praça era e ainda é limitada pela rua Padre Eutíquio e a fachada do CEPC, porém não é mais descampada), desequilibrou-se e arremessou o disco na direção do Quartel. O soldado só viu um vento forte passar por ele e colidir com a parede próxima em que se encontrava. Felizmente era noite e, por isso, não viu o perigo que correu e nem quem o tinha patrocinado. Não me lembro se fui buscar o disco ou se corremos para dentro do prédio do Colégio. Também não me recordo se o Jair ganhou essa competição de “lançamento de disco” por ocasião dos Jogos Secundaristas de 1951.

Ainda sobre esses Jogos, registro um episódio pitoresco narrado pelo Evandro [hoje aposentado como advogado do Banco da Amazônia S. A. (BASA) e como professor da Universidade Federal do Pará (UFPA)]. Jogavam na quadra do Quartel General, acima referido, uma partida de voleibol, as equipes do CEPC e do Colégio Moderno. Como o CEPC era próximo dessa quadra, sua torcida era muito maior que a do Moderno. Então, a turma gritava e xingava: xinga aracaxinga, xa, xa, xa. Xinga aracaxinga, xa, xa, xa, CEPC, CEPC, CEPC, – 21, 22, 23, MODERNO, MODERNO, MODERNO. Então a massa cantava, enchendo a quadra de vozes: “Oh! Moderno, se eu fosse como tu, deixava de jogar pra meter o dedo no Oh! Moderno … etc.” As provocações aumentavam, com as torcidas se jogando tudo que lhes vinha às mãos. A “guerra” estava chegando aos extremos quando o Comandante daquele Quartel resolveu evacuar as torcidas para a Praça da Bandeira, ficando na quadra somente as equipes disputantes. Porém, na Praça, longe da disputa, a “batalha” das torcidas perdeu a graça.

Foi ainda em 1951 que tive minha primeira e única experiência frustrada de “cola”. Aconteceu em uma das provas com o professor Kirby. Quando me preparava para “colar”, ele apareceu por trás e retirou o “lembrete proibido”. Felizmente ele não me puniu com nota zero, que eu merecia, e permitiu que eu continuasse a realizar a prova. Não me recordo da nota que tirei.

Por falar no professor Kirby, o Evandro lembrou-me que esse professor, por saber pouco da língua portuguesa, levava um caderno velho e mandava uma de nossas colegas, geralmente a Janete Cardoso, transcrevê-lo no quadro para que nós copiássemos. Quando algum aluno reclamava que ele deveria explicar a aula, ele dizia meia dúzia de palavras na sua língua materna, que ninguém entendia, e pronto: a aula estava dada. Como ele ensinava Literatura Inglesa, as provas eram geralmente sobre a biografia de escritores ingleses. Assim, nós, alunos, decorávamos as datas de nascimento e morte de cada um deles, bem como alguns de seus trabalhos. Invariavelmente, começávamos cada biografia do seguinte modo. Por exemplo: William Shakespeare was born at April 26, 1564 and died at April 23, 1616. His works are ….. . Foi numa dessas provas, por não saber muito sobre o escritor inglês que havia sido sorteado para dissertarmos, que aconteceu a minha tentativa de “cola” narrada anteriormente.

Sobre nossos professores, Evandro lembra ainda o que aconteceu com o colega Cota [Diretor do ex-Departamento de Portos e Vias Navegáveis (DNPVN), entre 1965 e 1966]. Para evitar a grande quantidade de provas escritas para corrigir, os professores preferiam fazer exames orais. O professor Apolinário, por exemplo, usava esse critério. Ele fazia sempre três perguntas: as duas primeiras valiam três pontos e a terceira, quatro. Ele chamou o Astrogildo, que era excelente aluno de física, matemática e desenho, e fez a primeira pergunta de Geografia. Ao ficar calado, Apolinário disse-lhe: “Estás em zero”. Feita a segunda pergunta e como o Astrogildo permanecia calado, Apolinário comentou: “Astrogildo, continuas em zero”. Como não respondeu também a terceira pergunta, Apolinário concluiu: “Astrogildo, não sabes nada: ZERO!”.

Um outro fato interessante e ainda ocorrido nesse ano de 1951, foi o seguinte. Nós nos correspondíamos com as colegas, que não conhecíamos, da turma da manhã, que usavam a nossa sala. Deixávamos bilhetes em nossas carteiras. Para não haver identificação, nós usávamos pseudônimos. Por exemplo, o meu era “Olassab” ou “Rimeda” (Ademir, ao contrário, para homenagear o grande jogador Ademir Menezes, que jogava no clube carioca, meu querido Vasco da Gama), os mesmos que eu usava como “charadista”.[18] Pois bem, essa prática epistolar foi interrompida quando um colega nosso, o Luiz Pereira de Moraes, recebeu uma resposta atrevida, certamente escrita por um aluno que leu o bilhete dele antes da aluna que se correspondia com o Luiz. Em resposta a esse atrevimento, ele então mandou o bilhete final dizendo que o suposto autor era “um homem sem h e com o o bem frouxo”.

Foi também em 1951 que tive a “paixão platônica” da juventude por artistas de cinema. Por exemplo, por causa da presença da atriz Debra Paget, uma linda morena, no filme Ave do Paraíso (“Bird of Paradise”, de 1951), estrelado ainda por Jeff Chandler e Louis Jordan, vi esse filme várias vezes, em cinemas diferentes de Belém. Lembro-me de dois deles, não mais existentes: Cinema “Popular”, localizado onde hoje é o Jardim Independência, na então Avenida Independência (hoje Avenida Magalhães Barata), e o Cinema “Guarany”, na Cidade Velha, próximo do Largo São João. Nesse filme, a Debra Paget, que se apaixonara por Louis Jordan, um amigo universitário de seu irmão Jeff e que foi passar as férias em uma ilha do Pacífico Sul onde moravam esses irmãos, é obrigada a ser sacrificada para aplacar a ira do vulcão, que entrara em erupção. No ano anterior, em 1950, eu já havia tido uma “paixão cinéfila” pela bonita loura Virginia Mayo, que, com o Burt Lancaster, estrelaram o filme O Gavião e a Flecha (“The Flame and The Arrow”, de 1950).[19]

O Segundo Ano do Curso Científico foi iniciado em março de 1952, na Segunda Turma (2a-2a), e meus professores e notas finais foram as seguintes: Literatura Portuguesa (9,33) – Mendes; Literatura Francesa (7,35) – Guerra; Literatura Inglesa (4,96) – Robert Clyde Skeete; Matemática (8,95) – Alírio; Física (7,95) – José Maria Conduru; Química (8,62) – Klautau; História Natural (7,74) – Gisélia Câmara Leão; História Geral (8,37) – Júlio de Alencar; Geografia Geral (8,08) – Apolinário; Desenho (7,58) – Prazeres; Média Geral: 7.8.

Dessa turma de 1952, um dos fatos que me marcou foi o conforto que recebi de meu saudoso amigo, colega de turma e de estudo, José Emílio (que, aliás, era apaixonado por minha irmã-gêmea Maria), por ocasião da morte de minha avó paterna Teresa, ocorrida em 4 de novembro desse ano. Senti muito a morte dela porque eu era seu companheiro por ocasião em que ela, enquanto tinha visão, fazia as compras do cotidiano de casa. Lembro-me bastante, quando, nessas caminhadas, na década de 1940, ela me pedia para olhar para o céu e, ver, na formação das nuvens, alguma indicação para o “bicho” que daria naquele dia. Normalmente a roleta do “jogo do bicho” corria no final da tarde, para indicar o número, de 1 até 25, sorteado. A cada número era associado um bicho, em ordem alfabética. Por exemplo, o 1 era a águia, o 24, o veado e o 25, a vaca. Nesse “zôo”, não existia a zebra. O ganhador recebia 20 vezes o valor de sua aposta.

Nessa turma de 1952, tive vários colegas. Um deles, por exemplo, o Pedro Smith do Amaral, foi um excelente goleiro de meu “Clube do Remo”, e, como engenheiro civil, dirigiu, por muito tempo, o ex-Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, Secção do Pará.

Devo ainda registrar mais três fatos marcantes desse ano de 1952, ambos patrocinados pelo “Zé Boião”. O primeiro deles foi minha ida ao campo da “Tuna Luso Comercial” para ver o meu Clube “Vasco da Gama” jogar com o meu querido “Clube do Remo”. Esse time carioca trazia as maiores estrelas do futebol brasileiro, quiçá mundial, como Barbosa, Augusto, Ely, Danilo, Maneca, Friaça, Ademir, Jair e Chico, que haviam pertencido ao Time do Brasil que perdeu para o Uruguai a Copa do Mundo de 1950. Depois de golear a Tuna (6X0) e o Paissandu (9X3), o Vasco ganhou o Remo pelo “modesto” escore de 2X0 (Agradeço ao meu amigo Nazareno Maravilha da Silva, funcionário da UFPA e ex-jogador de futebol do Clube do Remo, por recordar esses escores). Destaco que não vi o jogo, e sim apenas a entrada do Vasco no gramado cruzmaltino. Como choveu muito nesse dia, e como eu estava na “geral”, descoberta e que ficava entre o muro que separava o campo da arquibancada coberta, eu tive medo de me molhar e ficar doente. Aliás esse medo de adoecer, que será tratado em artigo especial, me acompanha até hoje. Fiquei resguardado embaixo da arquibancada, ouvindo apenas o delírio da torcida do Paissandu pelos gols sofridos pelo Remo.

O segundo fato refere-se a nossa (minha e de alguns colegas que estudavam com o “Zé Boião”) primeira experiência sexual. Aconteceu na “zona do meretrício” de Belém, na Rua Padre Prudêncio. É oportuno destacar que, anos depois, quando eu estudava em São Paulo, em 1968, encontrei o “Zé Boião” em um ônibus que vinha do bairro operário de Osasco. Ele havia se transferido para essa cidade para continuar trabalhando na Auditória Militar. Como era na época da Ditadura Militar, e considerando minha situação de “subversivo”, pois morava no CRUSP, o Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo, nossa conversa foi extremamente seca. Depois disso, nunca mais o vi. Devo registrar que, quando fui professor do CEPC, patrocinei a primeira experiência sexual de alguns de meus alunos em uma Pensão que se localizava nos altos de um prédio situado na Travessa Leão XIII, esquina da Rua Gaspar Viana.

O terceiro fato marcante da nossa turma de estudo com o Dias refere-se à falta de higiene com que os padeiros faziam o pão da padaria próximo da sua moradia. Quando finalizávamos nosso estudo, cerca de cinco horas da manhã, íamos comer pão nessa padaria (na esquina das ruas Padre Prudêncio e Carlos Gomes), pago pelo Dias. Como fazíamos isso habitualmente, já tínhamos liberdade de ir ao local onde os padeiros, sem camisas, preparavam a massa para levar ao forno. Um certo dia, conforme o “Bebeca” me lembrou, um dos padeiros estava malandrando o serviço. Um outro, não aceitando essa malandragem, parou de moldar a massa do pão, colocou as mãos nas axilas, molhadas de suor, e disse: – “Fulano, assim não dá. Só eu que trabalho?”. Retirou as mãos sujas de suor, e voltou a preparar os pães. Certamente, dias depois, comemos alguns desses pães com um pouco mais de sal.

O Terceiro Ano do Curso Científico foi iniciado em março de 1953, na Segunda Turma (3a-2a), e meus professores e notas finais foram as seguintes: Literatura Portuguesa (7,68) – Mendes; Matemática (9,74) – Renato Conduru; Física (9,05) – José Maria Conduru; Química (5,86) – Kayath; História Natural (8,1) – Gisélia; História do Brasil (7,06) – Benedito José Viana da Costa Nunes; Geografia do Brasil (9,04) – Apolinário; Filosofia (6,11) – Raimundo Avertano Barreto da Rocha; Desenho (9,63) – Renato Cristo Mendes Leite; Média Geral: 8,03.

Das aulas que recebi desses meus professores, registrei na memória algumas situações hilariantes e marcantes. Por exemplo, o professor Avertano realizava as composições mensais por intermédio de intervenções orais. Um de meus colegas, cujo nome não lembro mais, nos dois primeiros meses do ano, dissertou sobre o filósofo grego Sócrates, destacando o fato de que, na véspera de sua morte (ele foi condenado à morte por corromper a juventude), ele pediu ao “pai celestial” que saldasse sua dívida, um galo, com Esculápio [Agradeço ao meu amigo, o filósofo José Édison Ferreira (professor da UFPA), por haver-me detalhado essa história]. A partir do terceiro mês, quando o professor Avertano lhe chamava para fazer a sua composição mensal, ele se levantava e gesticulava com os braços, imitando o canto do galo. O professor Avertano, como um verdadeiro filósofo, dizia: “Já sei, o senhor vai falar de Sócrates. Pode começar”.

Por outro lado, para evitar que o aluno o enganasse por ocasião da prova oral final, tirando um ponto (bolinha de madeira colocada dentro de uma cumbuca também de madeira, conforme referi acima) e dizendo outro, o professor Avertano mandava que cada aluno, depois de tirar o ponto, depositasse-o em seu chapéu. Desse modo, não havia maneira de o aluno trapacear.

Ainda em relação aos meus professores de 1953, quero registrar dois fatos que foram importantes para a minha formação. Com o saudoso Renato Conduru aprendi a calcular derivadas e integrais, bem como saber quais os critérios que indicam a convergência das séries. Do outro saudoso Renato, o Cristo Leite, aprendi Desenho Geométrico e mais ainda, como fazer um desenho impecável, com traços de lápis precisos e com as letras que completavam esses traços, também precisamente desenhadas. Foi essa postura que me fez passar no Vestibular da Escola de Engenharia do Pará (EEP), no ano seguinte, conforme registrarei mais adiante.

Por fim, gostaria de registrar um fato incomum acontecido com essa turma de 1953, da qual faziam parte, além dos já citados (“Bebeca”, “Zé Boião”, “Mr. JEPS” e Evandro Soares), os seguintes colegas: Aderson dos Santos Cardoso, Adriano Marçal Nogueira, Américo Monteiro (Desembargador aposentado do Ministério Público do Estado do Pará), os irmãos Mendonça de Morais: Aramís (médico) e Athos Emanoel (engenheiro civil), Antonio da Silva Medeiros (Promotor aposentado do Ministério Público do Estado do Pará), Augusto Gomes Nogueira (médico), Benjamin Marques da Silva, Dário Valadares Martins (ex-funcionário do Banco do Brasil), Eldonor de Almeida Pimentel (químico e professor da Universidade de Brasília – UnB), Ernani Motta, Gerson Peres, Haelmo José Hass Gonçalves (advogado, ex-funcionário do Banco do Brasil e Membro da Academia Paraense de Escritores), Hugo Rodrigues Pereira Bahia (engenheiro civil), João Batista Müller Valle Guimarães (engenheiro civil e dono de um Curso Vestibular, no qual ensinei e tive como aluno o saudoso Guilherme Maurício Souza Marcos de La Penha), Luiz Pereira de Moraes, Maricoeli Freitas Centeno (farmacêutica e, em cuja casa, ao lado da antiga Farmácia Belém, algumas vezes estudei com ela e alguns colegas), Manoel Lopes da Silva (engenheiro civil), Mário José de Oliveira Peixoto e Ruy Monteiro Diniz (economistas, fundadores da Empresa PALMAZON), Luiz Moraes, Mario Belo Bandeira, Maurício Felipe Coutinho (engenheiro civil), Nelson Silvestre Rodrigues Amorim (magistrado aposentado), Newton Brito, Raymundo Nonato Monteiro (engenheiro civil), Oscar Brock, Pedro Armando Barrau da Motta, Shalimar de Almeida Contente, Sílvio Samuel Moreira Aflalo (engenheiro civil e ex-Diretor do DMER),Theodózio Nogueira da Silva (engenheiro civil), Therezinha Cardoso Dias, e os saudosos Leonel Antonio da Rocha Teixeira e Wilson Constantino de Araújo Ferreira (engenheiros civis), Nelson Nicácio da Silva e Pedro Miranda do Nascimento (odontólogo). O fato incomum referido relaciona-se à transferência da maior parte dessa turma para o Colégio Nossa Senhora do Carmo, quase no final do ano letivo. A razão dessa transferência foi o impasse que aconteceu com a disciplina Física, ministrada pelo “velho Conduru”, como chamávamos o professor José Maria Hesketh Conduru. Como havia a possibilidade de uma reprovação em massa nessa disciplina,[20] e como alguns desses colegas iriam fazer Vestibular para Direito, que não contemplava essa disciplina nesse exame, resolveram, então, junto com a maioria da turma, realizar aquela transferência. Ficaram apenas as mulheres (o Carmo era um Colégio estritamente masculino) e quatro homens: eu, Dário, Evandro e Sílvio, pois não tínhamos posse para pagar a mensalidade desse Colégio privado, além de que não tínhamos dificuldades em estudar aquela disciplina.[21]

A4. Curso de Graduação: Escola de Engenharia do Pará (EEP)

No livro CF6 referido anteriormente, há um artigo em que descrevo a minha passagem pela EEP, na qual entrei em 1954 e me formei em Engenharia Civil, em 1958. Nesta oportunidade, vou relatar outros fatos não mencionados naquele artigo e que se relacionam com a minha saga nesses 50 anos de Magistério.

Assim, inicio com a minha preparação para realizar o Vestibular da EEP. Nessa preparação, há quatro fatos relevantes que devo mencionar. O primeiro deles refere-se ao estudo preparatório que fiz com os saudosos professores Efraim Bentes (Física e Matemática) e Guilherme Dias Atayde (Desenho Geométrico), e Milton José Pinheiro Monte (Desenho Projetivo). Esses professores possuíam um Curso de Vestibular, que funcionava no CEPC, no qual estudei graças à generosidade que eles me fizeram com uma Bolsa de Estudos.[22] Creio ser oportuno dizer que as aulas de Física do Professor Efraim, principalmente de Óptica (estudo de espelhos e de lentes) e de Eletromagnetismo (estudo de circuitos elétricos), me encantavam, pois, além de usar fórmulas matemáticas, tínhamos de fazer desenhos, para o entendimento do conteúdo e para a solução dos problemas estudados e propostos.[23]

O segundo fato relaciona-se com o meu interesse pela História da Física e da Matemática. Quando iniciei aquela preparação, na minha casa e na casa de meu colega do Curso Ginasial, o já mencionado José Maria Pinheiro de Souza, entre final de 1953 e fevereiro de 1954, fascinou-me saber que a fórmula de resolução das equações algébricas de segundo grau chamava-se fórmula de Bhaskara, segundo alertou-me meu colega do Terceiro Científico do CEPC, o Adriano Marçal Nogueira. Também em meu preparo para o Vestibular constatei, estudando Geometria, provavelmente no livro do brasileiro Jácomo Stávale, que havia nomes de outros matemáticos, além de Pitágoras e de Tales, que também contribuíram para a Geometria, como o francês François Viète. Talvez esteja aí a gênese daquele meu interesse, quando, no início da década de 1970, ministrei o primeiro Curso de Desenvolvimento da Física, no Departamento de Física da UFPA. Nesse Curso eu preparei apostilhas que foram a base de meus livros sobre a História da Física.[24]

O terceiro fato importante naquela preparação diz respeito à sorte que tive ao fazer parte do grupo de colegas que estudava na casa do Pinheiro, como eu o chamava e ainda o chamo, situada na rua Veiga Cabral, próximo da travessa São Francisco. Apesar de ele haver sido meu colega apenas no Curso Ginasial do CEPC, já que ele fez o Curso Científico diurno e eu, o noturno, sempre nos encontrávamos para trocar idéias sobre as aulas que recebíamos. Como ele também ia fazer Engenharia Civil, foi fácil reunir colegas para estudarmos juntos, o que fizemos durante todo o Curso de Engenharia Civil. Vejamos qual foi a minha sorte.

Como o Pinheiro falava, escrevia e entendia bem o inglês, estudávamos matemática no livro New Analytical Geometry, de Smith and Gale.[25] Pois bem, na véspera da prova de Desenho, Pinheiro e eu deparamos com um problema interessante desse livro, qual seja, como traçar uma tangente a uma elipse, a partir de um ponto fora da elipse. Depois que entendemos a solução desse problema, fomos à casa do saudoso Wilson Ferreira, na travessa Campos Sales, próximo da rua O´ de Almeida, que era nosso colega de estudo, para falar com ele sobre o problema. Quando sentamos para fazer a prova de Desenho no dia seguinte, uma das três questões era exatamente aquele problema.

O quarto fato desse meu estudo preparatório ao ingresso na EEP, diz respeito à emulação que havia entre nosso grupo de estudos – denominado por nós de Arcádia Ulissoponense – e a do nosso futuro colega José Ruy Moussallem Pantoja Pimentel, que morava na travessa Quintino Bocaiúva. Uma vez por semana, íamos discutir sobre o que havíamos estudado para o vestibular. Nesse encontro, aprendíamos e ensinávamos.[26] O nome Arcádia foi dado para homenagear um grupo de literatos brasileiros que se reuniam para discutir Literatura. Havíamos aprendido isso nas aulas do saudoso e querido amigo, professor Paulo Mendes.

Antes de prosseguir, é necessário dizer como era o Vestibular da EEP, nessa época. Ele constava de quatro disciplinas: Desenho, Matemática, Física e Química. Enquanto a prova de Desenho era única e eliminatória, com a nota mínima quatro (para um máximo de dez), as três provas restantes eram compostas de duas etapas: escrita e oral. Cada uma dessas provas era avaliada por uma Banca Examinadora constituída de três professores. Na prova de Desenho, a questão do traçado da tangente a uma elipse referida acima era a mais difícil das três. Ora, como havíamos estudado antes esse traçado e considerando o preparo que tive com os meus professores Renato Cristo Mendes Leite (no CEPC), Atayde e Monte na feitura de uma prova impecável de Desenho, foi fácil tirar dez (10) nessa prova. Nas três restantes (Matemática, Física e Química), minhas notas respectivas foram seis (6), cinco (5) e seis (6). Das questões que respondi nas provas escrita e oral dessas disciplinas, lembro-me apenas da que errei na prova escrita de Física. Tratava-se de saber as velocidades de um barco que se movimentava em um rio, cuja correnteza era definida por uma dada velocidade, quando o barco subia ou descia esse rio, a favor ou contra essa correnteza. Era um problema trivial para quem sabia descrever o movimento de um corpo em um “referencial inercial galileano-newtoniano”. Obviamente não era o meu caso.

No Primeiro Ano (1954) do Curso de Engenharia Civil (CEC) na EEP, meus professores e respectivas notas finais foram as seguintes: Geometria Analítica e Noções de Nomografia (10): Renato Pinheiro Conduru; Cálculo Infinitesimal (8): Teivelino Guapindaia; Complementos de Geometria Descritiva, Elementos de Geometria Projetiva, Perspectiva e Aplicações Técnicas (9): Omir Correia Alves; Desenho à Mão Livre (7): Milton de Abreu e Souza; Geologia Econômica e Noções de Metalurgia (7): Cláudio Lins de Vasconcelos Chaves; Física (Primeira Cadeira) (7): Miguel Paulo Bitar. Registre-se que o mecanismo de aprovação nas disciplinas que compunham o Curso de Engenharia Civil já foi descrito no artigo referido anteriormente. Destaco apenas que sete (7) era a nota mínima para ser aprovado, por média.

Nesse Primeiro Ano, destaco outros fatos relevantes na minha vida acadêmica, não registrados no livro CF6. Um deles, por exemplo, foi o aumento de nosso grupo de estudos. Além do Pinheiro e do Wilson, passaram a pertencer a esse grupo os colegas Paulo Sérgio Coutinho de Oliveira, e os saudosos Laurindo Antônio Gonçalves de Amorim e Ivo de Seixas Bonna.

De maneira sistemática, nós estudávamos na casa do Pinheiro. Contudo, algumas vezes, estudávamos na casa de outros colegas (o saudoso João de Oliveira Ferradaes, Ivens Coimbra Brandão, Pedro Entreña Parra etc.) Em uma das vezes em que estudamos na casa do Pedro, que era filho do Cônsul da Colômbia, recordo-me que, em conversa com seu pai, ele nos disse o seguinte: “Para o bem da Amazônia, ela deveria ser incorporada aos Estados Unidos”. Era mais uma manifestação da “velha cobiça internacional” pela maior floresta tropical do planeta denunciada pelo saudoso historiador amazonense Arthur César Ferreira Reis (tive o privilégio de conhecê-lo e privar de sua amizade, na casa de meu saudoso sogro, o escritor Machado Coelho). Com relação ao Pedro, recordo-me ainda que ele me prometeu conhecer a Colômbia, caso eu o ajudasse a passar na disciplina do Renato. Ele passou, mas eu não conheci a sua terra natal. Registro que o Pedro era um excelente jogador de basquete e, em Belém, atuou no Paissandu.

Como sempre fui um brincalhão, recordo-me que, nas aulas de Desenho à Mão Livre, do professor Milton de Abreu e Souza, gostava de atazanar meus colegas da seguinte maneira. Essas aulas se iniciavam às duas horas da tarde, em uma sala ampla da EEP, que se situava acima do então Departamento Estadual de Águas (atual Companhia de Saneamento do Pará – COSANPA) e apelidada de “Maracanã”. O professor Milton chegava e colocava maquetes de casas, aparelhos, colunas gregas etc., para nós desenharmos, por cerca de quatro horas. Ele saía e voltava depois. Na metade do tempo e aproveitando a sua ausência, eu levantava e girava a maquete. Era um desespero, pois, com a rotação, cada um de nós (inclusive eu) perdia a “perspectiva” e o resultado final era desastroso. Certamente esse fato e a minha proverbial “inabilidade” para o desenho, resultaram na minha nota final mínima de aprovação nessa disciplina: 7.

Ainda em 1954, destaco alguns fatos que iniciaram as duas primeiras sagas de minha vida: Magistério e Engenharia. A primeira delas, que é objeto deste artigo, iniciou-se com a minha indicação para Professor de Matemática do Colégio “Abraham Levy”, feita pelo meu saudoso amigo Jofre Alves Lessa, colega no então SMER-Bl. Na segunda, a Engenharia, exerci duas especialidades: Rodoviária e Estrutural. Como elas serão tratadas em trabalho futuro, vou apenas destacar seus inícios, ocorridos também em 1954. O rodoviarismo entrou em minha vida quando comecei a trabalhar no SMER-Bl, por indicação de meu amigo-irmão e colega de juventude Loriwal Rei de Magalhães; o cálculo estrutural, cujas raízes atávicas eu já relatei, entrou na minha vida quando comecei a participar do Escritório de Engenharia do Amorim.[27]

No Segundo Ano (1955) do meu CEC na EEP, meus professores e respectivas notas finais foram as seguintes: Mecânica Precedida de Elementos de Cálculo Vetorial (10): Josué Justiniano Freire; Desenho Técnico (8): Camillo de Sá Porto de Oliveira; Física (Segunda Cadeira) (9): Djalma Montenegro Duarte; e Topografia (7): João Dias da Silva e Loriwal Rei de Magalhães. Este era ainda aluno da EEP, e monitorava o professor Dias da Silva.

Além das situações curiosas que aconteceram nesse ano de 1955 e já por mim narradas no livro citado acima, destaco que foi nesse ano, no dia 15 de dezembro, o início de meu Serviço Militar, no então Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR), que funcionava no Quartel do Exército Brasileiro, ao lado da Basílica de Nazaré. Em artigo próprio, narrarei a saga desse Serviço, contudo, ressalto apenas que a minha condição de aluno de engenharia foi-me bastante útil para fazer o Curso de Infantaria, principalmente nas disciplinas Maneabilidade e Armamento, relacionadas, respectivamente, com a “topografia do terreno de batalha” e com o cálculo das trajetórias dos obuses lançados por morteiros e canhões.[28]

Foi também em 1955 que iniciei minha carreira de Professor de Física, ainda no Colégio “Abraham Levy”. Como no caso do CPOR, aquela condição de aluno da EEP ajudou-me na preparação das aulas dessa disciplina, como destacarei adiante. Aliás, na preparação dessas aulas, conforme narrarei mais adiante, usei muito os livros em que estudava: Os quatro volumes do Sears e o livro de Mecânica Técnica, do Timoshenko, livros esses, aliás, comprados na Livraria Martins e com o livreiro Laurindo Garcia, em suaves prestações mensais. Uma delas, por exemplo, a da Livraria Martins, ainda está pendurada no espólio da família Martins.

No Terceiro Ano (1956) na EEP, meus professores e respectivas notas finais foram as seguintes: Mecânica Aplicada, Bombas e Motores Hidráulicos (8): Antônio Ferreira Celso e José Chaves Camacho; Resistência dos Materiais e Grafoestática (8): Ruy da Silveira Britto; Química Tecnológica e Analítica (7): Raimundo Felipe de Souza; e Geodesia Elementar e Astronomia de Campo (7): Raul Rodrigues Pereira.

Além dos “causos” acontecidos em 1956, narrados no livro referido acima, lembro-me de um outro, ocorrido na primeira prova que fizemos com o professor Celso. Como ele era uma pessoa extremamente bondosa e, considerando sua avançada idade, as questões formuladas por ele eram as de sua apostilha, apenas com os dados alterados. Nós, com a “irreverência e inconseqüência” características da juventude, começávamos a pedir, em coro, “queremos os mesmos dados”. Enquanto ele não mudava os dados, não parávamos de pedir. Vendo que o impasse não se resolvia, ele se levantava, se dirigia para o quadro negro, onde estavam redigidas as questões da prova, e dizia: “Seus malandros e filhos da …. , vocês não querem fazer nenhuma conta. Então, copiem a apostilha”. No segundo semestre, ele foi substituído pelo professor Camacho.

O professor Felipe de Souza era bastante conservador, nos costumes e na Ciência. Com efeito, no tratamento com seus alunos, ele chamava os homens de mancebos e as mulheres de donzelas. (Aliás, essa postura valeu-lhe o apelido de “Mancebo”, desde que ensinava no CEPC.) Na Ciência, ele não acreditava que o átomo houvesse sido rompido (apesar das Bombas Atômicas lançadas em Hiroshima e Nagasaki, em agosto de 1945), pois, em suas aulas, sempre afirmava, com os dedos indicador e polegar fechados e bem alto: “A Cátedra me permite afirmar que o átomo é uma esfera duríssima”.

Ainda em 1956, ressalto um fato importante para a minha saga de “calculista estrutural”. Com auxílio do professor Baganha, então engenheiro do SMER, no qual eu trabalhava como auxiliar de topógrafo e de desenhista,[29] fiz o “meu primeiro cálculo estrutural”, na casa de Saulo e Elvira Freitas, pais de meus amigos de juventude Aser e Eser, na Praça Batista Campos, na continuação da rua dos Mundurucus. Esse fato está registrado em artigo que escrevi por ocasião em que recebi o título de Destaque Científico, outorgado pelo Clube de Engenharia do Pará (CEP), em 1986, e reproduzido no Boletim da SBHC (Sociedade Brasileira de História da Ciência, da qual, aliás, sou sócio-fundador), de agosto de 1987.

No Quarto Ano (1957) na EEP, meus professores e respectivas notas finais foram as seguintes: Materiais de Construção, Tecnologia e Processos Gerais de Construção (7): Jarbas de Castro Pereira e Osmar Prata; Estradas de Ferro e de Rodagem (10): Luiz Gonzaga Baganha; Hidráulica Teórica e Aplicada (9): Ruy da Silveira Britto e Alírio César de Oliveira; Estabilidade das Construções (8): João Maria Lima Paes.

Nesse ano de 1957, é oportuno destacar alguns aspectos de minha formação de engenheiro civil e que foram importantes para a minha carreira de professor. Por exemplo, foi com o professor Alírio que tive oportunidade de aprender a trabalhar com derivadas parciais ao tratar das “equações de Euler”, fundamentais para o entendimento da Hidrodinâmica. Esse aprendizado foi importante para que eu pudesse iniciar meu magistério superior, em 1961, indicado por meu amigo-irmão Manoel Leite Carneiro, no então Núcleo de Física e Matemática da Universidade do Pará, lecionando a disciplina Física-Matemática. Também foi em 1957 que, ainda indicado pelo Manoel Leite, comecei a dar aulas de Física no CEPC. Os aspectos interessantes desse magistério descreverei mais adiante.

Ainda em 1957, destaco dois episódios interessantes de minha vida como futuro engenheiro civil. O primeiro deles relaciona-se com o meu contato direto com um dos maiores flagelos que marcam o subdesenvolvimento do Brasil, causado pela incompetência política de seus dirigentes: as enchentes. Vejamos como isso aconteceu. No final de março desse ano, houve uma grande enchente na cidade de Marabá que, na ocasião, tinha como prefeito o sr. Pedro Carneiro, pai do engenheiro civil, o falecido Armando Carneiro, e do acadêmico de Medicina, Oziel Carneiro (ex-Superintendente da Superintendência da Amazônia – SUDAM, ex-senador e, atualmente, empresário), então Presidente da União Acadêmica Paraense (UAP). Este solicitou de seu colega José Maria Barbosa (que, posteriormente, foi Secretário de Obras: Municipal e Estadual), presidente do Diretório Acadêmico de Engenharia (DAE), que preparasse o projeto de uma Nova Marabá. Loriwal (quintoanista) e eu (quartoanista) fomos designados para essa missão. Contudo, como éramos funcionários do então SMER, o José Maria solicitou nossa liberação ao Diretor Geral desse órgão rodoviário municipal, o engenheiro Heronides Gomes Moura.

Assim, no domingo, dia 6 de abril de 1957, seguimos para Marabá, em um DC-3 da companhia aérea Cruzeiro do Sul. Encontramos a cidade, inclusive o cemitério, literalmente no fundo, com apenas dois quarteirões enxutos. Em um deles, ficava o hotel onde nos hospedamos e, no outro, a sede da Prefeitura. Na segunda-feira, sob o comando do Loriwal, fizemos o levantamento topográfico da área destinada à nova cidade, uma parte alta da cidade onde também se localizava o Aeroporto. Apesar dos apelos de alguns moradores dessa rica cidade (com bastante ouro, conforme tivemos oportunidade de testemunhar, vendo uma grande pepita de ouro na mão de um garimpeiro, e castanha do Pará) para que não fizéssemos aquele levantamento, pois eles não queriam deixar o lugar onde viviam, completamos nosso serviço e voltamos para Belém. No SMER, Loriwal e eu preparamos o projeto da Nova Marabá, mais tarde construída e que, até hoje, lá se encontra, conforme Loriwal recentemente me informou.[30]

O outro aspecto marcante de minha vida naquele ano de 1957 foi o primeiro cálculo estrutural completo (laje, viga, pilar e sapata) que realizei para o Escritório de Engenharia do Amorim. Trata-se de um prédio, de dois andares, na rua Manoel Barata, entre as Travessas Padre Eutíquio e Sete de Setembro, onde se localizava a loja Cimóvel (hoje Restaurante Sinhá). Para esse cálculo, foi fundamental a ajuda do engenheiro Isaac Barcessat [Engenheiro do Ano (CEP)-1980], meu colega no SMER, que, em 1956, montara, com seu colega, o engenheiro Carlos Cunha, o Laboratório de Solos desse Órgão Rodoviário Municipal.[31]

No Quinto Ano (1958) na EEP, meus professores e respectivas notas finais foram as seguintes: Termodinâmica e Motores Térmicos (8): Otávio Bitencourt Pires; Organização Industrial, Contabilidade Pública e Industrial, Direito Administrativo e Legislação (8): Joaquim Pires Lima e Demócrito Noronha; Estatística, Economia Política e Finanças (9): Homero Cabral; Higiene Geral, Industrial e dos Edifícios, Saneamento e Traçado de Cidades (6): Lourival de Oliveira Bahia; Construção Civil e Arquitetura (8): Feliciano Seixas; Portos de Mar, Rios e Canais (7): Angenor Porto Pena de Carvalho; e Pontes, Grandes Estruturas Metálicas e em Concreto Armado (7): Hildelgardo Bentes Fortunato (7).

Além dos episódios desse ano de 1958, que registrei em meu livro CF6, já referido, quero destacar outros. Um deles tem a ver com a minha única nota seis (6) em meu currículo, abaixo da média, a nota (7). Aconteceu com o professor Bahia. Além de a disciplina ser bastante difícil, ele era um grande amigo do professor Hildelgardo. Ele, certamente, não aceitou a briga que tivemos com este professor, liderada pelo João Luís Barreiros de Araújo e com a minha participação. Lembro que o João, que fazia parte de nosso grupo de estudos, também tirou nota abaixo de sete. Para detalhes dessa briga, ver o livro citado acima.

Um segundo episódio sobre o ano de 1958 refere-se ao meu primeiro Estágio de Curso Superior efetuado fora de Belém. Em janeiro desse ano, depois de realizarmos um Curso Preparatório da disciplina Resistência dos Materiais, dada pelo então engenheiro José Ruben Ribeiro, eu e mais 13 colegas [alguns eram meus colegas de turma (Wilson, José Fernandes Dias da Silva e José Ivo) e os outros do terceiro ano (Luís Estanislau Freitas Leite e Raimundo Mácola de Miranda) e do quarto ano (Aglair Bogoevich Laje, José Angelino Priste Lobato, José da Silva Machado, Manoel Maia da Costa, Manoel Nestor Soares de Carvalho, Orlando Saliba, Wlademir da Silva Miranda, e o falecido Pedro Furtado Neto] fomos ao Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), realizar um Curso de Férias no Laboratório de Ensaios de Materiais, com o professor, Doutor em Engenharia, Otto Weinbaum e seu assistente, o engenheiro Asiel Bonfim.

Esses Cursos foram idealizados, em 1953, pelo saudoso e grande amigo Édison Burlamaqui Simões Bonna, irmão de meu colega do SMER e meu grande amigo Evandro Simões Bonna (falecido em 2009). Édison havia sido o primeiro paraense a concluir a primeira turma do ITA, em 1951, o Curso de Engenharia Aeronáutica, com a especialidade em Aeronaves. Foi nesse Curso que tivemos a oportunidade de realizar experiências de Ensaios de Materiais, nos quais determinamos, por exemplo, a taxa de ruptura do concreto e a “dureza Brinell” [inventada pelo engenheiro sueco Johan August Brinell (1849-1925), em 1900, para medir a resistência à penetração dos materiais] do aço. Tínhamos aulas teóricas e práticas. Esse Curso, iniciado no dia 14 e concluído no dia 25 de janeiro de 1958, foi muito importante para uma de minhas futuras especialidades em Engenharia Civil: a Engenharia Estrutural. A outra, como já afirmei, foi a Engenharia Rodoviária.

O ITA foi extremamente marcante em minha vida. Além do conhecimento específico que recebiem Engenharia Estrutural, tive oportunidade de ver e aprender outras coisas. No próprio ITA, conhecemos, no dia 23 de janeiro de 1958, o famoso “túnel de ventos”, para teste aerodinâmico de aeronaves, no qual ficamos espantados de ver uma grande balança com a sensibilidade de apenas 50 gramas, e o laboratório de semicondutores. Registro que, nessa época, eu não sabia nada dos semicondutores, que haviam sido descobertos, em 1948, pelos físicos norte-americanos William Bradford Shockley (1910-1989), John Bardeen (1908-1991) e Walter Houser Brattain (1902-1987), ganhadores do Prêmio Nobel de Física de 1957, justamente por essa descoberta.

Agora, gostaria de recordar outros aspectos da viagem em si. Ela foi paga pela antiga Superintendência do Plano de Valorização da Amazônia (SPVEA). Viajamos pela também antiga Paraense Transportes Aéreos (PTA). O avião era um “Curtis Comander”, com apenas dois motores nas asas. Em uma terça-feira, provavelmente no dia 7 de janeiro de 1958, levantamos vôo no Aeroporto de Val de Cães. Meia hora depois, o avião voltou, porque um dos motores estava com defeito. Lembro-me de ver a aeromoça, que era irmã de nosso colega do SMER, o engenheiro Ocyr Jesus de Moraes Proença, ao lado de meu assento, olhando preocupada pela janela do avião e vendo o movimento de ambulâncias e carros de bombeiro na pista, esperando a nossa descida. Felizmente pousamos e paramos fora da pista, perto do mato. Como o defeito era grave, só conseguimos viajar, no mesmo avião, no sábado, dia 11, dessa mesma semana. Depois de reabastecer em Brasília, o avião chegou no Rio de Janeiro, no final da tarde. Depois de desembarcarmos, soubemos que, nesse dia, havia caído um avião na baía de Guanabara.

Com as malas nas mãos, nosso grupo dirigiu-se para a Sede da União Nacional dos Estudantes (UNE), no aterro do Flamengo, pois o José Maria Barbosa, então Presidente do Diretório Acadêmico da EEP, havia solicitado que essa lendária entidade nos abrigasse, por poucos dias, já que logo viajaríamos para a cidade de São José dos Campos, onde ficava o ITA. Como houve uma certa dificuldade nessa negociação, pois a UNE queria nos alojar no Instituto Benjamin Constant, no bairro da Urca, resolvemos nos hospedar em um pequeno hotel, o “Novo Catete”, que ficava na Rua do Catete. Antes de viajarmos para o ITA, resolvemos conhecer um pouco da “Cidade Maravilhosa”. Nessa mesma noite, fomos dar uma volta na Praça Paris. Uma carioca, vendo um grupo de rapazes andando juntos, fez um comentário irônico sobre nós. No dia seguinte, eu e o Machado fomos ver o filme Lábios de Fogo, com a Rita Hayworth e Robert Mitchum, no Cinema “São Luiz”, situado no Largo do Machado.[32]

Estando no Rio de Janeiro e na condição de estudantes de engenharia, no dia 13 de janeiro de 1958 fizemos uma visita ao lendário Estádio do Maracanã, para apreciarmos aquela obra de arte da Engenharia Estrutural Brasileira, calculada pelo genial Antonio Alves de Noronha, em cujo livro sobre a Estabilidade das Construções, de sua autoria, eu havia estudado no ano anterior. É claro que, quando pisamos o seu gramado, foi impossível conter as lágrimas pela lembrança do “desastre” ocorrido no dia 16 de julho de 1950, quando perdemos a Copa do Mundo, na partida final com o Uruguai, pelo placar de 2 X 1.

Fomos para São José dos Campos em um ônibus da Viação “Cometa”, na noite daquele dia 13. Chegamos lá de madrugada. Depois de um certo atropelo, devido à hora de chegada e por haver o ônibus parado longe da entrada do ITA, fomos finalmente alojados em seu campus. Era um quarto destinado a dois estudantes, com um pequeno pátio nos fundos. Fazíamos as três refeições no “bandejão”, para onde íamos pegando um ônibus circular que passava pelos alojamentos. Íamos muito, também, aos Correios para mandar cartas para Belém. Eu, por exemplo, estava saudoso de minha namorada (hoje mulher) Célia e escrevia diariamente para ela. Nos finais de semana, visitávamos o centro da cidade de São José. Lá, vimos uma coisa interessante. Os homens ficavam nas calçadas, enquanto as mulheres passeavam no centro da rua principal, cujo tráfego era interrompido para esse “footing”. Certamente, muitos casais dessa cidade se conheceram e casaram em conseqüência dessa “paquera”.

Por fim, quero destacar outros aspectos dessa inesquecível viagem. Quando estávamos voltando para Belém, fomos inicialmente para São Paulo, na Viação “Pássaro Marrom”, e nos hospedamos em um pequeno hotel próximo da Avenida São João. Lá, na capital paulista, vimos dois filmes inesquecíveis, o antológico Assim Caminha a Humanidade, com Rock Hudson, Elisabeth Taylor e James Dean, no “Cinema Paysandu”, e Tarde Demais para Esquecer, estrelado por Cary Grant e Débora Kerr. Segundo registro do Machado, esse filme marcou a inauguração do “Cine Lido”, localizado naquela Avenida, e dotado da então técnica revolucionária do CinemaScope. Entramos em sua sala de projeção pisando um tapete vermelho, que afundava quando andávamos. A projeção do filme nesse cinema era sempre antecipada de música conduzida por uma orquestra de cerca de 50 componentes.

Estando em São Paulo pela primeira vez, aproveitamos para conhecer alguns pontos turísticos, como o famoso “Viaduto do Chá”. Neste, aconteceu uma coisa inusitada. Eu e o Ivo Bonna chamamos um táxi para irmos a uma certa rua, pois o Ivo iria fazer uma visita a um parente. Quando falamos o nome da rua para o motorista, ele nos disse: – “Vejo que vocês não são paulistas, pois estão na rua para onde vocês querem ir. Qual é o número?” Agradecemos a esse honesto motorista e fomos fazer a visita programada, já que estávamos bem perto da casa. Foi também em São Paulo que comi, e não gostei, “pizza” pela primeira vez. Registro que, quando morei em São Paulo, de março de 1968 a julho de 1969, passei a gostar dessa iguaria italiana.

Ainda dessa viagem fantástica que fizemos ao Rio e a São Paulo, além de tudo o que descrevi acima, acrescento que, como fumante que ainda era, juntamente com os demais colegas também fumantes, tivemos a curiosidade de experimentar muitas das marcas de cigarro que não conseguíamos fumar em Belém. Por exemplo, os fabricados pela famosa Fábrica “Castelões”, das marcas Cícero e Beverly, e o mentolado de nome Finesse, novidade para nós, fumantes nortistas.

Ao descrever uma parte de minha saga na EEP, creio ser oportuno dizer que foi durante o Curso de Engenharia Civil que realizei nessa Escola que aprendi a jogar sinuca, na “Casa Batista”, defronte à antiga sede da Prefeitura Municipal (hoje, o Museu Municipal), e no “Bar Internacional”, na Avenida Presidente Vargas, defronte do antigo prédio do Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Comerciários (IAPC). Como a ausência de alguns de nossos professores era frequente, aproveitávamos a “folga” para exercitar aquele jogo.

Essa ausência me fez, por diversas vezes, ficar sentado na batente da Capela do Senhor Bom Jesus dos Passos, denominada pelo povo de Capela dos Pombos, que ficava defronte da entrada da EEP, esperando, em vão, por alguns de nossos professores.[33] Também nessa batente, recordo-me da conversa que tínhamos com o professor Feliciano Seixas, antes de subirmos para assistir a suas aulas. Ele contava as dificuldades encontradas por ele na realização das construções. Por exemplo, ele dizia: “Meu filho, em uma construção, o pior que existe é a mulher do dono. Pois você passa de manhã pela obra e acerta com o Mestre de Obras os diversos serviços a realizar no decorrer do dia. De tarde, a mulher do dono passa por lá e altera tudo”.

Registre-se que a ausência de alguns professores que eram relapsos em suas aulas permitia que fôssemos irreverentes com estes por ocasião das provas que realizávamos com eles. Por exemplo, em uma delas, cheguei a escrever uma verdadeira idiotice, com muitas palavras, das quais recordo-me apenas das seguintes: “A disteridade dilemática do epocental climatérico no estouro pirotécnico das bombas acrobáticas, jamais poderá trepidar filosofando, metafisicamente falando”. O professor, em cuja prova escrevi essa baboseira, chegou a comentar que eu não havia entendido muito bem as aulas que dera. Tirei 8 nessa prova.

Em uma outra prova, na qual tivemos de descrever o uso de argamassas, escrevi que o nosso saudoso colega Ferradaes, que tomava conta das obras de engenharia na Casa do Universitário, na Avenida 16 de Novembro, tinha usado uma argamassa com o traço 1:1, ou seja, uma carrada de areia para um saco de cimento. Contudo, seguindo sugestão de nosso professor, quando ele pintou as paredes que haviam recebido essa argamassa, ele usou sabão nos pincéis para não retirar o excesso de areia da argamassa que utilizara. Também tirei 8 nessa prova.[34]

É oportuno finalizar a minha experiência na EEP dizendo que a presença de alguns professores sem capacidade para ministrar algumas disciplinas ensejou que os alunos da turma de 1954 da EEP, da qual faziam parte Evandro Bonna, Atayde, Barcessat e Heronides Moura, citados neste artigo, fizessem uma paródia musical para um professor que migrou de uma disciplina (“Materiais de Construção”) para uma outra (“Hidráulica”) por sugestão do professor desta.[35] Esse professor, apelidado de “Tijolo Burro” (tijolo maciço) por alunos de turmas anteriores à de 1954, teria afirmado, na ocasião em que ensinava a primeira disciplina, que: “Um tijolo é um paralelepípedo, formado de pedaços de outros tijolos, e que tinha seis buracos, três de um lado e três do outro, que se encontram no centro”. Omitindo o nome desse professor, eis a paródia: Olá seu Tijolo Burro/…………. / não diga que a gravidade ó jumento/ age de baixo para cima./ Segundo esse burro insípido/ um gás é um elemento/ de transição entre o sólido e o líquido/ ai meu Deus mas que jumento./ O metro cúbico é o litro/ mais uma burrada da lista/ das ditas pelo tijolo ….. ./ B de burro, B de …….. / és um grande vigarista.

Ao concluir esta minha saga na EEP, quero registrar os nomes dos colegas que, comigo, receberam o grau de Engenheiro Civil no dia 8 dezembro de 1958: Alberto Coutinho do Amaral, Athos Emmanuel Mendonça de Moraes, Carlos Mattos Serruya, Claúdio de Lima Reis (falecido), Dacyr Botelho dos Santos, Djalma de Sá Rocha, Fausi Said Sanjad, Heber Rodrigues Compasso, Heitor Castelo Branco Filho, Iracy de Oliveira Rodrigues (falecido), Ivens Coimbra Brandão, João de Oliveira Ferradaes (falecido), João Luís Barreiros de Araújo (falecido), José Fernandes Dias da Silva, José Ivo de Seixas Bonna (falecido), José Maria Pinheiro de Souza, José Ruy Moussallem Pantoja Pimentel, Laurindo Antônio Gonçalves de Amorim (falecido), Lúcia Daltro de Viveiros, Manoel Lopes da Silva, Mário Tereso Lopes, Omar Said Sanjad, Otávio Rodrigues da Costa (Orador), Paulo Sérgio Coutinho de Oliveira, Pedro Entreña Parra, Pedro Paulo Antônio Miléo, Raimundo Nonato da Costa Monteiro, Renato José Duarte Sidrim (falecido), Rodolfo Pereira Dourado Neto, Rodolpho Abel de Barros, Samir Said Sanjad, Walter Nunes Élleres da Silva (falecido), Walton Vieira Nóvoa, Wilson Constantino de Araújo Ferreira (falecido) e Yonildo Wladimir Tobias da Costa.

A5. Curso de Graduação: Universidade de Brasília (UnB)

Por indicação do professor Jayme Tiomno, cheguei ao Instituto Central de Física da Universidade de Brasília (ICFUnB) em março de 1965, para realizar o Bacharelado em Física, pois, como era formado em Engenharia Civil, precisava completar minha formação em Física. Para isso, cursei algumas disciplinas desse Bacharelado. Assim, no primeiro semestre desse ano, meus professores (e suas respectivas categorias) e as notas finais foram as seguintes: Eletrônica Básica I (MS): Dione Craveiro Pereira da Silva (Assistente); Variáveis Complexas (SS): Marco Antônio Raupp (Assistente); Eletromagnetismo I (SS): Jayme Tiomno (Professor Titular); Física Atômica I (SS): Roberto Aureliano Salmeron (Professor Titular). No segundo semestre: Eletrônica Básica II (MS): Dione; Eletromagnetismo II (SS): Tiomno; Matemática para Físicos (SS): Raupp; Física Atômica II (MS): Fernando de Souza Barros (Professor Assistente). Registre-se que esses conceitos têm o seguinte significado: MS – Médio Superior, equivalente ao conceito B (7-9); SS – Superior, equivalente ao conceito A (10).[36]

Minha passagem pela UnB já foi objeto de um artigo incluído em meu livro CF6, assim como em um artigo que escrevi sobre o professor Salmeron.[37] Contudo, gostaria de relatar neste artigo, no qual trato do meio centenário de minhas atividades de Magistério, outros aspectos dessa passagem e ainda não registrados, e que também contribuíram para essas atividades. De início, destaco o ambiente nacional e internacional da UnB no ano de 1965, relacionando os colegas que tive nas disciplinas e nos seminários dos quais participei, destacando a cidade brasileira, de alguns, e o país estrangeiro dos outros. Brasileiros: o potiguar Marcos Duarte Maia; o goiano Miguel Taube Netto (Assistente); o mineiro Miguel Armony; os cariocas Cássio Sigaud Filho, João Carlos dos Anjos, Jaime Warszawski, Renato Parreiras Horta Laclette, Sérgio Joffily, Mário Novello, Maria Helena Poppe de Figueiredo, José Carlos Valladão de Mattos e sua mulher (hoje, ex-mulher), Sônia Valladão de Mattos, Miriná Barbosa de Souza, Ramiro de Porto Alegre Muniz (Assistente) e Elisa Frota Pessôa (Professora Titular); os paulistas Antônio Rubens Britto de Castro e Luiz Augusto Discher de Sá; os gaúchos Carlos Carreta e Moacyr Henrique Gomes e Souza; os paranaenses José Medina e Walter Cordeiro Skroch (Instrutor); os cearenses Newton Theophilo de Oliveira e José Francisco Julião; os mineiros Carlos Alberto Ferreira Lima e Luís Tahuata (Instrutores); o amazonense Alberto Franco de Sá Santoro; e os paraenses Carlos Alberto da Silva Lima, Marcelo Otávio Caminha Gomes, Antônio Fernando dos Santos Penna, Luís Fernando da Silva, Antônio Gomes de Oliveira, Sérgio Guerreiro e Augusto José Dias. Estrangeiros: o nicaragüense Oscar Jimenez; o equatoriano Manoel Villavicencio Vivas; o boliviano Angel Pérez Saavedra; os argentinos Carlos Alberto Garcia Canal (Instrutor) e Suzana de Souza Barros (Professora Assistente); e os franceses Michel Paty (Professor Assistente-Visitante) e Georges Durupthy (Assistente-Visitante).

Neste artigo, portanto, vou conversar sobre duas outras situações de minha permanência na UnB, como aluno e as condições emocionais que me levaram a essa Universidade e seus desdobramentos. Como aluno, tive oportunidade de exercitar o que havia aprendido em Belém. Vejamos como. Em minha cidade natal, em 1962, eu havia realizado um Curso de Álgebra Linear com o saudoso mestre e amigo Ruy da Silveira Britto.[38] Em virtude dessa minha experiência nessa disciplina, cheguei a orientar seminários sobre ela para meus colegas Marcelo, Carlos Lima e José Carlos Valladão. De outra feita, como eu havia estudado o “efeito Zeeman” em meus auto-estudos em Belém, não tive dificuldade em responder a uma questão formulada para mim pelo meu colega Cássio, em um intervalo de uma aula de Eletromagnetismo do professor Tiomno, que havia tratado desse efeito nessa mesma aula. Ele queria saber a posição relativa entre o gás, cujo espectro era afetado pelo campo magnético, e este campo. Respondi-lhe: “O campo deve atravessar o gás”. Ele sorriu, e disse: “É isso mesmo”.

A minha vida como aluno da UnB foi bastante dura.[39] Além de resolver cerca de quarenta (40) exercícios por semana, das disciplinas que eu cursava, tinha, ainda, como Instrutor (juntamente com o Carlos Lima e o Miguel Armony) do professor Salmeron, das disciplinas Física I, II, de corrigir em torno de seiscentos (600) exercícios de seus quase duzentos (200) alunos. Essa vida dura, principalmente na solução de meus exercícios, levou-me à seguinte conversa com meu colega Sérgio Joffily: “É, Sérgio, quando se começa a errar a solução de um problema, não se acerta nunca”. Essa frase é sempre lembrada pelo Sérgio, nas várias vezes em que nos encontramos. Contudo, recentemente, ele me disse: “Bassalo, depois que li a autobiografia do Wheeler[40] (físico norte-americano John Archibald Wheeler), reformulo aquela sua célebre frase para a seguinte- ‘Errar logo, para acertar mais rápido’ ”. Creio ser oportuno dizer que foi o Miguel quem me ensinou ser a freqüência (), e não o comprimento de onda (), a responsável pela cor da radiação eletromagnética luminosa visível. Aliás, é ainda oportuno referir que o Miguel publicou, em 2002, um excelente livro (A Linha Justa, Editora Revan), sobre sua vida acadêmica e política (esta como militante do Partido Comunista Brasileiro), na famosa Faculdade Nacional de Filosofia, no Rio de Janeiro, nos anos 1962-1964.

Agora, descrevo os quatro episódios, apresentados na ordem cronológica e relacionados com a emoção de viver na “Universidade utópica interrompida” . O primeiro episódio refere-se à minha decisão de ir para a Universidade de Brasília. Quando resolvi ir para essa Universidade, em fevereiro de 1965, eu era um engenheiro com um certo prestígio em Belém, além de ser professor universitário. Como eu já contei no CF6 as condições em que ocorreu essa ida, quero apenas registrar o apoio que tive de meu pai quando comuniquei a ele e à minha mãe aquela decisão. Minha mãe disse que eu não precisava mais estudar, porque já era formado. Aí, então, meu pai disse o seguinte: – “Vá, pois o Aben-Athar (o famoso médico Jayme Aben-Athar, professor catedrático da então Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará) já é formado e estuda toda a noite”. Esse médico morava na Avenida Conselheiro Furtado, em um “bangalô” de dois pavimentos[41] que ficava defronte do término da Travessa São Pedro, onde morei quando solteiro. Meu pai, que era sapateiro-artesão, quando terminava de consertar os sapatos, por volta de uma hora da manhã, ia até o muro da frente de nossa casa e via sempre a luz acesa do quarto superior da casa desse médico e que dava para a rua. Lá está estudando o Doutor Aben-Athar, certamente pensava meu pai.

O segundo episódio ocorreu no dia 6 de setembro de 1965. Eu havia ido para a UnB para estudar Física, deixando minha profissão de engenheiro-rodoviário-calculista, e desejando ser um pesquisador nessa disciplina. Contudo, a crise nessa Universidade deixou-me atônito e sem rumo. E foi sem rumo que saí cedo na manhã daquele dia da República onde morávamos na Avenida W-2, nos altos da Padaria “Bambina”, e andei sem saber por onde, pensando na minha situação. De noite, ao regressar para casa, estava com uma dor de cabeça infernal e dores no estômago. Aí, então, fui socorrido por meu colega Novello,[42] hoje, um dos cosmólogos mais importantes do Brasil e do exterior. Ele saiu comigo, à procura de uma Farmácia, na Avenida W-3, para comprar remédio.[43] . Aliás, aproveito a oportunidade para registrar o grande fascínio que o Novello tem hoje pelas Relatividades Einstenianas ele já havia manifestado em 1965, quando, chegando na República, mostrou-me, com grande entusiasmo, o livro que acabara de adquirir, Principles of Modern Physics (McGraw-Hill, 1959), do físico norte-americano Robert B. Leighton, que trata daquelas Relatividades logo em seu Primeiro Capítulo.[44]

O terceiro episódio aconteceu por ocasião da Edição do Ato Institucional Número 2, no dia 27 de outubro de 1965, que dissolveu os partidos políticos. Estávamos reunidos em uma sala, eu e vários colegas, para ouvir pelo rádio a edição desse Ato. Ao término da fala do Presidente Castelo Branco, o Jimenez virou-se para mim e disse: – “Bassalo, la demócracia em su país rapa, non se fue, sino que murio”.

Por fim, o quarto episódio de minha frustrada “saga brasiliense” ocorreu na véspera de minha volta para Belém, no final de outubro de 1965. Fomos, eu e alguns colegas de nossa República, para a casa de nosso professor, o Raupp. A casa dele estava vazia, pois ele já havia despachado os móveis, utensílios e família de volta para a sua cidade natal, Porto Alegre. Como um verdadeiro gaúcho, ele nos servia vinho colocando o garrafão de cinco litros no ombro direito e derramava o líquido em nossos copos. O vinho que bebíamos era misturado com lágrimas, pela perda da “Universidade Utópica de Darcy Ribeiro”. Destaco ainda que, como a Universidade havia acabado por demissão voluntária de seus mais de duzentos professores, estes não tiveram nenhuma ajuda financeira para a transferência de residência. Assim, o Raupp teve de vender alguns de seus livros para realizar essa transferência. Lembro-me que comprei dois livros dele: o Electrodynamics (Academic Press, 1952), do Arnold Sommerfeld, e o famoso livro do Linus Pauling e E. B. Wilson: Introduction to Quantum Mechanics (Addison-Wesley).

A6. Curso de Pós-Graduação: Universidade de São Paulo (USP)

Como a minha decisão de estudar Física na UnB havia sido frustrada pelos militares, conforme narrei acima, tive uma segunda oportunidade de retomar aquela decisão, em 1968, e ainda por convite do professor Tiomno, que havia, em dezembro de 1967, conquistado a Cátedra de Física Superior, do então Departamento de Física da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (DF/FFCL/USP).

Depois de obter uma Bolsa de Estudos da CAPES-Fundação Ford, fui para a USP, em março de 1968. Fiquei alojado no Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo (CRUSP), Bloco F, apartamento 505, com o Marcelo Otávio Caminha Gomes (atual professor Titular da USP), que havia sido meu colega na UnB, e meu ex-aluno no CEPC.

Lembro-me de que, no primeiro domingo que estive na cidade de São Paulo, o professor Tiomno e sua mulher, professora Elisa Frota Pessoa, levou-nos (eu e Marcelo), para conhecer o Parque de Ibirapuera. Depois, fomos almoçar no apartamento deles, na Rua Maria Figueiredo, no bairro do Paraíso.[45] Aliás, quase sempre almoçávamos com eles, aos domingos, ocasião em que tivemos oportunidade de conhecer vários cientistas amigos do casal Tiomno.[46]

Minha formação pós-graduada no DF/FFCL/USP iniciou-se com uma entrevista com o saudoso professor Jorge André Swieca que, como professor-orientador, indicou-me quais as disciplinas que eu deveria cursar. Assim, no primeiro semestre de 1968, meus professores e minhas notas finais foram as seguintes: Mecânica Quântica I (C): Swieca, Rozy Nulman e Suely Aldrovandi; Eletrodinâmica Clássica I (B): Antônio Luciano Leite Videira e Marcelo Gomes. Rozy, Suely e Marcelo davam aulas de exercícios. Registro que os livros utilizados nesses dois cursos foram, respectivamente, Quantum Mechanics, de A. S. Davydov (Pergamon Press, 1968) e Classical Electrodynamics, de J. D. Jackson (John Wiley, 1962).

Além das duas disciplinas referidas acima, cursei ainda no primeiro semestre de 1968, como aluno-ouvinte, a disciplina Introdução à Mecânica Quântica, ministrada pelo professor Luís Carlos Gomes aos alunos do quarto ano de graduação. Minha inclusão nesse curso foi uma recomendação do professor Swieca, já que eu não havia estudado aquela disciplina na graduação da UnB. Creio ser oportuno dizer que a maneira como o professor Carlos Gomes ministrou essa disciplina foi inovadora. Ele tomou como texto básico o Volume III do famoso livro The Feynman Lectures on Physics (Addison-Wesley, 1965). No começo de cada aula fazíamos um teste sobre um determinado assunto daquele livro, assunto que deveríamos ter estudado anteriormente. Terminado o teste, ele o corrigia discutindo com nós, alunos, os erros e acertos que praticáramos. Também creio ser oportuno dizer que essa turma era constituída de jovens estudantes talentosos, que hoje são destacados professores-pesquisadores em universidades brasileiras, como Waldyr Rodrigues Junior, na UNICAMP, e Josif Frenkel, na própria USP. O Josif, por sinal, também era meu colega no curso de Eletrodinâmica Clássica I, na pós-graduação.

Nesse primeiro semestre de 1968, além de cursar as disciplinas referidas acima, auxiliava o professor Tiomno, corrigindo os exercícios da disciplina Estrutura da Matéria que ele ministrava para a graduação de Física. Recordo-me que, corrigindo a lista de exercícios de um aluno, o hoje destacado professor do IFUSP, Walter F. Wreszinski, quase lhe dei zero pois não entendia nada do que escrevera, uma vez que ele abordava os problemas propostos nessa lista com grande profundidade.

A minha saga de ser um professor-pesquisador em Física, que havia sido iniciada e interrompida na UnB, em 1965, e retomada na USP, em 1968, teve mais um episódio marcante no decorrer desse ano de 1968. Ele se inicia com a repercussão que ocorreu, no Brasil, do famoso movimento de maio de 1968, em Paris, liderado por Daniel Cohn-Bendit, sobre a reforma da universidade francesa. Desse modo, em junho de 1968, as aulas foram suspensas na maioria das universidades brasileiras, objetivando discutir a Reforma Universitária Brasileira. Destaque-se que foi por ocasião dessa discussão que foram formadas as famosas comissões paritárias, de estudantes e professores, para realizar essa Reforma. Nessa discussão, em São Paulo, aconteceram coisas inacreditáveis. Por exemplo, lembro-me de uma célebre reunião levada a cabo no Auditório Alessandro Volta, do DF/ FFCL/USP, organizada pela “Comissão Paritária pró-Reforma Universitária”, que convocou para o encontro, alguns dos maiores físicos brasileiros, dentre os quais, recordo-me dos seguintes: Mário Schenberg, José Leite Lopes, Jayme Tiomno, Elisa Frota Pessoa, César Lattes, José Goldenberg, Newton Bernardes, Oscar Sala, para discutiram o futuro da Física Brasileira. Nós, estudantes, ficamos estarrecidos quando, em um determinado instante dessa discussão, houve uma “lavagem de roupa suja” entre eles, uma vez que não chegaram a um consenso sobre aquele futuro.

Essa “lavagem de roupa suja” teve um desdobramento inusitado. Um certo dia de 1968, os muros de alguns prédios do DF/FFCL/USP amanheceram com os seguintes dizeres: Fora “Tião Medonho” e sua camarilha.[47] Era uma alusão ao professor Tiomno e ao seu grupo, do qual eu pertencia, juntamente com os estudantes Marcelo, Jayme Warzawski e sua mulher Regina, e os professores Swieca e Luciano Videira.

O prolongamento dessa greve fez com que o segundo semestre de 1968 fosse atípico. Com efeito. Sob o argumento de que os Mestrados tinham tempo determinado para serem concluídos, já que eram financiados por agências estatais (CNPq, CAPES e FAPESP),[48] eles foram reiniciados, porém, sob protesto dos alunos de graduação. Em conseqüência, as duas disciplinas (com o respectivo conceito entre parêntesis) que cursei nesse semestre foram realizadas em locais diferentes: Eletrodinâmica Clássica II (A), com o professor Roland Köberle, tendo o Marcelo ainda como monitor, foi ministrada no DF/FFCL/USP, e Introdução à Teoria da Relatividade (A), com o professor Tiomno, tendo o Mauro Sérgio Dorsa Cattani como professor de exercícios, foi lecionada em uma das salas da Escola Politécnica da USP. O professor Roland usou ainda o Jackson, e o professor Tiomno usou como texto o livro Special Relativity (Oliver and Boyd, 1996), de W. Rindler.[49] Ainda nesse semestre, fiz um Curso de Extensão de Teoria Atômica da Matéria, com o professor Leite Lopes, realizado também na Escola Politécnica. Para esse curso, o professor Leite usou a edição francesa (Fondements de la Physique, Hermann, Paris, 1967), revista e ampliada, de seu livro Introdução à Teoria Atômica da Matéria (Ao Livro Técnico Ltda., 1959).[50]

Ainda nesse segundo semestre de 1968, fui aluno do físico norte-americano John H. Lowenstein na disciplina Mecânica Quântica II e, também, ministrada no DF/FFCL/USP. Contudo, a situação política inquietante que acontecia no Brasil, conforme narrarei logo a seguir, fizeram-me abandoná-la, muito embora tenha realizado alguns trabalhos relacionados com a verificação de aprendizagem, tais como a participação em seminários e a solução de algumas listas de exercícios.[51]

Conforme afirmei acima, esse segundo semestre foi realmente atípico, pois, além de estudar para as disciplinas que estava cursando, tive, também, de lidar com três episódios político-ideológico-policiais e já narrados no CF6: a primeira invasão do CRUSP pelo DOPS paulista, em agosto; o Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), em Ibiúna, em outubro; e a segunda invasão do CRUSP, em 17 de dezembro de 1968, como decorrência do famigerado AI-5, de 13 de dezembro de 1968, uma sexta-feira negra e inesquecível para os brasileiros.

 

A situação tensa acima referida era aliviada com momentos de lazer, compostos de seções de teatro, de “shows” de música popular brasileira e de filmes. Assim, nesse ano de 1968, assisti à peça de teatro Dois Perdidos em uma Noite Suja, do teatrólogo brasileiro Plínio Marcos, com o próprio Plínio no papel de “Paco” e Ademir Rocha, no de “Tonho”. Assisti, também, aos “shows” musicais do Toquinho, Trio Mocotó, Jorge Ben, Paulinho da Viola e Aracy de Almeida. Os discos de vinil [os famosos LP – “Long Playing” de 78 e 33 rotações por segundo (rps)] de alguns desses cantores eu já ouvira em Belém. Vi ainda filmes antológicos, dentre os quais destaco 2001-Uma Odisséia no Espaço; Planeta dos Macacos; Ao Mestre com Carinho; e Os Farsantes, com Elizabeth Taylor e Richard Burton, do qual já falei.[52]

 

Antes de prosseguir, creio ser oportuno fazer um comentário sobre a razão de eu destacar, neste artigo, o aspecto cultural de minha formação. Ele tem me ajudado na ilustração das aulas que ministro. Por exemplo, quando dou aulas sobre Relatividade, ilustro-as com os filmes Planeta dos Macacos e 2001. O primeiro deles relaciona-se com a “dilação relativista do tempo” nas viagens espaciais. Em seu enredo, o Capitão George Taylor (Charlton Heston) e seus companheiros fazem uma viagem espacial de 15 meses e voltam ao planeta Terra, depois de decorridos quatro mil anos terrestres, e encontram-na dirigida por macacos (gorilas, orangotangos e chimpanzés). Por outro lado, no meu entendimento, o filme 2001 nega essa “dilação”, pois o astronauta David (Keir Dullea), quando chega em Júpiter, começa a envelhecer, devido à desaceleração de sua nave na chegada, para compensar o ganho de tempo que havia adquirido na aceleração na partida de sua nave. A dependência do tempo com o sinal da aceleração era uma hipótese discutida na ocasião em que o filme 2001 foi realizado: 1967.[53]

 

A segunda invasão do CRUSP, em dezembro de 1968, impediu-me de voltar a morar nesse Conjunto Residencial, quando iniciei, em março de 1969, os cursos no DF/FFCL/USP. Eu, Marcelo, Alfredo Pio Noronha Galeão, Arnaldo Homobono Paes de Andrade (paraense, que estudava Física) e José Raymundo Ribeiro Serra (paraense, que estudava Química), fomos morar em uma casa de dois andares, na rua Agostinho Cantu, uma rua paralela à Avenida Waldemar Ferreira, e na marginal do rio Pinheiros. Lembro-me bem do dia em que, junto com o Serra, fomos comprar alguns pertences para essa casa (mesinha e “Eletrola Phillips”), no Largo de Pinheiros, e, com eles nos braços, caminhamos para casa, pela Avenida Francisco Matoso, atravessamos a ponte sobre aquele rio, viramos a direita e entramos na rua onde morávamos.[54]

 

No primeiro semestre de 1969, cursei as disciplinas a seguir indicadas, com os respectivos conceitos e professores: Dosimetria e Física das Radiações (A): Shigueo Watanabe; Introdução às Partículas Elementares (C): Jun-ichi Osada; Relatividade e Cosmologia (A): Alberto Luís Rocha Barros; e Magnetohidrodinâmica não-Relativista (A): Roberto Mallet e Djalma Mirabelli Redondo. Nessas disciplinas, foram usadas Notas de Aulas preparadas pelos professores.

Além das disciplinas referidas acima, cursei ainda, naquele primeiro semestre, a disciplina Física Matemática (A), com a professora Carmen Lys Ribeiro Braga. Era uma disciplina do quarto ano de graduação. Minha inclusão nesse curso foi uma recomendação do professor Tiomno, para completar créditos de um futuro Doutorado. Ainda participei dos seminários do Grupo de Astrofísica dirigido pelo professor Osada.

As atividades escolares nesse primeiro semestre de 1969 foram importantes na minha formação. Por exemplo, o trabalho com tensores no entendimento do conteúdo e na solução de problemas nas disciplinas Magnetohidrodinâmica e Relatividade e Cosmologia permitiu-me escrever meu primeiro livro, Introdução à Mecânica dos Meios Contínuos, em 1973. O curso do professor Osada estimulou-me a escrever a Crônica da Física das Partículas Elementares, tratadas em minhas Crônicas da Física I,II,IV. O professor Shigueo mostrou-me como tratar, quantitativamente, a relação entre a Física e a Biologia. Por fim, o excelente curso de Física Matemática, ministrado pela saudosa professora Carmen, é a base de minhas Notas de Aulas Métodos da Física Teórica I,II,III,IV.

Aliás, foi no decorrer das aulas da professora Carmen que aconteceram dois fatos inusitados. O primeiro deles eu já narrei no CF6.[55] O segundo ocorreu em uma das provas que fiz com ela. Em uma dada questão, eu usei um artifício que aprendera no livro do Jackson, qual seja, o de considerar o seno ou o co-seno de um arco como sendo, respectivamente, as partes imaginária e real da fórmula exponencial de Euler. Esse artifício era empregado para resolver equações diferenciais ordinárias não-homogêneas e de coeficientes constantes. Ao comentar o resultado dessa prova, a professora Carmen disse que eu fora o único aluno que tinha resolvido certo aquela questão, por causa daquele artifício. Um colega meu, o pernambucano Maurício D. Coutinho Filho, que havia errado a questão, contestou esse artifício. Eu, então, virei-me para ele e disse-lhe: “Maurício, então escreve para o Jackson e diga-lhe que ele está errado, pois foi no livro dele que aprendi esse artifício”. Muitos anos depois, encontrei-me com o Maurício e com os outros dois amigos dele, os também pernambucanos Ivon Palmeira Fittipaldi e Marcos Gameira, meus colegas naquela mesma turma da professora Carmen. Ele me disse: “Bassalo, o Ivon e o Gameira sempre me chateiam com aquela tua frase, toda a vez que discordo deles”. Registre-se que esses três fraternos amigos, como professores da Universidade Federal de Pernambuco, contribuíram (e ainda contribuem) bastante para o crescimento da física brasileira, particularmente a pernambucana.

 

Como aconteceu no ano de 1968, no primeiro semestre de 1969 também aproveitei para aumentar a minha cultura artística. Por exemplo, assisti a duas peças de teatro: Galileu, Galilei, do poeta e dramaturgo alemão Bertolt Brecht, no Teatro Opinião, com Cláudio Correia e Castro, no papel-título, e direção de José Celso Martinez Corrêa;[56] e Esperando Godot, do teatrólogo irlandês e Prêmio Nobel de Literatura de 1969, Samuel Barclay Beckett, com o casal de atores Cacilda Becker e Valmor Chagas. Aliás, eu tive a felicidade de ver a Cacilda integralmente, pois foi no intervalo de uma de suas apresentações, no Teatro Brasileiro de Comédias (TBC), no dia 6 de maio de 1969, que ela teve o “aneurisma cerebral” que a vitimou, no dia 14 de junho de 1969.

Depois de 1969, voltei várias vezes à USP, para completar a minha formação pós-graduada em Física, defendendo o mestrado, em 1973, e o doutorado, em 1975, sob a orientação segura de meu amigo Mauro Sérgio Dorsa Cattani. Essa saga já foi por mim descrita no CF6.[57]

B. MAGISTÉRIO

B1. Magistério Secundário: Colégios “Abraham Levy” (CAL), “Paes de Carvalho” (CEPC) e “Santa Rosa” (CSR).

Conforme afirmei no início destas memórias, iniciei, em março de 1954, o magistério secundário no Colégio “Abraham Levy” (CAL), de propriedade da saudosa professora Alice Antunes, indicado por meu também saudoso amigo Jofre Alves Lessa, que ensinava Física. Inicialmente, comecei ministrando aulas de Matemática para os então Primeiro e Segundo Anos do Curso Ginasial. Dentre as lembranças dessas aulas, recordo-me de ensinar como se efetuavam as operações aritméticas em bases diferentes da base decimal. Por exemplo, na base dois, eu mostrava que se poderia escrever e operar com números construídos com apenas os algarismos 0 e 1. Por ocasião dessas aulas, eu não sabia que estava usando a álgebra Booleana e, também, nem desconfiava que ela seria a base dos computadores que provocaram, a partir do último quartel do Século XX, a grande revolução da Ciência da Informação. Registro que essa álgebra decorre da descoberta realizada pelo matemático e lógico inglês George Boole (1815-1864), em 1847, de que se poderia aplicar uma seqüência de símbolos às operações lógicas. (Asimov, I. 1974. Gênios da Humanidade 22, Bloch Editores.)

A falta de professores de Física no CAL levou a professora Alice a convidar-me para lecionar também essa disciplina, a partir de 1955. Assim, nesse ano, comecei lecionando o Segundo Ano Científico, cujo conteúdo programático era o estudo da Termologia e da Acústica, isto é, dos fenômenos térmicos e sonoros. O fato de eu estar estudando esse assunto na Escola de Engenharia do Pará com o professor Djalma Montenegro Duarte facilitou o preparo das aulas que ministrava para meus alunos. Nos anos seguintes, eu passei a lecionar, também, os Primeiro e Terceiro Anos Científicos, cujos conteúdos programáticos eram, respectivamente, Mecânica (Estática, Cinemática e Dinâmica), e Eletricidade, Magnetismo e Óptica Geométrica.

Quando eu ensinava Mecânica, recordo-me que preparava os alunos com uma revisão de Trigonometria e de Álgebra Vetorial, para que pudessem entender os conceitos básicos daquela disciplina. Desse modo, por exemplo, eu definia o trabalho como o produto escalar entre os vetores força e deslocamento, e o torque (momento estático) como o produto vetorial entre os vetores força e posição.[58]

Por indicação de meu amigo Manoel Leite Carneiro, meu colega de docência no CAL, a partir de 1957 passei também a lecionar Física no Colégio Estadual “Paes de Carvalho” (CEPC), para os três anos do Curso Científico e dois anos do Curso Clássico.[59] As aulas que ministrava nesses dois Colégios eram compostas de teoria e exercícios, para os quais usava os livros-textos disponíveis no mercado nacional.[60] No CEPC, que dispunha de um pequeno Laboratório de Física, eu complementava as aulas teóricas com experiências qualitativas.[61] Por exemplo, lembro-me de que usava o anel de ´sGravesande[62] para comprovar a dilatação volumétrica dos corpos. Nas aulas de Óptica Geométrica eu demonstrava, por intermédio da equação dos focos conjugados, que um objeto colocado entre o foco e o vértice de um espelho esférico côncavo tinha sua imagem virtual e cujo tamanho era maior do que o seu tamanho original. Por sua vez um objeto colocado na frente de um espelho esférico convexo teria sua imagem virtual de tamanho menor. Para comprovar essas demonstrações, eu fazia os alunos se olharem nos respectivos espelhos.[63]

Creio ser oportuno dizer que, quando comecei a ensinar, em 1961, no então Núcleo de Física e Matemática (NFM) da recente criada (1957) Universidade do Pará, eu levava meus alunos do CEPC para fazer experiências qualitativas de Eletricidade e Magnetismo no Laboratório desse Núcleo. Dentre elas, recordo-me de comprovar o resultado teórico obtido nas aulas, envolvendo a associação (série, paralelo e mista) de resistências, de capacitores e de geradores (pilhas), bem como de também comprovar a famosa observação Oerstediana sobre a relação entre eletricidade e magnetismo. [Em 1820, o físico dinamarquês Hans Christiaan Oersted (1777-1851) observou que uma corrente elétrica circulando em um fio condutor criava um campo magnético ao seu redor, capaz de deslocar uma agulha magnética.] Por sua vez, as aulas sobre Termometria eram ilustradas com o uso de termômetros calibrados com as escalas termométricas Celsius, Réamur, Fahrenheit e Kelvin.

Embora as aulas que ministrava fossem auxiliadas com comprovações experimentais qualitativas, a avaliação dos estudantes era realizada por intermédio de composições mensais, com provas escrita e oral no final do ano, envolvendo apenas questões teóricas. A composição era constituída de três questões. A primeira, que valia quatro pontos, era sempre a demonstração de uma fórmula. As duas outras, valendo três pontos cada, eram dois problemas geralmente formulados por mim.[64] Eu tinha o hábito de entregar o resultado dessas composições em ordem numérica decrescente, para desespero dos alunos.

Um outro aspecto que quero ressaltar nessas minhas reminiscências como professor secundário nos colégios em que lecionei[65] refere-se à preparação de meus alunos para o Exame Vestibular. Como a carga horária [cinco aulas semanais de cinqüenta minutos (curso diurno) e quarenta e cinco minutos (curso noturno)] era insuficiente para vencer o conteúdo programático exigido nesse Exame, idealizamos, eu e mais dois colegas professores, os amigos Manoel Leite e Rui dos Santos Barbosa, um Curso de Vestibular, no qual completávamos esse conteúdo: eu, em Física, e Manoel e Rui, em Matemática.[66]

Na conclusão dessa parte referente ao meu exercício do Magistério Secundário, gostaria de registrar que, como eu não era Licenciado em Física, tive que fazer um Exame, em 1961, para ser Professor de Ensino Secundário, exigido pelo Ministério da Educação e Cultura, por intermédio da Campanha de Aperfeiçoamento e Difusão do Ensino Secundário (CADES/MEC). Esse Exame aconteceu no Colégio “Santo Antônio”, com uma Banca Examinadora de três professores do MEC, sendo um deles o engenheiro eletricista José Maria Bentes Bastos, meu ex-aluno no CEPC. Recordo-me que o tema de minha aula relacionava-se com a formação de imagens múltiplas de objetos colocados entre dois espelhos planos formando um certo ângulo. Minha nota não foi a máxima, isto é, dez (creio que foi nove e meio), porque um dos examinadores, o que julgava a parte didática, disse que eu não havia sido muito pedagógico, uma vez que não “dividira o quadro negro em média e extrema razão e, tampouco, não o apagara de cima para baixo e da esquerda para a direita”. Quando os examinadores me apresentaram essa justificativa, disse-lhes apenas o seguinte: “Se o professor não tiver conteúdo, adianta ele seguir essa regra pedagógica?”. Não me recordo da resposta dele.

B2. Magistério Superior (Graduação): Núcleo de Física e Matemática (NFM), Escola de Engenharia do Pará (EEP) e Departamento de Física da Universidade Federal do Pará (DFUFPA).

Minha iniciação noMagistério Superior foi no Núcleo de Física e Matemática (NFM) da então Universidade do Pará, em 16 de agosto de 1961, indicado, mais uma vez, pelo meu estimado amigo Manoel Leite. Destaque-se que o NFM foi criado, em 1960, com o objetivo de ministrar Física e Matemática para todos os Cursos oferecidos pela Universidade do Pará que possuíam essas disciplinas em seus currículos: Bacharelado em Matemática, Engenharia Civil, Geologia, Química Industrial e Farmácia.[67]

Como entrei no NFM na metade do ano letivo de 1961, fui designado para substituir o professor José Maria Hesketh Conduru, na disciplina Física-Matemática, que havia iniciado em março desse ano. Esse professor era o catedrático de Física Geral e Experimental do Curso de Bacharelado em Matemática da então Faculdade de Filosofia Ciências e Letras (FFCL). No ano seguinte, em 1962, passei a lecionar as disciplinas Física 1 (Mecânica, Calor e Acústica), para os alunos do Curso de Engenharia Civil, e Física-Matemática, para alunos do Quarto Ano do Curso de Bacharelado em Matemática, até então ministrada por aquele professor. O conteúdo de Física 1 eu já conhecia, porém o de Física-Matemática eu não sabia qual era. Em vista disso, fui conversar com o professor Conduru e perguntei-lhe qual o programa daquela disciplina: Termodinâmica, respondeu-me. Como eu já havia estudado certos tópicos dessa disciplina na EEP, com o professor Otávio Pires, em 1957, e ensinado alguns de seus temas no CEPC, comecei a preparar as aulas[68] em fichas (que guardo até hoje!), e as discutia com aquele professor. Foi por ocasião da preparação dessas aulas que comecei a estudar “derivadas parciais”, com auxílio do Renato Conduru, filho do professor Conduru, e que havia sido meu professor no CEPC e na EEP.

Apesar de serem razoáveis essas aulas, elas, no entanto, estavam fora do verdadeiro conteúdo da disciplina, conforme verifiquei em 1965, quando a estudei com o professor Raupp, na UnB, como relatei anteriormente. Somente em 1971-1972, eu comecei a lecionar, pela primeira vez em Belém, o verdadeiro conteúdo da disciplina Física-Matemática no Curso de Extensão de Matemática para Físicos destinados aos professores e alunos dos Departamentos de Matemática e Estatística e de Engenharia Elétrica da UFPA. As Notas de Aula que preparei para esse Curso foram posteriormente revistas e aumentadas, e ainda hoje são usadas por mim quando ensino as disciplinas Métodos da Física Teórica I, II para os Cursos de Licenciatura e Bacharelado em Física do DFUFPA. [69]

Em 1963 e 1964, além da disciplina Física-Matemática, passei a lecionar a disciplina Física 2 (Eletricidade, Magnetismo e Óptica), inicialmente para alunos do Segundo Ano do Curso de Bacharelado em Matemática da FFCL e, posteriormente, para alunos do Segundo Ano do Curso de Engenharia Civil. Nesta disciplina, ensinei de maneira pioneira alguns de seus tópicos.[70] Por exemplo, para os “matemáticos”, deduzi pela primeira vez em Belém as equações de Maxwell, e, para ambos (“matemáticos” e “engenheiros”), trabalhei com toda a Óptica Física (difração, interferência e polarização). Nessa dedução, eu usava o formalismo da Análise Vetorial, disciplina essa que eu ensinava aos meus alunos em aulas extras, dadas aos sábados, paralelamente ao desenvolvimento dos temas de Eletricidade e Magnetismo. Para detalhes, ver o CF6.[71]

Continuei minha saga de ministrar disciplinas de maneira pioneira na Universidade do Pará, inicialmente no Curso de Engenharia Elétrica e, posteriormente, nos Departamentos de Engenharia Elétrica e de Física da UFPA, depois da Reforma Universitária, iniciada em 1969.[72] Para os “engenheiros elétricos”, por exemplo, ensinei pela primeira vez Teoria Eletromagnética (1967)[73] e Mecânica dos Fluidos (1970)[74]. Para os “físicos”, e ainda de maneira inédita, ministrei as disciplinas: FísicaGeral II (1972), Estrutura da Matéria I (1976), Desenvolvimento da Física (1977), e Introdução à Física das Partículas Elementares.[75] Registro que fui um dos primeiros professores a ensinar, em Belém, a Teoria da Relatividade Restrita. Inicialmente, em forma de seminário para professores, em 1969, no NFM, e, posteriormente, para alunos da disciplina Estrutura da Matéria I. Desde então e até o presente momento, continuo ensinando para os Cursos de Bacharelado e Licenciatura em Física do DFUFPA.[76]

B3. Magistério Superior (Extensão, Especialização, Mestrado): Departamentos de Engenharia Elétrica e Computação, e de Física da Universidade Federal do Pará (DEECUFPA; DFUFPA)

Minha atividade de Magistério Superior fora do currículo de Graduação é dividida em três categorias: Extensão, Especialização e Mestrado. A de Extensão inicia-se em 1969, no Curso de Preparação ao Mestrado (que teve, também, a participação dos professores Manoel Leite, Rui Barbosa, Manoel Viégas Campbell Moutinho e os saudosos Renato Conduru e Mário Tasso Ribeiro Serra), com a disciplina Álgebra Tensorial, na qual ensinei pela primeira vez em Belém a operação algébrica com tensores.[77] No ano seguinte, em 1970, ministrei, na EEP e com o patrocínio do Instituto de Pesquisas Rodoviárias (IPR), o Curso de Métodos Matemáticos da Engenharia, para engenheiros e engenheirandos.[78] Em 1972, ministrei mais três inéditos Cursos de Extensão para alunos e professores do Departamento de Engenharia Elétrica do Centro Tecnológico da UFPA: Introdução à Mecânica Quântica e suas Aplicações àTecnologia, Análise Tensorial e suas Aplicações à Física e à Tecnologia, e Matemática paraFísicos.[79] Em 1985 e 1997, ensinei os também inéditos Cursos de Extensão intitulados, respectivamente, Teoria de Grupos e A Física Histórico-Conceitual Teoria de Grupos, para alunos e professores do DFUFPA.[80]

Minha atividade como professor de pós-graduação (lato sensu), no nível de Especialização, iniciou-se em 1977 quando ministrei a disciplina denominada Tópicos de Mecânica Quântica Aplicada à Eletrônica do Estado Sólido, do Curso de Especialização em Eletricidade do DEECUFPA. Com a criação do Curso de Especialização em Física, em 1981,[81] passei a lecionar nele. Logo em 1982, ministrei a disciplina Tópicos de Matemática Aplicada à Física e, em 1983, a disciplina Tópicos de Eletrodinâmica Clássica.[82] A partir de 1993,[83]eu, Paulo de Tarso e Orlando Moura idealizamos um Curso de Especialização em Física Contemporânea para alunos-professores dos Colégios do Segundo Grau de Belém, com o patrocínio da Campanha de Aperfeiçoamento do Ensino Superior (CAPES). Para esse Curso, ensinei as disciplinas: Introdução aos Métodosda Física Teórica,[84] nos anos de 1993, 1995, 1997; e Introdução à Física dasPartículas Elementares, nos anos de 1994, 1995 e 1997. Para esses Cursos, usei, respectivamente, minhas Notas de Aulas de Métodos Matemáticos, e meus livros sobre Crônicas da Física. Na disciplina sobre Partículas Elementares, eu desenvolvi um estudo semiquantitativo sobre a evolução histórico-conceitual dessas partículas, desde o átomo grego até a idéia atual de corda.

Iniciei o magistério de pós-graduação, no nível de Mestrado (stricto sensu), lecionando no Curso de Mestrado em Geofísica as seguintes disciplinas: Matemática Avançada, em 1974, e Eletrodinâmica Clássica I, em 1975.[85] Contudo, divergências ideológicas com o Grupo de Geofísica da UFPA, que eu e o professor Carlos Alberto Dias criamos, a partir de 1962, conforme descrito no CF6, afastaram-me do ensino de Mestrado. Ele só foi retomado quando criamos, em 1986, o Curso de Mestrado em Física,[86] no qual ministrei as disciplinas: Métodos da Física Teórica III (1987), Eletrodinâmica Clássica I (1988), Métodos da Física Teórica IV (1989, 1997), Tópicos de Eletrodinâmica Clássica (1993, 1998) e História da Física (1994).[87] Ainda em 1988, ministrei a disciplina Lógica Científica para o Curso de Mestrado em Psicologia.[88] No momento presente, por decisão própria, dedico-me apenas ao ensino de Graduação do DFUFPA.[89]

Durante os 50 anos de Magistério, cuja saga foi registrada neste artigo, lidei com algumas centenas de estudantes. Como é uma tarefa extremamente difícil, provavelmente impossível, lembrar todos eles,[90] vou dedicar este artigo ao ALUNO DESCONHECIDO, aquele que não foi citado mas que, contudo, por alguma razão, ainda desconhecida pela Neurociência, seu nome não ficou retido em minha memória, muito embora, na ocasião em que tivemos oportunidade de exercitar a relação aluno versus professor, sua presença tenha sido muito estimulante para eu prosseguir nesta saga semicentenária que realmente foi, e é, a razão de minha existência: ser apenas um professor quartomundista.

Não poderia concluir este artigo sem prestar duas grandes homenagens especiais. A primeira, aos meus primeiros alunos particulares de Matemática (Aritmética, Álgebra e Geometria), por volta do final da primeira metade do século XX: Ana Maria Ribeiro Alves Martins (advogada), Consuelo Azevedo, Ione Caldeira, Ivanize Mesquita, Maria Eugênia Farache (professora aposentada do NPI/UFPA), Maria Eugênia Nogueira, Moisés Bemerguy (meu ex-aluno no DEECUFPA e engenheiro elétrico), e “Borozinho” (meu amigo de adolescência e que, infelizmente, nunca soube o nome dele completo); e aos meus atuais alunos (segundo semestre de 2004) da disciplina Métodos Teóricos da Física II do DFUFPA,[91] por terem eles, respectivamente, iniciado e mantido este meu longo caminho educacional.[92]

A segunda homenagem especial é para os professores Marcos Orguen e Pascoal dos Santos Paracampos, por haverem organizado o I Festival Modernista de Física realizado pela Sociedade Civil “Colégio Moderno”, em outubro de 1999, e o II Festival Marista de Física realizado pelo “Colégio Marista Nossa Senhora de Nazaré”, em outubro de 2000, nos quais foi encenada uma peça sobre a minha vida; e para os alunos João Renato da Silva Rolim (meu ex-aluno do DFUFPA) e Lourival Rodrigues Lopes, por haverem preparado seu Trabalho Acadêmico de Conclusão de Curso, intitulado: UM ÍCONE DA FÍSICA PARAENSE: BASSALO, orientado pelo professor Benedito Tadeu e defendido no Centro Federal de Educação Tecnológica do Pará (CEFET-PA), no dia 30 de agosto de 2004.

Cheguei ao fim da descrição de minha saga sobre meus 50 anos de Magistério. Para isso, contei com a colaboração de vários amigos, colegas e ex-alunos, todos eles referidos neste artigo, direta ou indiretamente. Eles me socorreram toda a vez que minha memória falhava. Quando a deles também falhava, recorri a documentos, oficiais e oficiosos. Assim, sempre que foi possível, registrei também a situação atual das pessoas citadas, bem como se ainda se encontram entre nós. Como, infelizmente, está incompleta a documentação oficial do CEPC e da UFPA sobre alunos e professores que por lá passaram no período que pesquisei, é possível que eu tenha trocado, deslocado no tempo, omitido ou considerado ainda vivo (embora já morto), o nome de alguns personagens dessa minha gratificante e estimulante história de vida. A eles, minhas desculpas.

NOTAS E REFERÊNCIAS

1. BASSALO, J. M. F. 2001. Crônicas da Física, Tomo 6. EDUFPA.

2. A construção dessa Igreja foi iniciada no final do século XVI, por iniciativa do comerciante José Antonio Abranches, e concluída, em 1814, por seus familiares, em virtude de sua morte, conforme registra meu amigo, professor, jornalista e pesquisador da História da Engenharia no Pará Oswaldo Coimbra, em seu livro A Aula Militar do Historiador Antônio Baena, editado pela Imprensa Oficial do Estado, em 2003.

3. A professora Anita era filha do primeiro matrimônio do professor Lobo, e era portadora de uma seqüela de poliomielite. A sua morte, em 1945, foi uma surpresa para os alunos, pois, quando chegamos ao IL-B, em uma manhã de segunda-feira, encontramos o pano fúnebre na porta de entrada. Ela foi substituída pela sua irmã, a professora Olga.

4. O uso da violência (com réguas compridas e palmatórias contra alunos considerados “malandros” que não sabiam o “dever de casa”) por parte dos professores primários foi, durante muito tempo, uma prática normal dos educadores brasileiros. Eu próprio, anos mais tarde, vi minha irmã “Madá” fazer o uso de réguas contra os “malandros”, em seu Internato “São Judas Tadeu”, que funcionava em nossa casa. Aliás, eu a ajudava, ensinando-lhe a resolver problemas de Aritmética.

5. Meu colega e amigo Raphael lembrou-me do castigo imposto aos estudantes “malandros” que era o de ficar ajoelhado em um punhado de milho, colocado no corredor de entrada, que o professor Lobo chamava de “Depósito”. Lembrou-me, também, de outros alunos do IL-B, tais como: os irmãos Alba, Alberto e Osvaldo Rodrigues Tomás, oriundos do Acre; José Maria Nobre Gonçalves (“Pé de Pato”); Benedito Gomes da Silva; José Emílio Pereira da Silva; Odilon Andrade (estes quatro últimos já falecidos); Lúcia Lamarão (irmã do Octávio); João Gualberto Cabral de Melo; e José Serra Freire. Este, segundo Raphael, gostava de brincar de “lançamento de foguetes”: um lápis lançado de dentro da carteira e através do buraco onde era colocado o tinteiro. Quando o professor Lobo via algum “apanhador de foguetes”, colocava-o para fora do IL-B, e sua saída era acompanhada de um coro de seus colegas: “Fulano está expulso de campo”. Raphael ainda recordou-me do artifício que ele e eu usávamos para ver as pernas da Zaira. Deixávamos cair a gilete, com a qual fazíamos a ponta do lápis quando quebrava e, ao apanhá-la, bancávamos o “voyeur”.

6. Apesar da dupla jornada de estudo, no intervalo dela ou no seu final, eu ainda tinha tempo para brincar: empinando papagaio (feito por mim próprio), jogando pião e botão (comprados no Torneiro do Reduto) ou brincando “pelada” com bola feita com uma banda de meia, cheia de jornal. Recordo-me que eu e o Mário jogávamos “botões” no corredor de entrada da casa do Odilon, que ficava situada na rua Arcipreste Manoel Teodoro, próximo da Praça da República. Creio ser oportuno dizer que, na primeira metade da década de 1950, me tornei um profissional do “jogo de botões”, denominado então de Celotex. Eu cheguei a jogar pelos seguintes clubes: “Colo-Colo”, “Clube do Remo” e “Paysandu Esporte Clube”. Minha saga nesse “jogo de botões” será descrita em um outro local no livro que estou preparando sobre as minhas memórias, do qual este artigo faz parte.

7. Nesse livro, havia a descrição de como fazer bocetas. Quando o professor Lobo pedia para um aluno fazer a leitura do trecho que envolvia essa descrição, este geralmente parava quando devia pronunciar a palavra boceta. O professor Lobo mandava prosseguir e advertia-o: “Não é nada disso do que você está pensando, seu indecente, trata-se apenas de uma pequena bolsa”. A prodigiosa memória do Raphael registrou esse detalhe. Conforme informou meu cunhado Joaquim Francisco Coelho, professor Titular da Universidade de Harvard, o livro referido acima foi escrito por N. A. Calkins, e vertido do inglês para o português pelo famoso jurista brasileiro, o Conselheiro Rui Barbosa. Essa versão foi publicada pela Imprensa Nacional, em 1886.

8. Agradeço ao “Bebeca” por haver chamado a minha atenção para esse nome. Recordo-me que as minhas habilidades em resolver essas “englobadas” permitiram-me ajudar o Cabo Arnaldo, quando eu fiz o meu Curso de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR), no Quartel do Exército, ao lado da Basílica de Nazaré, entre 15 de dezembro de 1955 e 15 de agosto de 1957. Minha saga no CPOR também fará parte do livro de memórias referido na Nota 6.

9. Rego, C. M. 2002. Subsídios para a História do Colégio Estadual “Paes de Carvalho”, SECTAM/UFPA. É oportuno salientar que esse livro é uma excelente fonte de informações sobre a história desse Estabelecimento de Ensino Público.

10. Na confecção do “dique” e da “marquise”, eu distribuí pedaços de vergalhão, de 3/16 polegadas de diâmetro, em um pedaço de ripa, apoiada, e os revestia com uma mistura de areia, cimento e pedacinhos de tijolos, materiais esses arranjados com os pedreiros da construção referida. A escora não poderia ser retirada, pois os vergalhões não estavam devidamente engastados em outras peças da minha construção.

11. O Lityerse era filho do professor Ramiro Castro, que ensinava estenografia (uma técnica de escrever abreviadamente) nas escolas de práticas comerciais de Belém de então: Fenix Caixeral Paraense e Escola Prática de Comércio. Em virtude disso, ele registrava todas as aulas dos professores, e, aliando o seu grande talento a essa técnica, tornou-se um dos melhores alunos de nossa turma. Eu era muito amigo dele, a ponto de ele ensinar-me um pouco dessa técnica, bem como de trazer-me de carona em sua bicicleta, com passagem obrigatória pela Praça Batista Campos. Ele fez a carreira militar e, depois, tornou-se taquígrafo do Congresso Nacional. Há muitos anos ele perguntou-me alguma coisa de Termodinâmica. Depois disso, nunca mais o vi.

12. Souza era o então bairro mais afastado de Belém e que se iniciava no final da Avenida Tito Franco (hoje, Avenida Almirante Barroso).

13. O rigor com que as inspetoras de salas tratavam os alunos era demasiado. Por exemplo, por ocasião em que iríamos ter uma aula de Ciências Naturais, não sei se foi ainda em 1950 ou no ano anterior, entramos em uma sala, tipo anfiteatro, em que as carteiras tinham níveis diferentes, as mais baixas na frente e as demais em níveis superiores. Pois bem, entramos e fui ocupar a cadeira mais alta, com alguns outros colegas. Devido à balburdia que fazíamos, a Inspetora entrou e fez a chamada por ordem alfabética. Quem estivesse fora do lugar, como era o meu caso, pegava uma suspensão de sete dias. Lembro-me que minha tia-paterna Luzia foi falar com o Diretor do CEPC, professor Moreira, para tentar diminuir a pena. Não me recordo de haver sido diminuído o castigo. Destaco ainda que a rigidez do professor Moreira era tão grande que ele chegava a ponto de punir quem, para aliviar o calor belenense, deixava de juntar os dois colchetes que fechavam a túnica, tipo militar, que compunha nossa farda de brim cinza. A túnica, de mangas compridas, tinha quatro bolsos, dois grandes no final dela e dois na altura do peito, fechados com botões metálicos, do mesmo tipo dos que fechavam a túnica. Para completar, sua adaptação ao corpo se dava com um cinto de couro branco, com fivela metálica. A calça era normal e os sapatos eram pretos. Em 1948, a túnica foi substituída por uma camisa de mangas curtas, com apenas um bolso, e fechada com botões normais, provavelmente de osso ou jarina. Nos dois casos, túnica e blusa, os alunos do Curso Ginasial traziam o ano em que estavam estudando indicado nas mangas, e os dos Cursos: Científico (alunos que iam fazer Engenharia, Medicina, Odontologia e Farmácia) ou Clássico (para os alunos que desejavam fazer Direito), em uma lapela na altura dos ombros. Creio ser ainda oportuno registrar que o pavor que tínhamos do professor Moreira como diretor do CEPC fez-me, em uma aula de Latim do professor Frota Lima, logo que entrei nesse Colégio em 1947, quase prejudicar um colega meu. Nessa aula, houve uma grande algazarra feita por um colega meu, que sentava na nossa carteira, junto com mais dois outros colegas. Percebendo que o barulho vinha de nós, o professor Frota Lima perguntou: “Bassalo, é você que está atrapalhando a aula?”. Respondi-lhe: “Não, é o meu colega aqui ao lado”. Ele, então, dirigiu-se ao colega, cujo nome infelizmente não me recordo, e perguntou: “Fulano, é você o autor da algazarra”. De posse da afirmativa, disse-lhe: “Pela sua honestidade, não lhe mando para o Moreira castigá-lo”. O sentido de honestidade de caráter que os professores do então CEPC esperavam das pessoas livrou-me de ser um “dedo-duro”. Paz a sua alma, professor Frota Lima!

14. Esse emprego foi conseguido por interferência de José Bernardino Pereira (“Pescadinha”), pai de minha saudosa cunhada Judite, mulher de meu irmão Antônio. Aliás, anos depois e na Escola de Engenharia, fui professor de um de seus filhos, o engenheiro Carlos Augusto Valério.

15. Registre-se que a matrícula nesse Curso só se efetivava com a comprovação de que o candidato trabalhava.

16. Recordo-me que eu estudava pelas ruas durante as entregas que eu fazia das compras que os clientes realizavam na Casa Concórdia. Por volta do final de maio de 1951, percebi que não poderia estudar e trabalhar ao mesmo tempo, e conseguir ter um bom rendimento nas provas parciais do primeiro semestre. Assim, decidi que queria apenas estudar.

17. Nessa ocasião, como eu havia deixado de trabalhar, tinha apenas duas camisas, a de Jersey e uma blusa de pijama. Desse modo, minha mãe costurou a camisa rasgada pelo Amílcar, e usei-a novamente. Destaco que passei a ajudar a minha família com aulas particulares que ministrava para os filhos de nossos vizinhos, cujos nomes registrei no artigo que escrevi: Ensino: “Bancário” ou Holístico? (CBPF-CS-002/maio 2003).

18. Por essa época, eu fazia algumas charadas, enigmas figurados e palavras cruzadas para as seções desse tipo de entretenimento: Nó Górdio, na “Folha do Norte”, e Vovô João, dirigido pelo jornalista Mário Couto, no jornal “A Província do Pará”. Creio ser oportuno fazer algum comentário sobre o charadismo em Belém, por volta da metade do século XX, onde existiam excelentes charadistas, dentre os quais me lembro dos Cinco Yarracus (CY): o médico João Hamilton Ferro Costa (“Atenas”), irmão do advogado Clóvis Ferro Costa. “Atenas” dirigiu, por muitos anos, o Nó Górdio, e projetou internacionalmente o seu nome; meu professor do Ginásio, o engenheiro civil Renato Pinheiro Conduru (“Rataplan”) e seu cunhado, o bancário Joaquim Fernandes Filho (“Ferrilho”); o farmacêutico Raul Ponte Souza (“Pandemônio”) e o engenheiro civil e sanitarista José Araújo de Oliveira Santos (“Romão”) (único vivo dos CY), irmão do advogado Roberto Araújo de Oliveira Santos. Além dos CY, existia também o Bloco Nogordiano: Paulo de Souza Carvalho (“Mr. X”), Alberto Machado Queiroz (“Cydar”), Lauro de Souza Castro (“Nhô Lóro”) (estes três já falecidos), Luthgard Rocha Pereira (“Luthgard”), Catarina Darcy Ferreira Mattar (“Aleta”) e o meu colega do CEPC, Herdélio Gomes Tocantins Maltez (“Délioher”, “Acmon”, “Delmo” e “Herdel”) que, além de uma outra seção charadística denominada Labirinto, em “A Província do Pará”, também dirigiu o Nó Górdio, quando o “Atenas” se mudou para o Rio de Janeiro. Ainda como bons charadistas, registro o falecido jornalista e poeta Rafael Vieira da Costa (“Ravico”), e os também colegas do CEPC, João Nassrala Miguel Rossi (“Abdullah”) e Linomar Saraiva Bahia (“Linomar”). Como este artigo relaciona-se com a minha saga de Magistério, e considerando que esse tipo de entretenimento também objetivava ensinar a nossa língua mãe, pedi aos amigos “Romão”, que hoje vive em Ponta Delgada, capital dos Açores, e “Herdel”, morador em minha querida Belém, que anotassem algumas reminiscências sobre o charadismo em torno de 1950, assim como preparassem exemplos simples de “charadas”. “Romão”, por intermédio de “e-mail”, recordou o primeiro contato que ele e o “Rataplan” tiveram com o charadismo e com o “Atenas”. Ficaram encantados com a beleza genérica e as inúmeras variedades de composições, vindas de todas as regiões do Brasil, de Portugal e de outras terras de língua portuguesa, que chegavam ao Nó Górdio. Informados de que havia desonestidade em alguns torneios, fora de Belém, sobre o charadismo, “Romão”, juntamente com “Rataplan” e “Ferrilho”, já respeitados charadistas, resolveram juntar-se a “Atenas” e “Pandemônio”, para formar o grupo CY e acabar com a prática desonesta da troca prévia, entre os concorrentes, das soluções dos problemas apresentados nos torneios referidos. Para que o leitor tenha uma idéia sobre o conteúdo do charadismo, esclareço que as charadas baseavam-se em metaplasmos, por adição [protéticas, epentéticas e paragógicas (“novíssimas”) – em que a palavra escondida pela primeira “pedra” era acrescida da segunda “pedra”, ou no princípio, ou no meio, ou no fim, para resultar em uma terceira palavra, que constituía o “conceito”] e por subtração (aferéticas, sincopadas e apocopadas – em que a palavra da primeira “pedra” perdia, no princípio, meio ou fim, uma ou mais sílabas, escondidas pela segunda “pedra”, resultando na palavra do “conceito”). No fim da charada era indicado o número de sílabas. Eis alguns exemplos preparados por “Romão” (R) e “Herdel” (H): “Novíssima”: “Trabalho igual foi dado à luz durante o expediente (1,2)”: Solução: par + tido = partido (R); “Quando chego em casa desejo sempre oferecer uma flor à minha carinhosa esposa (2,2): Solução: amo + rosa = amorosa (H). “Sincopada”: “O leão levou vantagem sobre o leopardo (3,2)”. Solução: partido – ti = pardo (R); “Com toda dedicação me lanço à obra charadística (3,2). Solução: afeto – fe = ato (H). Para os iniciantes, existia um tipo mais simples, a tipo “casal”, em que as “pedras” eram masculinas ou femininas, ou mesmo invariáveis em gênero. Exemplos: “Faço tudo para apoiar qualquer manifestação pela paz mundial” (2). Solução: formo/forma (H); “Quem possui quase tudo é o chefe (2). Solução: ama/amo (R). Além dessas charadas, existia o Enigma, muito mais livre e implicando muita malícia. Ele poderia ser literal ou desenhado. O literal, sempre em verso, e com trama tão clara ou disfarçada. Exemplo: “Fazer charada do avesso, / não! Nem quero pensar! / Prefiro dar meu apreço / ao processo secular: / começar pelo começo, / pelo final terminar. (8 letras). Solução: Pôr ponto. Trama: Começar pelo começo, (Fazer = pôr) pelo final terminar (ponto, o último sinal gráfico do trabalho). Este exemplo, preparado pelo “Romão”, foi um dos mais difíceis (“ferro”) na época em que apresentou. Por sua vez, o do gênero desenhado, com figuras e letras, apresenta um provérbio. São de dois tipos: Figurado, em que as figuras têm, indicado entre parêntesis, o número de letras do seu nome, e as letras desenhadas sobre elas antecedem ou sucedem imediatamente o seu nome, se forem pretas, ou se inserem nele, se forem brancas. Figuras e letras valem pelo que são; Pitoresco, em que se subentendem relações entre figuras e letras e seu recíproco posicionamento. Creio ser ainda oportuno dizer que as “palavras cruzadas” representam, talvez, o mais tradicional e universal dos trabalhos charadísticos, as quais eu, particularmente, gostava de fazer, assim como, até hoje, gosto de resolver.

19. Aproveito a oportunidade para agradecer aos cinéfilos e prezados amigos, o casal Pedro Veriano e Luzia Miranda Álvares, e o Arnaldo Prado Junior pelas informações sobre os filmes que citei acima, bem como os demais que citarei no decorrer deste artigo. Essa ajuda foi providencial, pois eu perdi o caderno no qual eu, quando adolescente, anotava todos os filmes que via, com seus protagonistas principais. Aliás, nesse mesmo caderno eu também registrei os nomes dos ônibus em que andei em Belém.

20. Em conversa com o “Bebeca”, ele me informou que a possibilidade dessa reprovação decorreu porque, em uma prova realizada pelo “velho Conduru”, houve uma chuva de notas baixíssimas, com apenas algumas notas altas. Segundo ainda o “Bebeca”, eu e mais dois ou três colegas tiramos dez, e ele tirou um, que era, por sinal, a quinta ou a sexta nota do conjunto. Ainda nessa conversa, ele me falou que não era muito atraído pelas Ciências Exatas. Por exemplo, ele me disse que, no ano anterior (1952) ele e mais alguns colegas precisavam tirar seis, na prova oral final, para passarem na disciplina Matemática ministrada pelo professor Alírio. Encerrada a prova, eles se dirigiram ao professor Alírio e perguntaram: “Professor, quanto tiramos?”. O Alírio respondeu: “Vocês não tiraram nada, eu dei seis para vocês”. Registro, com pesar, o falecimento do professor Alírio em 14 de fevereiro de 2005.

21. Creio ser oportuno dizer que, anos mais tarde, em 1961, quando iniciei o Magistério Superior no então Núcleo de Física e Matemática (NFM) da Universidade do Pará, fundada em 1957, levado pelo estimado amigo-irmão Manoel Leite Carneiro, substituí o “velho Conduru” na disciplina Física-Matemática. No ano seguinte, em 1962, ele foi padrinho de meu casamento com Célia Mártires Coelho, ocorrido no dia 6 de outubro desse ano, na Igreja de Santana, uma das construções do Landi. Apesar disso, meu relacionamento com ele no NFM foi bastante difícil, conforme já tive oportunidade de descrever em meu livro CF6.

22. Aproveito a oportunidade para agradecer ao meu prezado amigo, Milton Monte, essa generosidade, bem como destacar que ele, como engenheiro civil e arquiteto, realizou e continua realizando projetos inovadores na Arquitetura Amazônica.

23. Foi também com o Professor Efraim que aprendi a fazer conta de multiplicação entre dois fatores, quaisquer que fossem os seus tamanhos, dando o resultado, na primeira linha, logo abaixo do multiplicador. Aliás, essa prática eu sempre utilizei nas aulas que dei no Curso Clássico e Científico, o atual Segundo Grau. A minha mulher Célia, que era minha aluna no Curso Clássico do CEPC, em 1957 e 1958, disse-me, anos depois de estarmos casados, que ela ficava fascinada por essa maneira de eu fazer essas contas. Desse modo, o Professor Efraim foi o “Cupido” de nosso namoro.

24. Esses são os seguintes: Crônicas da Física. [Tomo 1 (1987), Tomo 2 (1990), Tomo 3 (1992), Tomo 4 (1994), Tomo 5 (1998), Tomo 6 (2002), Tomo 7 (em preparação)]; Nascimentos da Física: 3.500 a.C.-1900 a.D. (1996); Nascimentos da Física: 1901-1950 (2000); Nascimentos da Física: 1951-1970 (2004); Nascimentos da Física: 1971-2000 (em preparação). Todos esses livros foram (e serão) publicados pela Editora da Universidade Federal do Pará.

25. Smith, P. F. and Gale, A. S. 1928. New Analytical Geometry. Giun and Company, New York.

26. No final dessa noite de estudos, íamos tomar uma bebida chamada “trançado” (Cinzano com cachaça), em um bar que ficava perto da casa do José Ruy.

27. Explico essa aparente contradição, qual seja, a de um primeiroanista do Curso de Engenharia Civil já exercer a atividade de um profissional desse Curso. Trata-se do seguinte. O Amorim, que era português nato, cursava a EEP (fundada em 1931 e mantida pelo Governo Estadual), no final da década de 1930. Contudo, a sua condição de “estrangeiro” impediu-o de concluir aquele Curso, me parece, por causa da “ditadura Vargas”, iniciada em 1937. Durante muito tempo, o Amorim exerceu a profissão de engenheiro civil, tendo as plantas assinadas por seu colega de turma, formado em 1941, Amintas de Lemos Junior, filho de Amintas de Lemos que, durante muito tempo, foi professor da Cadeira de Estradas de Ferro da EEP.

28. A minha habilidade para entender essas disciplinas foi o “leitmotiv” de minha amizade com um colega do CPOR, o Joaquim-Francisco Mártires Coelho, já que, constantemente, ia à casa dele, na Praça da República, para ensiná-lo. Eu nem desconfiava que estava freqüentando a casa de minha futura mulher, Célia, que era sua irmã. É oportuno dizer que, hoje, o Joaquim é Nancy Clark Smith Professor da Harvard University, nos Estados Unidos da América, e foi o primeiro leitor-crítico dessa minha saga professoral.

29. Aliás, eu era auxiliar de Desenhista do famoso artista plástico, o paraense Benedicto (Antônio Soares de) Mello, falecido no dia 19 de outubro de 2004.

30. Nesta oportunidade, agradeço ao meu amigo Oswaldo Coimbra, que me enviou os recortes do jornal Folha do Norte, falando daquele episódio, bem como por haver preparado um “dossiê” sobre a minha vida na EEP, importante subsídio deste artigo. Creio ser oportuno registrar o que eu e Loriwal fizemos de brincadeiras nessa Escola, além das relacionadas no CF6. Por exemplo, fomos nós que acabamos com os jogos de xadrez e de pingue-pongue que aconteciam na sala do Diretório Acadêmico. A mesa de pingue-pongue foi destruída com as quedas sucessivas de uma grande bola de ferro, largadas por nós.

31. Destaque-se que meu grande amigo Barcessat trabalhou na construção de Brasília, entre 1957 e 1962, e, nesta cidade, fez uma grande amizade com o célebre Aderson Moreira da Rocha, autor dos famosos livros sobre cálculo de Concreto Armado, conhecidos em todo o Brasil, e também de um livro sobre Teoria da Elasticidade. Aliás, foi neste livro que percebi a importância do Cálculo Tensorial na Engenharia Civil.

32. Esse filme foi realizado em 1957, com o título original “Fire Down Below” e dirigido por Robert Parrisch. Reitero os agradecimentos aos meus amigos, o casal Pedro Veriano (médico) e Luzia Miranda Álvares (professora da UFPA), por essa informação, bem como pelas demais (sobre filmes) que registrei nesse artigo. Durante a exibição desse filme, Machado e eu fomos surpreendidos por um casal que, atrás de nós, realizavam, na prática, o que Rita e Mitchum sugeriam na tela.

33. Nessa ocasião, eu não sabia que sentava em um ponto turístico de Belém. Segundo meu amigo Coimbra, no livro intitulado As três décadas de Landi no Gram-Pará (FUMBEL, 2003), essa Capela foi, provavelmente, uma das últimas obras, projetada e concluída, em 1790, pelo grande arquiteto bolonhês Antônio José Landi para seu grande amigo, o Coronel Ambrósio Henriques da Silva Pombo. Ainda segundo Coimbra, muitos engenheiros recorriam à ajuda espiritual do Senhor Bom Jesus dos Passos para realizar suas provas, enfiando moedas por baixo de sua porta, já que ela quase sempre se encontrava fechada.

34. A minha irreverência na EEP me fez fazer uma grosseria com o professor Angenor na ocasião da última prova que fiz com ele. Quando eu fui lhe entregar essa prova, ele me disse o seguinte: “Bassalo, eu gosto de você porque, além de ser bom aluno, pertence a uma família importante de Belém e, por isso, quero lhe fazer um convite para estagiar em meu Escritório de Engenharia”. Eu lhe respondi: “Primeiro, eu não pertenço a essa família ilustre (ele se referia à família do dentista Pedro Bassalho, muito famoso em Belém e que, por sinal era também dentista de nossa família), pois sou filho de pai sapateiro e de mãe lavadeira; segundo, o senhor tem por hábito não remunerar seus estagiários, pois estes, segundo o senhor mesmo afirma, deveriam ainda pagar, por estarem trabalhando no melhor escritório de Engenharia de Belém (o que era realmente). Obrigado pela oferta, mas vou tentar fazer a minha carreira isoladamente”. Apesar dessa grosseria, o Professor Angenor sempre me distinguiu, a ponto de me haver escolhido como professor particular de Física para seu filho Luís Alberto, quando este se preparava para realizar o vestibular na EEP. Lembro-me também de ele falar à família de meu estimado amigo Lindolfo de Campos Soares (engenheiro e meu colega no DMER) que eu seria um dos grandes engenheiros do Pará.

35. Essa migração, bem como outras estórias da EEP, foram objeto de alguns artigos do professor Ruy Britto, publicados no jornal Folha do Norte, no começo da década de 1950.

36. Observe-se que o segundo semestre encerrou-se em outubro de 1965, em virtude da crise da UnB, crise essa já bastante documentada no meu livro CF6, no livro do professor Salmeron, A Universidade Interrompida: Brasília 1964-1965 (Editora da UnB, 1998), e no depoimento do físico e filósofo da ciência, o francês Michel Paty, publicado no livro Roberto Salmeron Festschrift: A Master and A Friend (AIAFEX, 2003).

37. BASSALO, J. M. F. Roberto Aureliano Salmeron: Cientista e “Gentleman”. CBPF-CS-007/01 (Novembro 2001).

38. Nesse Curso de Extensão, foram meus colegas os também professores do Núcleo de Física e Matemática (NFM) da então Universidade do Pará: o saudoso Leão Benchimol, Manoel Leite Carneiro, Manoel Campbell Moutinho e Rui dos Santos Barbosa. Creio ser oportuno dizer que, durante esse Curso, paralelamente ao nosso aprendizado, também tivemos lazer. Recordo-me, por exemplo, que estávamos em aula por ocasião do famoso jogo Brasil 2 X 1 Espanha, durante a Copa do Mundo de 1962. É ainda oportuno registrar que eu já havia realizado outros Cursos de Extensão de Matemática, com o professor Renato Conduru: Teoria Matricial, em julho de 1960, e Conjuntos e Funções, Topologia Geral e Análise Vetorial, em fevereiro de 1962.

39. Apesar da dureza, também tive momentos de entretenimento na minha vida de “UnBeniano”. Por exemplo, lembro-me de ter assistido ao famoso filme “A Falecida” (1964), que iniciou a série de filmes sobre a obra do grande teatrólogo brasileiro Nelson Rodrigues. Ele teve a atriz Fernanda Montenegro, no papel principal, e a direção de Leon Hirszman. Além do cinema, costumávamos também nos entreter com conversas sobre o comportamento humano, na sala do Tahuata, depois do almoço no “bandejão” da UnB, pois ele havia estudado Grafologia. Ele pedia que escrevêssemos alguma coisa e, analisando a escrita, ele ia dizendo algumas das características do analisado. Para mim, depois de analisar o que havia escrito, dentre outras coisas, disse que “meu sentimento artístico era amortecido”. Até hoje, guardo o papel no qual escrevi o que ele pediu, bem como o respectivo “diagnóstico” de minha natureza humana, assim como uso esse resultado para explicar a razão de eu não gostar de música clássica, principalmente, os “metais” (choque de pratos metálicos). Contudo, as “cordas” (violino) das estações de Vivaldi eu aprecio. Talvez seja por esse aceite parcial da música clássica que meus amigos do Quartier Latin Tupiniquim (QLT), os irmãos Rosa, os engenheiros Pedro Leon (elétrico) e José Perilo [civil e Destaque Científico (CEP)-1993], o também engenheiro civil Milton Augusto Freitas de Meira, o filósofo José Édison Ferreira, os poetas João Mendes da Silva (quando está em Belém) e Max Martins, o professor Luís Breviglieri e o funcionário da UFPA Nazareno Maravilha da Silva, corrigiram o “diagnóstico” do Tahuata, para: “sentimento artístico quase amortecido”. É oportuno dizer que o QLT é uma reunião semanal que fazemos, no final das manhãs de sábado, no Café Delicidade (propriedade de Michel Homci Haber), na Avenida Braz de Aguiar esquina com a Travessa Dr. Morais.

40. WHEELER, J. A. and FORD, K. 1998. Geons, Black Holes and Quantum Foam: A Life in Physics. W. W. Norton and Company, New York.

41. Eu conhecia bem esse “bangalô”, pois, quando aluno do Curso Ginasial do CEPC, eu estudava com o meu colega Dário Alfredo Pinheiro (economista e ex-Presidente da ex-TELEPARÁ), cuja irmã morava lá. Aliás, também lá estudaram dois outros nossos colegas: Hernani Guilherme Fernandes da Mota (médico, ex-Secretário de Saúde do Estado do Pará, e ex-Secretário Geral do Ministério da Saúde) e Gerson dos Santos Peres (professor, político e atual Secretário Especial de Ação Social do Estado do Pará).

42. Em 24 de junho de 2004, Novello recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Claude Bernard, de Lyon, na França.

43. Certa vez, quando me encontrei com o Novello, no CBPF, no Rio de Janeiro, e recordei essa sua “atitude samaritana”, ele me disse que, infelizmente, não se lembrava desse dia. Aí, então, eu lhe disse: – “Novello, tem razão o grande poeta russo Mayakovsky (Vladimir Vladimirovich) quando disse que as pessoas só se recordam das coisas ruins que acontecem em sua vida. Para mim, aquela situação era muito ruim. Porém, para você, era um gesto de bondade de sua vida, um aspecto marcante de sua personalidade”.

44. Eu também adquiri um exemplar desse livro, em Brasília, e o mantenho até hoje em minha biblioteca. Registro que esse livro foi-me bastante útil por ocasião em que ministrei o primeiro curso de Estrutura da Matéria I, em 1976, na UFPA.

45. Em abril de 1968, por ocasião da Semana Santa, a minha mulher Célia foi me visitar. Como o casal Tiomno foi passar esse feriado santo fora de São Paulo, ficamos hospedados no apartamento deles. Nessa ocasião, tivemos oportunidade de assistir ao filme Os Farsantes, em CinemaScope, no Cine Augusta. Esse filme, estrelado por Elisabeth Taylor e Richard Burton, conta a história da ditadura sangrenta de François Duvalier (“Papa Doc”) no Haiti.

 

46. Dentre os cientistas que conhecemos no apartamento do casal Tiomno, recordo-me do fisiologista turco-brasileiro Haity Moussatché e do físico brasileiro Samuel MacDowell, parente da famosa família paraense MacDowell, conforme ele nos informou. Aliás, em um desses almoços, chegamos a comer uma peixada preparada pelo próprio Moussatché.

 

47. Registre-se que “Tião Medonho” era um famoso bandido carioca que havia liderado o roubo de um trem pagador por aquela época.

 

48. CNPq: Conselho Nacional de Pesquisas (hoje, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico); CAPES-Campanha de Aperfeiçoamento do Ensino Superior; FAPESP-Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.

 

49. Foi o exemplar que eu havia comprado desse livro, em junho de 1968, que serviu para reproduzir as diversas cópias xerox usadas por meus colegas.

 

50. Eu já havia estudado esse livro em um Curso de Extensão que fiz no NFM, em Belém, com o professor Carlos Alberto Dias, em fevereiro de 1962.

 

51. Com relação a esse curso não concluído com o professor Lowenstein, há um acontecimento interessante a registrar. Quando me preparava para realizar o Exame de Qualificação para o Mestrado, em março de 1973, a Comissão de Pós-Graduação do DF/FFCL/USP encontrou uma irregularidade na contagem de meus créditos. Embora completos, havia uma questão a ser resolvida, pois eu não havia obtido crédito na disciplina Mecânica Quântica II, que era obrigatória. Para contornar essa situação e tendo em vista que eu havia trabalhado nessa disciplina com o professor Lowenstein, conforme disse anteriormente, e como este já voltara para os Estados Unidos, o professor Henrique Fleming, que ministrou essa disciplina no segundo semestre de 1969, atribui-me então o conceito B. Aliás, ainda com relação a esses créditos, houve um outro episódio inusitado. Por interferência do Governo Militar, todos os alunos, de graduação ou de pós-graduação, em qualquer Universidade brasileira, deveriam cursar a disciplina Estudo de Problemas Brasileiros, para ter direito ao diploma. Como não havia cursado essa disciplina na USP, a Comissão referida acima permitiu que eu a fizesse na UFPA, o que aconteceu em 1971. Recordo-me que um dos palestrantes recomendou fortemente a leitura do livro Mein Kampf (“Minha Luta”) de Adolf Hitler. Minha nota final nessa disciplina foi 7,5.

 

52. Esses filmes têm os seguintes dados técnicos, que me foram fornecidos pelos amigos, o casal Pedro Veriano e Maria Luzia Álvares. Planeta dos Macacos (1967) de Franklin J. Schaffner, com Charlton Heston (“Capitão George Taylor”), Linda Harrison (“Nova”), os chimpanzés Roddy MacDowall (“Cornelius”), Kim Hunter (“Dra. Zira”), Maurice Evans (“Dr. Zaius”), James Daly (“Honorius”), e Norman Barton, no papel do gorila-chefe do exército de perseguição aos humanos; Ao Mestre com Carinho (1967) de James Clavell, com Sidney Poitier (“Professor Mark”), Faith Brook (“Senhora Evans), e os alunos Lulu (“Bárbara”), Judy Geeson (“Pamela”), Christian Roberts (“Denham”) e Suzy Kendall (“Gilian”); e Os Farsantes (1967) de Peter Glenville, com Elisabeth Taylor, Richard Burton e Raymond St. Jacques como chefe da Força Militar do “Papa Doc”, cujos membros eram conhecidos como os “Tonton Macoutes”; 2001-Uma Odisséia no Espaço (1968), dirigido por Stanley Kubrick, de uma novela homônima de Arthur C. Clarke, com Keir Dullea (“David”), Gary Lockwood (“Frank”) e William Sylvester (“Dr. Heywood”). Aliás, esse filme teve a assessoria científica do físico inglês Freeman John Dyson, cujos detalhes registrou em seu livro Perturbando o Universo (Editora da Universidade de Brasília, 1981).

 

53. Um dos filmes que também uso como ilustração de minhas aulas é o antológico O Dia em que a Terra Parou (1951) de Robert Wise, com Michael Rennie no papel do extraterrestre “Klatoo”, que vi no começo da década de 1950. Uma das cenas que registro em minhas aulas refere-se à solução que “Klatoo” dá ao problema que atormentava um dos maiores físicos de todos os tempos, o germano-suíço-norte-americano Albert Einstein: o “campo unificado”, ou seja, “a geometrização do campo eletromagnético”. Esse problema decorreu do fato de ele haver obtido sucesso com “a geometrização do campo gravitacional”, em 1915. “Klatoo” aproveita a saída rápida de Einstein da sala onde, no quadro negro, lutava por essa “unificação”, para então completá-la. Registre-se que, na época em que Einstein trabalhava nessa “unificação”, começo da década de 1920, os físicos só conheciam esses dois tipos de campos.

54. Nessa moradia, destaco alguns episódios marcantes. Um deles refere-se à ação do famigerado grupo policial paulista: o “Esquadrão da Morte”. Uma certa noite, depois de estudar ouvindo os discos de vinil LP na “Eletrola Phillips” (Paulinho da Viola, Martinho da Vila, Paul Muriat e Vivaldi), preparava-me para dormir quando ouvi gritos e tiros na rua. Apavorados, eu e meus colegas não tivemos coragem de ir até a janela para saber o que estava acontecendo. No dia seguinte, soubemos que encontraram um “marginal” morto perto do Jockey Clube. Por falar neste Clube, eu e o Arnaldo tínhamos a mania de, aos sábados, assistir a corridas de cavalos que nele aconteciam. O que mais nos animava era ver as pessoas na arquibancada torcendo, com a “poule” de aposta nas mãos, pelo seu cavalo preferido. Ainda com o Arnaldo, assisti alguns concertos no Teatro Municipal de São Paulo, nos domingos pela parte da manhã. Um certo domingo, estávamos eu e o Arnaldo na primeira fila assistindo a um concerto. No final do primeiro ato, o concerto enfatizou os “metais”, ou seja, ouvimos o toque estridente dos pratos metálicos. Sendo o meu “sentimento artístico amortecido”, principalmente para “metais”, conforme relatei anteriormente, não voltamos para o segundo ato. Foi ainda durante essa moradia que, para vencer o frio paulista, aprendi a tomar “batida” de cachaça, de diversas frutas, acompanhada de uma fatia de queijo parmezão, no bar O Rei das Batidas, que ficava na Avenida Waldemar Ferreira, próximo de nossa casa. Creio ser oportuno relatar que, quando voltei para Belém e durante muitos anos, reuni meus cunhados [Ronaldo (engenheiro), Geraldo (historiador e professor da UFPA) e Valdir Mártires Coelho (advogado)] e concunhados [Cláudio Cativo Rosa (arquiteto e professor aposentado da UFPA), Pedro Pinho de Assis (intelectual e professor aposentado da UFPA), Luciano Fontenele Cerqueira (administrador) e Antéro Duarte Lopes (economista)] na casa de meus sogros, com quem morava, aos sábados, para noitadas de “batidas” feitas por mim. Às vezes, usávamos também vinhos, que eu tomava com açúcar. Essas noitadas se iniciavam logo que meus saudosos sogros, o escritor Machado Coelho e Dona Celina, se recolhiam para dormir.

55. Foi durante uma aula da professora Carmen que meu colega Humberto França (hoje ele é professor do IFUSP) me disse essa frase lapidar: Bassalo, às vezes, devemos tirar um zero para que saibamos que somos mortais.

56. Lembro-me do saudoso professor Rocha Barros dizer para nós, em suas aulas de Relatividade e Cosmologia, que assistir a essa peça valia pontos para a aprovação em sua disciplina. Anos depois, por volta de 1976, eu e Célia vimos essa peça no Teatro da Paz, com José Celso no papel-título. (Aliás, por ocasião dessa apresentação, este ator veio até a frente do palco e pediu que a platéia batesse palmas. Como o Nagib Charone Filho, meu ex-aluno e um dos espectadores, se recusava a bater palmas, aquele ator o fitou por alguns minutos até o Charone bater palmas.) Gostaria de registrar que uma das falas dessa peça me marcou bastante: Infeliz do país que precisa de heróis. Essa fala foi acrescida por Brecht à famosa fala de Galileu, Eppure si muovi (“No entanto ela se move”), que o sábio italiano teria murmurado depois de negar, perante o Tribunal da Santa Inquisição, que a Terra se movia em torno do Sol.

57. Nesse período em que estive em São Paulo, continuei a melhorar a minha formação cultural. Logo em 1970, vi duas importantes peças de teatro. Com o Arnaldo, assistimos O Balcão, de Jean Ginet, dirigida e produzida pela atriz Ruth Escobar, e encenada por Victor Garcia. Aliás, a ousadia e o engenho da encenação desse franco-argentino motivaram a vinda ao Brasil do próprio autor da peça. Dos diversos atores em cena, recordo-me de Sérgio Mamberti (Juiz), Jonas Mello (Carrasco), Jofre Soares (General) e Ruth Escobar (Madame Irma). Com os meus colegas da UFPA, Paulo de Tarso Santos Alencar e Aurélio Alves do Ó, vimos o musical Hair, dirigido por Ademar Carlos Guerra e produzido por Altair Lima. Esse musical, que aborda questões da juventude norte-americana, ficou famoso no Brasil porque apresentou, pelados, os atores que, posteriormente, se tornariam ídolos “Globais”: Aracy Balabanian, Sônia Braga, Antônio Fagundes, José Wilker, Ney Latorraca e Nuno Leal Maia. Foi ainda com esses dois amigos que participamos da inauguração do Estádio do Morumbi, com o jogo São Paulo X Porto. Por fim, quero ainda assinalar que, no período mencionado e cujos anos não me recordo, com o casal amigo Herberto Gomes Tocantins Maltez (meu ex-aluno no CEPC) e Maria Gil Maltez, vi o show musical de Clara Nunes, Toquinho e Vinícius de Moraes no Teatro da Universidade Católica (TUCA) e, sozinho, assisti a dois filmes marcantes em minha vida, pois, respectivamente, trata da manipulação de pessoas e da importância de se ajudar a comunidade em que se vive. O primeiro deles foi Privilégio (1967), dirigido por Peter Watkins, que conta a história de um cantor de rock, Steve Shorter (Paul Jones) que se rebela contra a manipulação de seu empresário. No final do filme, ele sobe ao palco e diz para a platéia que ele era uma farsa. A platéia, pensando que era uma jogada de “marketing”, aplaudiu-o freneticamente. O segundo, Mulher da Areia (1964), dirigido por Hiroshi Teshighara, trata da chegada de um entomólogo (Eiji Okada), que era um grande pesquisador em Londres, em uma ilha de pescadores, no Japão, para passar as férias. Nessa ilha, banhada pelo oceano, a fúria das ondas depositava areia na praia e, para que as casas não fossem por ela atingidas, as mulheres cavavam trincheiras para contê-la. Durante sua estada, houve uma grande tempestade e o navio que o apanharia de volta para Londres não pôde atracar na ilha e, por isso, ficou preso nela. Como o navio só voltaria no ano seguinte, ele se desesperou porque não poderia continuar suas pesquisas na Inglaterra. Contudo, ao se envolver emocionalmente com uma das mulheres da areia (Kyoko Kihida), observou que os moradores da ilha tinham um grande problema com água potável. Para resolver esse problema, percebeu que, nas trincheiras onde as mulheres recolhiam a areia, a água subia por capilaridade e, nessa subida, perdia o sal da água oceânica, tornando-a potável. Quando, no ano seguinte, o navio foi buscá-lo para voltar a Londres, ele decide ficar na ilha, pois percebera que seria mais útil para a comunidade do que fazendo pesquisas em Londres.

 

58. Registro alguns de meus alunos no CAL. Matemática: Abel Viana de Oliveira (ex-jogador de futebol, bancário e advogado),Alexandre Farah, Amintas Costa, Antonio de Souza Santos (oficial mercante-náutica), Antonio Sobral (militar), Basílio Giordano, Carlos Alberto Monteiro, Carlos Benone, Carlos Elierson de Souza Martins (advogado), Celeste Cavalcante Leitão (professora), Cenilda Maria Vianna Frazão de Santana, Hamilton Augusto Barata, Hélio Gomes Tocantins Maltez (oficial mercante-náutica), João Alberto Guerreiro (bancário), João Bernardino Drumond Martins (advogado), João Jurandir Manito (oficial mercante-máquinas e advogado), José Farah, José Leitão de Almeida Viana [engenheiro, professor da UFPA e ex-Presidente do Clube de Engenharia do Pará (CEP)], José Luiz Pereira, Lúcia Porto, Maria Cavalcante Leitão, Mário Celestino Teixeira, Max Oliveira (advogado), Nildo Raymundo Vianna Frazão (técnico em geofísica), Nivaldo Raymundo Vianna Frazão (contabilista e funcionário da Receita Federal), Osmar Dias Pereira, Paulo Fernando Martins Fernandes Turiel (médico e professor universitário), Pedro Paulo Cardoso, Raimundo Alexandrino Cavalcante Leitão, Raimundo Viana, Roberto Alcântara (professor universitário), Terezinha Sobral e os falecidos Edwaldo de Souza Martins (jornalista e ex-Diretor do Teatro da Paz), Jorge Gonçalves (ator de rádio e TV), José Fiuza de Melo, Luiz Carlos Cardoso da Costa (engenheiro) e Valter Puget (advogado). Física: Abel, Alexandre Farah, Antão Shinobu Ikegami, Carlos Doria, Cláudio Da Luz, Eduardo Bitar (engenheiro), Emanuel Mouta, Ernesto Maia (professor aposentado da UFPA), Euler Arruda Martins (advogado), José Farah, José Maria Borborema (professor da UnB), João Messias dos Santos (advogado), José Braulino Santos, José Viana, Orion Barreto da Rocha Klautau (engenheiro e ex-Diretor: Banco da Amazônia – BASA, Banco do Estado do Pará – BANPARÁ e Central Elétrica do Pará – CELPA), Moisés Lacerda (oficial da Marinha Mercante), Nildo, Nivaldo Vieira (comerciante) e Valter Viana Piani. Agradeço ao Nildo, ao José Viana e ao Orion a lembrança dos nomes acima.

59. Foi em uma turma do Curso Clássico, em 1957, que conheci minha mulher Célia, hoje educadora e professora aposentada da UFPA. Além da turma da Célia, ensinei outras turmas do Curso Clássico, cujos nomes registro a seguir: Turmas de 1957/1958: Agiz Bechir Elias, Alfredo Santana de Oliveira (falecido), Carlos Alberto Aragão Vinagre (educador e jornalista), Débora Maria Martins, Doralinda Pereira Bahia, Evelina Alberta Clyde Skeete (educadora), Eldonor Amorim Coelho, Floriano Clementino Barros, José Maria Rodrigues de Souza, Joaquina Barata Teixeira (professora da UFPA), o saudoso Luiz Pascoal de Alcântara Júnior (educador), Leny Moraes Esteves, Maria de Fátima da Silva Carvalho, Maria Madalena Moraes Araújo, Meryan Branco de Oliveira, Marlene de Aragão Serique, Marlene Coelli Vianna (educadora), Maria Onélia Noronha, Ruzulina Teixeira Noleto, Rosemary Santos Danin, Ruy Alencar Britto de Albuquerque, Terezinha de Jesus Garcia Damasceno e Wilma Augusta do Rosário Miranda; Turma de 1959: Antônio Arinos Oliveira da Fonseca, Antonio Maria de Freitas Leite (advogado e falecido), Antonio Maria de Vilhena Cota (administrador de Empresas e aposentado da PETROBRÁS), Albanira Leão Lobato Bemerguy (desembargadora e Presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Pará – TRE/PA), Aureliano Tavares do Nascimento, Carmen Conceição Tavares Neves, Carmen Lúcia Farias Ferreira Notargiacomo, Deborah Martins, Eudina Agar Miranda de Freitas, Einar Maria de Lemos Rodrigues Collares Brito, Elvira Sombra Soares Carneiro, Elza Rodrigues Dias, Juruema Angelina Magno Silva Bastos (professora aposentada da UFPA), Januário Maciel dos Santos (falecido), José Ildone Favacho Soeiro, Leonor Maria Sampaio (funcionária da Organização das Nações Unidas – ONU), Leonildes Macedo Silva (magistrado aposentado), Lúcio Vespasiano do Amaral (advogado), Marília Barreiros, Maria Celina de Aquino Maciel Neves (biblioteconomista e professora universitária aposentada), Maria José Santiago dos Santos (professora universitária em São Paulo), Maria Alvina Hass Gonçalves Corvo Paim (bacharel em Relações Internacionais, advogada e aposentada da PETROBRÁS), Maria Terezinha dos Santos, Maria Iracema Ramalho E. Santo Oliveira (professora universitária aposentada), Maria da Trindade da Costa Soutello Mendes (professora universitária aposentada), Nadir Pinto Ferreira (professora universitária aposentada), Odette Tancredi (odontóloga), Osmauro José de Oliveira Antunes, Paula Fransinete Pinto Novelino Castro (estilista de moda), Raimunda Célia dos Santos Reis Campos (psicóloga e falecida), Sérgio Raimundo Ribeiro Cunha e Vivaldo de Oliveira Reis Filho (professor de Psicologia da UFPA); Turma de 1960: Edilberto Teles Sirotheau Corrêa (Brigadeiro), Emmanuel Simões Rodrigues Filho (advogado), Guararina Hedy da Costa, Iaci Gomes de Vasconcelos Palheta, Inocêncio Mártires Coelho (professor aposentado da UnB, ex-Procurador Geral da República, advogado e educador), José Carlos Dias de Castro (advogado, filósofo e professor aposentado da UFPA), José da Silva Seráfico de Assis Carvalho (advogado, professor aposentado da Universidade Federal do Amazonas – UFA, e Membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República), Maria Diva Barata (bacharel em Direito e cartorária), Maria Engrácia Corrêa Brandão (advogada), Maria Leda Ribeiro de Barros (professora de Pedagogia nos Estados Unidos da América), Maria Lúcia Fernandes de Brito, Mariza da Conceição R. Valente, Nelly Cecília Soares Paiva (professora aposentada da UFPA, educadora e Membro da Academia Paraense de Letras – APL), Oneide de Lima Coutinho, Pedro Cruz Galvão de Lima (advogado, poeta e publicitário), Rosa Maria Celso Portugal Gueiros (desembargadora), Sandra Isabel Ferreira da Silva, Ubirajara Moreira Rodrigues de Souza (procurador federal aposentado), e os falecidos: Lacy Marques Ferreira, Nezilda de Melo Bentes e Paulo Nunes da Silva (engenheiro). Agradeço à professora Jaciléia Paiva Leitão, à Sra. Deuzarina Cardoso de Castro, respectivamente, Diretora e Secretária do CEPC, pela consulta aos arquivos desse Colégio Público, e à Maria Alvina Hass Gonçalves Curvo Paim, pela relação completa de sua turma.

60. Eu escrevia todas as minhas aulas em cadernos (que, até hoje, se encontram em minha biblioteca particular), tomando como base alguns livros, dentre os quais me lembro dos relacionados abaixo. Para o conteúdo, usava os livros de: Adhemar C. Fonseca (Textos da Escola Técnica do Exército, 1955), Aníbal Freitas (Edições Melhoramentos, 1955), Antônio de Souza Teixeira Júnior e Mário Rizzo, Coleção Didática F.T.D., dos Irmãos Maristas (Editora do Brasil, S/A, 1958), Eduardo Celestino Rodrigues e Rômulo Ribeiro Pieroni (Editora Clássico-Científica, s/d), Francisco Alcântara Gomes Filho, L. P. M. Maia (Editora Latino-Americana, s/d), Roberto Aureliano Salmeron (edição do autor) e Tores Nils Olof Folmer-Johnson e Aldes Marcil Baccaglini. Os livros de exercícios que mais utilizava eram os de Guilherme Bonfim Dei Vegni-Néri (Livraria Francisco Alves, 1941), e a famosa coleção de problemas de I. M. Rozemberg e Max Gevertz. Além desses autores nacionais, eu também lançava mão de textos e traduções de autores estrangeiros, como os franceses J. Lemoine e J. Guyot, os argentinos A. P. Maiztegui e J. A. Sabato (Editorial Kapelusz, 1957), e o alemão P. Scherrer (Ao Livro Técnico Ltda., 1958).

61. Na época em que ensinei no CEPC, as aulas experimentais quantitativas de disciplinas de conteúdo experimental, tais como Física e Química, eram realizadas por professores específicos, denominados de Preparadores.

62. Esse dispositivo, inventado pelo físico holandês Willem Jacob ´sGravesande (1688-1742), era constituído de um anel metálico e uma esfera, também metálica, cujo diâmetro era igual ao diâmetro interno do anel. Quando a esfera era esquentada com uma lamparina, ela dilatava e, portanto, não conseguia passar pelo anel.

63. Com relação às aulas de Óptica que ministrava no CEPC, devo registrar um episódio inusitado. Vejamos qual. Em 1960, por ocasião da campanha da eleição para Presidente do Brasil (ganha por Jânio da Silva Quadros, tendo João Belchior Marques Goulart (“Jango”) como Vice-Presidente, eleito por votação direta), o Marechal Henrique Teixeira Lott, também candidato a Presidente, sendo “Jango” seu Vice, era apoiado pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), conhecido como “Partidão”. Por essa época, eu tinha um Escritório de Cálculo Estrutural, juntamente com meu ex-colega de turma (e de estudos) do Curso de Engenharia Civil, o saudoso João Luís Barreiros de Araújo, do qual já falei no livro CF6, constantemente referido neste artigo. Ele era, em Belém, um dos líderes intelectuais do PCB. Também por essa época existia uma disputa mundial entre comunismo versus capitalismo, principalmente pela vitoriosa Revolução Cubana de Fidel Castro (Ruz), ocorrida em 1959. Pois bem, um certo dia, João pediu-me para dar aulas no CEPC. Encaminhei-o, então, a uma turma do 3o. Científico para ele dar aulas de Óptica. No primeiro dia, ele perguntou aos alunos: “Em quantas partes se divide a Óptica?”. Em duas, Geométrica e Física, eles responderam. Ele retrucou dizendo: “Isso é o que os livros didáticos dizem. Na realidade, ela se divide em duas partes, porém da seguinte forma: Óptica dos países que constroem aparelhos ópticos, e Óptica dos países que compram esses aparelhos. Eu não estou aqui para ensinar Óptica, isso o Bassalo sabe fazer bem, estou aqui para ensinar em quem vocês devem votar. Votem no Lott, que é o candidato do “Partidão”, pois ele (Lott) vai tirar o Brasil do jugo dos imperialistas americanos. Até logo”. E nunca mais voltou. Aproveito esta oportunidade para fazer um rápido comentário sobre a minha ideologia política. Apesar de ser colega de turma, de estudo, e sócio do João Luiz e, também, de participar de conversas com alguns membros do “Partidão”, Secção do Pará (dentre os quais, recordo-me do Coronel da Aeronáutica Jocelyn Barreto Brasil Lima, do Humberto Lucena Lopes, Secretário Geral do PCB, do engenheiro rodoviário Pedro Paulo Vilhena, do bancário Raimundo Jinkings e presidente do Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), e do poeta e professor Ruy Guilherme Paranatinga Barata, de quem fui muito amigo), em sua casa, na Rua Dom Romualdo de Seixas onde, inclusive, funcionava o nosso Escritório, nunca me filiei ao “Partidão”. Por quê? Não sei, talvez por nunca haver sido convidado. A razão de não ser convidado, certamente, se relaciona com o fato de eu não ser um militante de esquerda (apenas simpatizante) e, portanto, nunca haver participado, como estudante em Belém, do Centro Cívico “Honorato Filgueiras” (CCHF), da União dos Estudantes dos Cursos Secundários do Pará (UECSP), do Diretório Acadêmico de Engenharia (DAE), da União Acadêmica Paraense (UAP), e da União Nacional dos Estudantes (UNE). Como professor, eu apenas assinei o Manifesto dos Sargentos, mas não assinei o Manifesto Pró-Cuba, de 1961. Essa minha militância “não subversiva” pode ser vista no recente livro intitulado 1964: Relatos Subversivos – Os Estudantes e o Golpe Militar no Pará (Edição dos Autores, Belém, 2004),com depoimentos de Pedro Galvão, Roberto Cortez, Ronaldo Barata, Isidoro Alves, José Seráfico, André Costa Nunes, João de Jesus Paes Loureiro e Ruy Antonio Barata, e no qual, em suas 307 páginas, meu nome não aparece uma única vez. Em tempo: João Luiz era comunista da linha “khruschevista”, a que lutava pela implantação mundial do comunismo por via pacífica, pois ele estudou na União Soviética, em 1960, na Universidade da Amizade dos Povos “Patrice Lumumba”, na época em que Nikita Khruschev era o Premier. Por falar no João Luiz, não poderei deixar de narrar meu último encontro com ele e com sua mulher Leide Britto. Com o Golpe Militar de 1964, ele foi considerado um “perigoso” comunista e, portanto, deveria ser preso. Para escapar dessa situação, João e Leide fugiram para Cuba deixando o filho Luís Sérgio, recém-nascido, com a mãe do João, Dona Luzemira. Depois de passar uma temporada em Cuba, ele voltou para São Paulo, via Tchecoslováquia. Em 1973, por intermédio de um amigo meu, o físico Sílvio Roberto de Azevedo Salinas (professor da USP), também membro do PCB, conseguiu um encontro com o casal, em um restaurante do Largo do Arouche, em São Paulo. Depois de revermos nossas vidas, após aquele Golpe, perguntei-lhes o que faziam. Quando me disseram que trabalhavam em uma empresa de engenharia norte-americana de saneamento básico, disse ao João que estava bastante decepcionado, pois ele estava negando o que sempre pregava, em Belém, isto é, que o imperialismo norte-americano era a causa da pobreza do Brasil. Ao deixar-me no apartamento onde morava, com o amigo Adriano Alber de França Mendes Carneiro (meu ex-aluno no CEPC e atual professor da USP/SC), na rua Maria Antônia e defronte da Universidade Mackenzie, virei-me para o João Luiz e disse-lhe que nunca mais queria falar com ele. Depois disso, nunca mais o vi. Fiquei profundamente abatido quando soube de sua morte, em outubro de 1996, pois havia compreendido que como ele era perseguido pelos militares, e como se encontrava clandestinamente em São Paulo, só havia uma maneira para ele, Leide e filhos sobreviverem condignamente: trabalhar “maquiavelicamente com o inimigo”. Para amenizar esse triste episódio, vou encerrar esta nota com um acontecimento hilário, e ainda relacionado com a polaridade esquerda (comunismo) versus direita, referida acima. Nós, professores que dávamos aulas no CEPC [dentre os quais, recordo-me dos falecidos Acy de Jesus Barros Pereira, Antônio Gondim Lins (“Cachorrão”), seu filho José Constante Lins (“Cachorrinho”), Irawaldyr Waldner Moraes da Rocha e Pedro Amazonas Pedroso, e ainda Benedito de Abreu Sá (B. Sá), hoje com 90 anos de idade, Manoel Leite e Manoel Campbell Moutinho], antes do início do período vespertino das aulas (1 hora da tarde), discutíamos bastante sobre aquela polaridade, particularmente sobre a referida Revolução Cubana. Depois de uma acirrada discussão entre B. Sá (pró-comunismo) e Gondim (pró-capitalismo), ouvi o primeiro dizer: “Olha, Gondim, eu só não te dou uma porrada porque és um velho decrépito”. Em virtude do mal-estar gerado por essa frase, desci até a cantina onde já se encontravam o Irawaldyr e o José Lins, tomando café, pois haviam descido antes de a discussão acima referida engrossar. Entrei e, sem me dar conta da presença do “Cachorrinho”, disse ao saudoso e inesquecível amigo Irawaldyr: “Ira, o B. Sá esculhambou o ‘Cachorrão’ agora lá em cima”. Ele olhou para mim, me apontou o “Cachorrinho”, e deu uma risada tão grande que sujou todo o meu paletó com o café que ele estava bebendo. Fiquei chateado por haver cometido essa tremenda “gafe”, porém não podia fazer mais nada, a não ser pedir para a comadre da cantina que me emprestasse um pano úmido para limpar o meu paletó das golfadas de café lançadas pelo Irawaldyr. Ah! sim. Naquele tempo, dávamos aula de paletó e gravata e, como ainda hoje, éramos mal pagos!

64. O fato de eu formular as questões sem copiar de nenhum livro resultou em dois episódios que creio ser interessante registrar. O primeiro ocorreu em uma prova que estava passando para a turma da minha mulher Célia, então minha namorada. Ao receber a prova, ela ponderou que faltava um dado em uma das questões que formulei. Disse-lhe que não faltava nenhum dado, e que ela tratasse de fazer a prova. Ela, certa do que estava dizendo e com raiva da minha resposta agressiva, entregou a prova em branco, o que significava que ela mereceria a nota zero. Pois bem, quando fui corrigir as provas, verifiquei que ela tinha razão. Decidi, então, que a questão estava nula, e que todos os estudantes teriam acrescentado ao valor obtido na prova mais os três pontos da questão anulada. Assim, a Célia ficou com a nota três. O segundo episódio foi lembrado por um outro de meus alunos, o Walbert da Silva Monteiro, advogado e Editor-Chefe da revista Ver-o-Pará. Em uma das provas que passei, formulei uma questão sobre movimento uniformemente retardado. Eu imaginei uma pessoa presa em um trilho ferroviário e com um trem se aproximando dela. O maquinista, ao perceber a situação, freou a composição. Os dados que apresentei indicavam que o trem parava antes de atingir a pessoa. No final da questão, eu perguntava: a pessoa viverá ou morrerá? Uma contemporânea do Walbert, Solange Soares Affonso (engenheira-doutora e aposentada da Furnas Centrais Elétrica do Brasil S.A.), respondeu que a pessoa morreria, de susto! Pela criatividade da resposta, dei-lhe a nota máxima: 10. Foi uma surpresa para seus colegas pois eu tinha a “fama” de nunca atribuir essa nota aos meus alunos. É oportuno ressaltar que a idéia de despertar a criatividade de meus alunos ainda hoje eu a uso nas provas que formulo na UFPA, uma vez que sempre proponho uma questão na qual peço que o estudante formule e resolva um problema sobre um tema proposto. Para detalhes sobre essa minha postura, ver meu artigo intitulado Ensino: “Bancário” ou Holístico?, CBPF-CS-002/03 (maio de 2003).

65. Além do CAL e do CEPC, também lecionei no Colégio “Santa Rosa” (CSR), no qual tive as seguintes alunas: Aline Ferreira de Moraes Rego e Ana Célia Coutinho de Mesquita (médicas), Ana Monteiro Diniz (jornalista), Carmelina Nobuko Kobayashi (professora de Física aposentada da UFPA), Célia Maria Fontenele Cerqueira Gomes (médica), Clara Alcaim, Clara Marcos Pinto Nardi (advogada e bailarina), Cleide Maria Lôla (médica), Dayse da Conceição de França Paiva, Deolinda Silva Martins (engenheira), Gracemi de Carvalho Nobre, Liliam Maria Soares Noronha, Lúcia Vieira de Souza (odontóloga), Maria Apolônia da Costa Gadelha (médica), Maria Célia Arevalo Barros, Maria Cristina de Oliveira (médica), Maria da Conceição Figueiredo Cardoso, Maria de Lourdes de Melo Castelo Branco (médica), Maria de Nazaré Cardoso Alves, Maria de Nazaré Pinheiro Bastos, Maria dos Remédios Sertão de Souza e Maria Frassinetti Soares (médicas), Maria Helena Tanoeiro Fontes (odontóloga), Maria Luzia Langanke (engenheira), Marly Miranda de Assumpção e Mirna Saraiva (advogadas), Mirian Victória Pimentel (médica), Raimunda Ribeiro do Nascimento, Selma Latif Resek Roumie (advogada), Sílvia Helena de Almeida Contente, Vera Lúcia da Silva Sampaio, Wanda Maria Bandeira Medeiros, Yonilda Joana Fernandes Carvalho, Yoshie (Laura) Ogasawara (médica) e a falecida Maria Lúcia Caetano Rendeiro. Agradeço a Célia Gomes e Yoshie (Laura) por conseguirem, junto ao CSR, a relação descrita acima. Creio ser oportuno dizer que a Laura, aposentada da Medicina, é hoje ministra da Eucaristia na igreja de Santo Antonio de Lisboa, na Praça Batista Campos, a qual freqüento mensalmente.

66. No CEPC, o nosso Curso Vestibular era gratuito. No CSR, esse Curso recebeu o nome de “Isaac Newton” e era remunerado. Como ele apresentava uma proposta que significava uma mudança de paradigma nos Cursos Vestibulares existentes em Belém, quiçá no Brasil, ele teve uma duração efêmera.

67. Para a história do NFM, ver: LIMA, W. N., ALENCAR, P. T. S. e BARBOSA, R. S. IN: Anais do Simpósio sobre a História da Ciência e da Tecnologia no Pará, Volume 1, p. 113, 1985, GEUFPA. Este Simpósio foi organizado pela UFPA, pela Sociedade Brasileira de História da Ciência (SBHC) e pela Academia Paraense de Ciências (APACi), 17-21 de junho de 1985, em Belém.

68. No preparo dessas aulas eu usava, basicamente, os textos: SEARS, F. W. 1949. Introducción a la Termodinámica, Teoría Cinética de los Gases y Mecánica Estadística, Editorial Reverté, S. A., e BRUN, E. A. 1950. Curso de Calor e Termodinâmica, Editora da Escola Técnica do Exército. (Tradução do Capitão Canguçú Taulois de Mesquita.) Meus alunos dessa disciplina foram os seguintes. Em 1961: Ely Benevides de Souza (tenente-coronel da Aeronáutica), José Anchieta Esmeraldo Barreto – Irmão Roberto (ex-Reitor da Universidade Federal do Ceará), Ruy Celso Ferreira Moura (falecido) e Selma Amadora Lima Henriques Santalices. Em 1962/1963: Agostinho Linhares de Souza (ex-vereador, ex-Deputado Estadual Constituinte e professor aposentado da UFPA), Roberto Gonçalves Neves (professor aposentado da UFPA), e os saudosos Antônio Luís Ewerton Ramos (bancário) e João Batista Cordeiro de Melo (general do Exército).

69. Dentre os alunos para os quais ensinei essas disciplinas, recordo-me dos seguintes: Gerson Vasconcelos Gomes e Heloi José Fernandes Moreira, professores do DEEUFPA (hoje, professores da UFRJ), e os alunos, também desse Departamento: Álvaro Augusto da Costa Silva, Antonio José Alves Simões Costa, Antonio Simões Pires, Francisco Edson Lopes da Rocha, Gabriel Berbary Mansur, Hugo de Miranda Sandres Sobrinho, Julio Mário Arruda de S. Rodrigues, Luís de Jesus Donadio Crispino, Reinaldo Dias Brito e Pedro Leon da Rosa Filho. Registro que Antonio Pires, Hugo Sandres e Luís Crispino foram também meus monitores. Além desses alunos do DEEUFPA, recordo-me de Anfilóquio Leão Bezerra, do Departamento de Engenharia Mecânica; de Paulo Bello da Costa Lima, Edimilson Jesus Martins, Eduardo Cairefront Dias Maia, José Ribamar Teixeira da Costa, Paulo de Tarso Souza, Raimundo Aguiar Guimarães Neto e Raimundo Pinheiro de Moura, do Departamento de Engenharia Civil; de Carmelina Nobuko, Eliel Maria de Moraes, Elsen Alfredo Santos Alencar, João Sandoval Bittencourt de Oliveira, Luiz Sérgio Guimarães Cancela e dos saudosos Curt Rebello Sequeira, Humberto Waldir de Magalhães Dias e Luciano Santos Oliveira, do Departamento de Física; e de Antonio Lacerda Lima, Ivan Alves da Silva (falecido), Maria de Lourdes Soares Oliveira, Osvaldo Batista Sá e Sérgio de Mello Alves, do Departamento de Química.

70. Para preparar essas aulas eu usava, basicamente, os famosos três volumes do Sears: SEARS, F. W. 1956. Mecânica, Calor, Acústica (I); Magnetismo, Eletricidade (II); Ótica (III), Ao Livro Técnico, Ltda., Rio de Janeiro. Com a publicação do livro Physics for Students of Science and Engineering,dos físicos David Halliday e Robert Resnick, em 1960, pela editora John Wiley and Sons, passei também a utilizá-lo naquele preparo.

71. Os alunos-cobaia dessa experiência são hoje professores aposentados da UFPA: Aurélio Leal Alves do Ó, Gerson Raposo, Ieda Raposo Moura, Jorge da Cunha Morgado, José de Ribamar Seguins Gomes, Leopoldino dos Santos Ferreira, Orlando José Carvalho de Moura, Manuel José Correa Neto, Paulo de Tarso Santos Alencar, Paulo Sérgio Fontes do Nascimento (ex-aluno do CEPC), Reginaldo de Campos e o saudoso Paulo Roberto Oliveira e Souza. Registro que o Paulo Alencar, aposentado em 1991, voltou a ensinar na UFPA pois, em 1998, prestou concurso público para Professor Adjunto.

72. Por um período de aproximadamente dois meses, em 1967, ministrei a disciplina Estabilidade das Construções para alunos do Quarto Ano de Engenharia Civil na EEP, tomando como texto o livro intitulado Hiperestática Plana e Geral I (Editora Científica, RJ, 1954), do engenheiro brasileiro Aderson Moreira da Rocha. Como os Escritórios de Engenharia em Belém usavam um método gráfico, o método dos pontos fixos, para calcular estruturas em concreto armado dos prédios construídos em nossa cidade, aceitei lecionar aquela disciplina para ensinar, aos futuros engenheiros civis, um novo método de cálculo estrutural, analítico e baseado no método de Cross, que eu utilizava em meu Escritório de Cálculo Estrutural, juntamente com os então acadêmicos de engenharia: Afonso Okitogu Sawaki, Cecília Takahashi, José Augusto Soares Affonso, Leônidas Alves de Souza, Lauro Couiti Inagaki e Roberto Valente. É oportuno dizer que aprendi o método de Cross no livro francês intitulado La Méthode de Cross et le Calcul Pratique des Constructions Hyperstatiques – Théorie et Applications (Editions Eyrolles, Paris, 1960), do engenheiro francês Pierre Charon. Dificuldades de ordem ideológica com alguns professores da EEP, apoiados pela sua Direção, fizeram-me interromper essa inovação que pretendia implantar nessa Escola. Ver detalhes no CF6. Dentre os alunos que tive nesse pequeno período, recordo-me dos engenheiros civis: Fernando de Souza Flexa Ribeiro [empresário, um dos sócios da Engenharia e Planejamento – ENGEPLAN, ex-professor da UFPA, Senador da República e Engenheiro do Ano (CEP)-1994], Carlos Augusto Valério e Albano de Oliveira Martins.

73. Eu já descrevi alguns aspectos do ensino pioneiro dessas disciplinas no CF6. Contudo, aproveitarei a oportunidade para relatar um outro aspecto desse pioneirismo, qual seja, a escolha de livros-textos. No final de 1969, fui procurado por um aluno de Engenharia Elétrica, João Bosco da Mota Alves [hoje grande especialista em Robótica e Professor Titular na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)] para ministrar a disciplina Teoria Eletromagnética para a sua turma, no ano seguinte, em 1970. Para isso, usei o livro do S. Ramo, J. R. Whinnery e T. Van Duzer e intitulado Fields and Waves in Communication Electronics, John Wiley, New York, 1965. Pois bem, quando iniciou, em 1972, o seu mestrado naquela Universidade, ele observou que a disciplina Teoria Eletromagnética, do currículo desse mestrado, usava aquele livro como texto. Contudo, como ela não era obrigatória para área de concentração (Sistema de Controle) em que se matriculara, ele fez o seguinte comentário para seus colegas: “Iria ser moleza fazer esse curso, pois eu já estudei esse livro na minha graduação na UFPA”. No princípio, seus colegas não acreditaram. Contudo, discussões sobre esse livro com os colegas que o estavam estudando, mostraram que o Bosco não havia mentido. Dessa turma do Bosco, os engenheiros eletricistas de 1971, registro ainda os nomes de: Antonio Dias da Silva (falecido), Antonio Eloy Maranhão dos Santos, Carlos Alberto Strauss Vieira, Eduardo Tannus Tuma, Gervásio Protásio dos Santos Cavalcante (professor Titular do DEECUFPA), Haroldo dos Santos Freitas, José Alfredo de Assis Miranda, José Henrique Aguiar Lobão, José Manoel da Conceição Gonçalves Matos, Moisés Bemerguy, Otonildo Macedo, Reinaldo Dias Brito, Rubens Donati Jorge, Tadeu da Mata Medeiros Branco (professor Titular aposentado do DEECUFPA), Vítor Nelson Sodré da Mota e Yuko Higuchi. Agradeço ao Bosco, Gervásio e Tadeu, a lembrança desses nomes. Gostaria, também, de registrar os nomes de alguns alunos que estudaram, comigo na década de 1980, essa disciplina no DFUFPA: André Luiz de Oliveira, Ápio de Araújo Conte, Benedito Ubaldo Vilhena, Edson Pojo Lima, Gandhy Yeddo da Rocha Aranha Junior, Helyelson Paredes Moura, Joaquim Carlos B. Queiroz, Jorge Emanoel Amanajás Cardoso (engenheiro e Deputado Estadual pelo Estado do Amapá), Jorgina Sequeira de Oliveira, José Ivan Ferreira de Oliveira, José Raimundo Campos Macias, Luiz Antonio de Oliveira Nunes (professor da USP/SC), Luzilena Socorro Fernandes de Oliveira, Miguel Clarindo Santos Ribeiro e Sérgio Vizeu Lima Pinheiro (professor do DFUFPA).

74. Para essa disciplina, na qual estudei a Mecânica dos Meios Contínuos por intermédio da Análise Tensorial, preparei Notas de Aulas que, em 1973, foram transformadas no livro Introdução à Mecânica dos Meios Contínuos, editado pela UFPA. Conforme afirmei, ensinei essa disciplina pela primeira vez, em 1970, para a turma de Engenharia Elétrica. Há um caso curioso a relatar sobre essa turma. Quando eu ia passar a prova final, em junho daquele ano, os alunos vieram falar comigo e disseram o seguinte: “Bassalo, como esse foi um curso inédito na Escola de Engenharia, já que foi pela primeira vez usado o Cálculo Tensorial para estudar os meios contínuos, nós iremos ser reprovados, conforme atestam os resultados das provas que fizemos anteriormente contigo. Assim, propomos que consideres o curso como não ministrado e voltes a ensiná-lo no segundo semestre, pois usaremos as férias de julho para estudar tensores”. No final do segundo semestre vi que eles haviam realmente estudado tensores, pelos excelentes resultados que obtiveram nas provas que realizei sobre a dinâmica dos meios líquidos e gasosos. Em vista disso, quero aqui homenagear esses heróicos e inéditos alunos: Abraham Benzecry, Aldemir do Amaral Teixeira, Américo Ianino Soares, Antônio Lúcio da Costa Rayol, Daniel Augusto Martins, Franklin Campos Contente Filho, Jorge Koury Bechara, Jorge Wilson Couto, José Elísio Brito Silva, Luciano Sérgio Nicolau da Costa, Luiz Carlos Costa Cavalcante, Moacyr Cláudio Gomes, Raimundo José Santos Mota, Roberto Maruoka, Rui Luiz Gomes da Silva e Salomão Zagury. Agradeço ao Rui e ao Rayol a lista acima. Creio ser também oportuno registrar que quando esses alunos se formaram, em 1972, me escolheram como o Patrono da Turma. Contudo, a velha questão ideológica entre mim e alguns setores reacionários da UFPA fizeram com que eu não proferisse a oração oficial como Patrono Geral dos Cursos de Engenharia, naquele ano de 1972. Para detalhes dessa questão, ver o CF6. Registro ainda que, em 1978, ministrei a disciplina Mecânica dos Meios Contínuos para o Curso de Bacharelado em Física do DFUFPA, tomando o livro referido acima como texto. Recordo-me que foram meus alunos nessa disciplina: Grácio Paulo Pessoa Serra e Pericles Oliveira Junior (professores da Universidade da Amazônia – UNAMA), Carlos Alberto Alves (professor aposentado da Fundação Universidade Federal do Tocantins), Orlando Tadeu de Lima (professor da Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA), Ápio Conte, Ivan Carlos Ferreira Neves [professor do Núcleo Pedagógico Integrado da UFPA (NPI/UFPA)], Altem Nascimento Pontes e Elinei Pinto dos Santos (estes dois últimos são professores da UFPA). Com relação ao livro citado, gostaria de registrar que nele homenageei a memória de meu mestre Ruy Britto, que morrera no dia 16 de março de 1970. Recordo-me que, antes de ir à EEP para ministrar uma das aulas de Mecânica dos Meios Contínuos para a heróica turma acima registrada, li nos jornais de Belém sobre a morte dele, no Rio de Janeiro. Iniciei a aula pedindo um minuto de silêncio em homenagem a ele, por haver sido catedrático dessa Escola, bem como por haver-me iniciado na Matemática Moderna, conforme já fiz referência neste artigo.

75. Para a disciplina Física Geral, usei o livro: OREAR, J. 1971. Física, Livros Técnicos e Científicos Editora Ltd.; para Estrutura da Matéria I, os livros: Wehr, M. R. and Richards Jr., J. A. 1960. Physics of Atom, Addison-Wesley Publishing Company, Inc., BEISER, A. 1967. Concepts in Modern Physics, McGraw-Hill Book Company, Blackwood, O. H., Osgood, T. H. e Ruark, A. E. 1960. Introdução à Física Atômica, Editora Globo, e LEIGHTON, R.B. 1959. Principles of Modern Physics, McGraw-Hill Book Company; para Desenvolvimento da Física, preparava Apostilhas que foram as bases de minhas posteriores Crônicas da Física; e para Introdução à Física das Partículas Elementares, os livros por mim utilizados foram: Longo, M. J. 1973. Fundamentals of Elementary Physics, McGraw-Hill Kogakusha, Ltd., Leon, M. 1973. Particle Physics: An Introduction, Academic Press, e Williams, W. S. C. 1971. An Introduction to Elementary Physics, Academic Press. Registro que, nos primeiros anos que ensinei a disciplina sobre Partículas Elementares, tive os seguintes alunos: Edimilson dos Santos Moraes, Jessé Carvalho Costa, Petrus Agripino Alcântara Junior e Sanclayton Geraldo Carneiro Moreira, professores da UFPA; Arlindo Tavares de Souza, Armando Sequeira Penela (físico e médico), Ápio Conte, Elda Rocha, Gabriel Pinto de Souza, Ivan Carlos Ferreira Neves, Joaquim Carlos B. Queiroz, José Felipe Almeida, José Ivan, Luiz Antonio Nunes, Orlando Lima e Pericles Oliveira Junior. Registro, também que, na disciplina Desenvolvimento da Física, a qual ministro até hoje, eu apresento o desenvolvimento histórico-conceitual da Física, desde os gregos antigos até o momento atual. Recordo alguns alunos dessa disciplina, na década de 1980: André Oliveira, Angel Edgar Jardim Pinheiro, Edson Lima, Faustino Bartolomeu Alves Pimenta, Jorgina Sequeira, Francisco Orivaldo M. Marinho, José Guilherme Rocha de Lima (professor em Illinois, nos Estados Unidos da América e um dos descobridores do quark top), José Reinaldo Cardoso Nery (professor da Fundação Universidade Federal do Amapá), Manoel Raimundo dos Santos Junior (professor da UFPA), Márcio Benchimol Barros, Rubens Silva e Sérgio Vizeu Lima Pinheiro (estes dois são professores do DFUFPA).

76. Além das disciplinas citadas, lecionei, também [até o presente momento (setembro de 2004)] as seguintes disciplinas: Física Geral; Estrutura da Matéria II; Mecânica Clássica I, II; Física I, II, III, IV; Eletromagnetismo Clássico I, II; Métodos da Física Teórica I, II; Física Estatística I; e História da Ciência. É oportuno destacar que, para a disciplina Física Estatística I, preparei Notas Aulas nas quais a Termodinâmica e a Mecânica Estatística foram tratadas de maneira inédita, em Belém, respectivamente, por intermédio das Formas Diferenciais e dos Propagadores de Feynman. Essas Notas fazem parte do livro que eu e os professores Mauro Sérgio Dorsa Cattani, professor Titular da USP (meu orientador das Teses de Mestrado e de Doutorado) e Antônio Boulhosa Nassar, professor da Universidade da Califórnia (meu ex-aluno na UFPA), publicamos pela EDUFPA, em 2000, intitulado Aspectos da Física Contemporânea. Os alunos dessa disciplina foram: Alexandre Sérgio de Miranda Dourado, Andrey Gomes Martins, Doriedson Alves da Rosa, Eduardo José Brandão Gonçalves, Eduardo Marcos R. dos Passos, Elinete Oliveira Raposo, Gunar Vingre da Silva Mota, Henrique Silva Moraes, José Thales Soares de Souza Junior, Julio Cezar Mendes Lobato, Julio R. V. Neto, Leônidas Lopes de Melo, McGlennon da Rocha Régis, Pedro Pontes da Silveira, Vanilson Gomes Pereira, Wagner Fonseca Barros e Wilson Ricardo Matos Rabelo. Creio ser ainda oportuno registrar que, quando ministrei a disciplina Eletromagnetismo Clássico II, em 1999, ensinei pela primeira vez em Belém, para alunos de graduação, Tópicos de Eletrodinâmica Quântica, envolvendo a solução da equação de Dirac, conforme se pode ver nas Notas de Aulas que preparei para aquela disciplina. A idéia de trabalhar com essa equação no Bacharelado de Física decorre da proposta de modificação do Currículo do Curso de Graduação (Licenciatura e Bacharelado) de Física da UFPA, que apresentei em artigo que foi veiculado no sítio (“site”) do DFUFPA, e discutida por ocasião da Semana de Física, em 2002. Os alunos dessa disciplina foram: Alberto Limonta Lobo Conceição, Carlos Alberto Brito da Silva Junior, Eduardo Marcos Rodrigues dos Passos, João Alex Chagas Fortuna, Jurandir de Oliveira Bentes, Leoberto Lopes Brabo, Lourival Beltrão Martins Junior, Luiz Moreira Gomes, Martin Max Luís de Castro Negão, Mauro Irineu Varela, Orival Rocha de Medeiros, Pedro Pontes da Silveira, Reginaldo da Trindade Lima da Silva, Rosinaldo Pantoja de Freitas, Samuel Maciel Corrêa, Sheila Cristina dos Santos Costa, Wagner Fonseca Barros e Walter Neil Marques de Melo.

77. Nesse Curso, preparei Notas de Aulas baseadas, 77.principalmente, nos livros Éléments de Calcul Tensoriel (Librairie Armand Colin, 1967) do físico francês A. Lichnerowicz, Vectores y Tensores com sus Aplicaciones (Editorial Universitária de Buenos Aires, 1961) do matemático argentino Luís A. Santaló, e Calculo Vectorial Intrínseco (Editorial Dossat, S. A. 1951) do engenheiro espanhol Carlos Mataix Aracil. Dentre os diversos alunos que o freqüentaram, lembro-me dos engenheiros: Alberto Gabay Canen (meu ex-aluno do CEPC e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ), Nagib Charone Filho (meu ex-aluno do CEPC e professor do Centro Tecnológico da UFPA), Deslisle Lopes da Silva (professor aposentado da UFPA) e Mirandir Dias da Silva, e da matemática Maria do Socorro de Oliveira Pereira (professora no Rio de Janeiro).

78. Com relação a esse Curso, existe uma história curiosa. O delegado do 7o. Núcleo do IPR, em Belém, era o meu amigo e colega do DMER, o engenheiro Antonino Cantão do Amorim Filho. Pois bem, quando ele foi entregar o Relatório Final do Curso para o engenheiro Homero Henrique Rosa Rangel, Diretor do Instituto de Pesquisas Rodoviárias (IPR), sediado no Rio de Janeiro, ele ficou impressionado com as Notas de Aulas (que acompanhava o Relatório) que eu havia preparado para esse Curso: dois volumes, com cerca de 300 páginas cada um deles. Creio ser oportuno registrar os nomes dos alunos que freqüentaram esse Curso: Adalberto Corinto Barroso Ribeiro [Engenheiro do Ano (CEP)-1985], Adelman Moreira Ribeiro, Adolfo Henrique Muller, Afonso Albuquerque Negrão Neto (ex-Presidente da TELEAMAPÁ), Anfilóquio Leão Bezerra, Antonio A. Pinto Gonçalves, Antonio Emílio P. Camacho, Emir Beltrão da Silva, Delmiro Nazaré Gomes de Lima, Felipe Manoel T. Gomes, Francisco Alberto Cavalcante Rocha, Gildo Confortim, Ivan Lopes de Carvalho, João Alberto Fernandes Bastos, João Maria Smith, João Nildo de S. Vianna, João Simpliciano Medeiros, Jorge Marcolino da Costa, José Afonso da Silva Arias, José Ramos Gomes, Laércio Brasil Monteiro, Luiz Fernando da Silva, Luiz Otávio Brito de Souza Ferreira, Manoel de Jesus M. da Costa, Manoel de Jesus S. de Carvalho, Nora Miranda M. de Abreu, Odemar Novaes Coutinho Filho, Paulo Marques e Silva, Piergiorgio Mattietto, Raimundo E. B. Mascarenhas, Rubens Pires (professor da UFPA) e Sônia Maria Penna da Gama.

79. Para o primeiro desses Cursos, preparei Notas de Aulas, nas quais, por exemplo, mostrei as razões históricas da famosa equação de Schrödinger. Para os dois outros Cursos, usei o meu livro sobre Mecânica dos Meios Contínuos e as Notas de Aulas que hoje constituem os textos Métodos da Física Teórica I, II, mais tarde utilizados nas disciplinas que ministrei no DFUFPA. Dentre os alunos que freqüentaram esses três Cursos, recordo de: Alberto Adade Filho [professor no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA)], Antonio Morais da Silveira (professor da UFPA), Djalma Oliveira, Luiz Machado, José Augusto Lima Barreiros [professor do DEECUFPA e Destaque Científico (CEP)-2004], Marcos Ximenes Pontes (professor da UFPA, ex-Reitor da UFPA e ex-Secretário Especial de Ação Social do Estado do Pará), Manoel dos Reis Claúdio Monteiro, Raimundo Mota (professor do DEECUFPA), Milton Silva da Rocha e Wilson Pacheco Ferreira (professor do DEECUFPA).

80. Muito embora oferecido a professores e concluintes do DFUFPA, somente dois alunos concluíram o Curso sobre Grupos: Ruynet Lima de Mattos Filho, atualmente professor de Física da UFRJ, e Pelayo Gentil Neto que, além, de físico e médico, é doutor em Biofísica. É oportuno registrar que nesse Curso foram estudados pela primeira vez em Belém, os Grupos SU(2) e SU(3) e suas aplicações na Teoria do Momento Angular e na Estrutura Quarkônica das Partículas Elementares. No segundo Curso, no qual foi analisado a evolução histórica dos conceitos físicos, concluíram os seguintes alunos: Esmaelino Cesar Mouzinho Guimarães, Jorge Luiz Pereira Campos, José Luiz Vieira Costa Junior, Orlando Cláudio Bentes Beltrão e Roberto Dias Lima.

81. Esse Curso foi idealizado por mim e pelo professor Paulo Alencar, em 1975, com o incentivo de meu saudoso amigo, o matemático Guilherme Maurício Souza Marcos de La Penha. Embora o Curso de Especialização da Física tenha se iniciado somente em 1981, nossa idéia foi institucionalizada na UFPA, a partir de 1976. Inicialmente com a Especialização em Teoria Literária, seguida da Especialização em Engenharia Elétrica, na qual ensinei, conforme referi anteriormente.

82. Nessas duas disciplinas, para as quais também preparei Notas de Aula, ministrei temas inéditos em Belém. Por exemplo, na de Métodos Matemáticos, resolvi algumas equações diferenciais lineares de coeficientes variáveis, por intermédio das Funções Especiais da Física: Legendre, Bessel, Hermite, Laguerre e as Hipergeométricas. Na de Eletrodinâmica, cheguei a ensinar as equações de Maxwell na forma tensorial, para os três únicos alunos-professores: os atuais professores do DFUFPA, Fátima Nazaré Baraúna Magno e Sanclayton Geraldo Carneiro Moreira, e Ruth Helena da Cruz Xerfan, professora aposentada do Núcleo Pedagógico Integrado (NPI) da UFPA.

83. Antes, em 1988, eu lecionei a disciplina Universidade e DesenvolvimentoCientífico e Tecnológico para o Curso de Especialização para Bibliotecários de Instituições de Ensino Superior, na UFPA, coordenado pelo professor Clodoaldo Fernando Ribeiro Beckmann. Nas aulas, eu usava textos que publiquei sobre o tema, em jornais e Revistas Especializadas. Em algumas dessas aulas, houve a colaboração do estimado amigo Arnaldo Prado Junior, já que o tema dessa disciplina sempre foi (e ainda é) objeto de nossa discussão desde que o conheci no Curso de Arquitetura, em 1966, quando trabalhei com ele na disciplina Estruturas de Edificações, que ele lá ensinava. Em tempo. Nesse ano de 1966, nas duas únicas aulas (topografia e locação de pilares) que ministrei para esse Curso (veja as razões dessas duas únicas aulas no CF6), lembro-me dos atuais arquitetos: Armando Mendonça, Avelino Tavares de Souza e Silva, Belízia Lena Levy, Cicerino Cabral do Nascimento (professor aposentado da UFPA e Presidente da Companhia de Habitação do Pará – COHAB/PA), Cláudio Cativo Rosa (professor aposentado da UFPA), Francisco José de Miranda, Ione Andrade Mattietto, Jorge (Jorgito) Vale (que trabalhou no Escritório de Arquitetura de Oscar Niemeyer), José Freire da Silva Ferreira (professor aposentado da UFPA), Luís Fernando Alencar (professor licenciado da UFPA), Lúcia Moreira, Nirlando Euquides Calado Lopes, Paulo Cal (jornalista e professor aposentado da UFPA), Paulo Chaves Fernandes (professor licenciado da UFPA e Secretário Executivo de Cultura do Estado do Pará), Paulo Cunha Lima (professor aposentado da UFPA), Paulo Geraldo de Mello e Silva, Rosa Almeida, Roberto Tocantins Penna, Vera Jugurta Bonna Brandão e os falecidos Luís Aranha Leão, Rosa Helena Bastos e Sônia Frazão do Couto. Agora, relembro os alunos do Curso de Especialização para Bibliotecários: Albirene de Souza Aires, Ana da Silva Santos, Ângela Maria Martins Pacheco Lira, Eunice de Lourdes Franco, Hamilton Vieira de Oliveira, Joester Mota Jucá, Luiz Gonzaga Figueiredo, Maria da Graça Amorim Carvalho, Maria da Graça Coelho Ponte de Souza (falecida), Maria Diva Figueiredo da Silva, Maria José Accioli Ramos, Maria Lílian Mesquita Pamplona, Maria Luiza Campos Dias, Maria Regina Pereira da Silva, Raimunda de Jesus da Costa Souza, Sandra Bordallo Robilotta e Selma Lúcia Ataíde de Campos. Agradeço a Silvia Maria Bitar de Lima Moreira e ao professor-doutor Hamilton Vieira, respectivamente, Diretora da Biblioteca Central e Chefe do Departamento de Biblioteconomia da UFPA, pela relação indicada acima.

84. Os alunos desse Curso foram os seguintes: Aluízio Nogueira dos Passos, Benedito Tadeu Ferreira de Moraes, Daniel Palheta Pereira, Edinaldo Teixeira, Grácio Paulo Pessoa Serra, Ivan Carlos Ferreira Neves, João Augusto da Silva Almeida, João de Deus Marques, Manoel Raimundo dos Santos Júnior, Maria da Conceição Gemaque de Matos, Nelson Leite Cardoso, Rubens Silva, Ruy Guilherme Castro de Almeida e Samuel Moura Soares.

85. Na preparação das aulas dessas duas disciplinas, usei, respectivamente, os livros: Ron Bracewell (The Fourier Transform and its Applications, McGraw-Hill, 1965) e o já citado Jackson. O livro do Bracewell foi indicado pelo professor José Seixas Lourenço (meu ex-aluno no CEPC, ex-diretor do Museu Paraense Emílio Goeldi, ex-Reitor da UFPA, ex-diretor do Instituto de Pesquisa da Amazônia, e ex-Assessor Especial do Ministério de Ciência e Tecnologia), então Coordenador do Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Geofísica da UFPA, que o havia estudado em seu Doutoramento na Universidade de Berkeley. Nessas duas disciplinas, foram meus alunos: o piauiense José Airton Cavalcante de Paiva (professor da Universidade Federal do Ceará); os cearenses César Augusto Campos de Alencar Bezerra e Geraldo Majela Lima Cavalcanti (professores da Universidade de Fortaleza – UNIFOR); a carioca Sônia Dias Cavalcante Guerreiro (professora aposentada da UFPA) e o paulista João Batista Corrêa da Silva (professor da UFPA); e os paraenses, hoje professores aposentados da UFPA: Benaia Vieira Alencar, Carmelina Nobuko, Jorge Wilson Delgado Leão, José Jerônimo Alencar Alves e Lindalva do Carmo Ferreira.

86. O Curso de Mestrado de Física da UFPA foi criado em 1986, por mim e pelos então professores da UFPA: Carmelina, João Furtado, João Sandoval, Lindalva, Luiz Sérgio Cancela, Orlando Moura, Paulo Alencar. Além desses professores, também participaram dessa criação os saudosos Henrique Santos Antunes Neto (não foi meu aluno, mas foi meu colaborador em trabalhos de pesquisa) e José Tadeu de Souza Paes.

87. Creio ser oportuno registrar que, nessas disciplinas, tive a oportunidade de ensinar tópicos inéditos em Belém. Por exemplo, em Métodos Matemáticos, tratei do Cálculo das Variações e suas aplicações à Física, das Equações Integrais, das Integrais de Feynman, e do Cálculo Exterior (Álgebra, Diferenciação e Integração de Formas Diferenciais). Em Eletrodinâmica Clássica, usei o Cálculo Exterior para estudar as equações de Maxwell e a Lagrangeana que permite obtê-las. Creio ser ainda oportuno registrar que alguns desses alunos de Mestrado, que não eram professores do DFUFPA, tiveram suas teses orientadas pelo professor Antônio Boulhosa Nassar (Samuel Soares, Edinaldo Teixeira e Benedito Tadeu); orientada pelo Nassar e co-orientada por mim (Jorge Everaldo de Oliveira); orientada por mim e co-orientada pelo professor Luiz Carlos Lobato Botelho (João Bosco Pampolha Júnior); e orientada pelo Paulo Alencar (Carlos Augusto Sarmento Ferreira). Outros alunos, que eram então professores do DFUPA: Fátima Magno, João Furtado e José Luiz Magalhães Lopes, foram orientados pelo Nassar e co-orientados por mim; Zínia de Aquino Valente, orientada por mim; e Wanda Pereira Ignácio, orientada pelo professor Van Sérgio da Silva Alves e co-orientada por mim. Infelizmente, o também aluno José Ivan Ferreira de Oliveira, embora com a tese de Mestrado pronta e orientada por mim, não teve oportunidade de defendê-la, por problemas de saúde que o levaram à morte precoce. Destaco que os principais resultados dessas teses encontram-se no livro que eu, Nassar, Paulo de Tarso e Cattani publicamos em 2004 (EDUFPA), e intitulado Tópicos da Mecânica Quântica de de Broglie-Bohm. Gostaria, também, de registrar alguns de meus primeiros alunos na disciplina Métodos Matemáticos no Curso de Física da UFPA: Antonio Maia de Jesus Chaves Neto (professor da DFUFPA), Argemiro M. Bastos, Astrogecildo Ubaiara Brito, Benedito Lobato, Carla Morisson Faria, Cenira Carvalho, Cícero Roberto Teixeira Régis (professor e vice-Diretor da NPI/UPA), Danilo Teixeira Alves (professor da DFUFPA), Faustino Bartolomeu Alves, Gandhy Yeddo da Rocha Aranha Júnior, Geraldo Mendes de Araújo, Heriberto Aragão, Hugo S. Rodrigues de Morais, Jair Francisco Souza Magalhães, João Augusto da Silva Almeida, João Felipe Medeiros Neto (professor da DFUFPA), Jorge Emanoel Amanajás Cardoso, Manoel Januário da Silva Neto (professor e atual Chefe do DFUFPA), Manoel Matias Dias Filho, Manoel Luiz de Matos Ricardino, Marcelo Costa de Lima (professor do DFUFPA), Ronaldo Sadala Macias, Simone de Nazaré Lima Martins, Sione Galvão Rodrigues, Suely Kawakami, Van Sérgio da Silva Alves (professor do DFUFPA) e Yuzo Yhezaki.

88. Nessa disciplina, os alunos foram os seguintes: Carla Cristina Paiva Paracampo, Celina Maria Colino Magalhães, Fernando Augusto Ramos Pontes, Luiz Carlos de Albuquerque, Olívia Kato de Almeida e Regina Célia Souza Brito. Hoje, esses alunos são professores-doutores da UFPA, desenvolvendo pesquisas em Psicologia Experimental.

89. Como estou próximo da aposentadoria compulsória (que acontecerá em setembro de 2005) como Professor Titular do DFUFPA e considerando que este dispõe de um Corpo Docente composto de jovens doutores, com boa qualificação e, portanto, capazes de orientação de trabalhos de pesquisa em temas atuais da Física, decidi dedicar-me ao Curso de Graduação do DFUFPA para usar o método básico da Ciência Robótica conhecido como de baixo para cima (“bottom-up”), com o qual irei preparar os estudantes para a vida pós-graduada. Para entender o conceito desse método, ver o livro Visões do Futuro, de Michio Kaku (Editora Rocco, 2001).

90. Registro agora outros alunos não citados até aqui, e de alguns, embora já citados, porém agora em outras situações. Assim, teremos. Alunos do CEPC: Adilson Correa Penalber; Adilson Torres (cirurgião dentista); Afonso Monteiro; Amiraldo Nunes Filho; Ana de Lourdes B. de Castro (educadora); Antonio Gomes de Oliveira (ex-Reitor da Fundação Universidade Federal do Amapá e professor aposentado da UFPA); Benedito Euton Sarmento Ramos (bacharel em Direito); Carlos Alberto da Silva Lima (físico e professor aposentado da UNICAMP); Carlos Alberto de Souza Fialho (militar reformado); Carlos Franco (engenheiro agrônomo); Deusarino de Melo; Edilson Duarte dos Santos (professor aposentado da UFPA e atual professor da Universidade Cruzeiro do Sul, SP); Elias Pinto; os irmãos Farah (Alexandre e José); Fernando Luiz de Souza Pessoa (arquiteto, engenheiro, professor aposentado da UFPA e artista plástico); Fernando Nilson Velasco (advogado, ex-Vereador e ex-Deputado Estadual); Francisco Monteiro Brasil e Franklin Rabelo da Silva (advogados); Getúlio Bohadana (antiquário); Hamilton Guedes (advogado); Helena Stilhanidi Cota Nahon (educadora); Isis Ceres Nobre Villas Miranda; José Carlos de Medeiros Gondim (diretor de TV); José Luiz Viana do Couto (engenheiro-agrônomo e professor aposentado da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro-UFRRJ); José Newton Campbell Moutinho (advogado); José Pedro Lima Silva (bancário); Lauro Euclides Soares Barata (professor do Instituto de Química da UNICAMP;Manoel Moura Melo (engenheiro agrônomo); Marcelo Otávio Caminha Gomes (físico e professor Titular da USP); Marcos David Nahon (educador); Maria Alice Puga Rebelo; Maria Helenilda Mendes da Costa (educadora); Maria José Pereira; Maria José Santos (contabilista); Maria Lúcia Carrara; Mário Melo; Mário de Souza Figueiredo (advogado e meu primeiro professor particular de inglês); Myralba Joyce Amanajás da Costa; Pedro Carlos Girard (cirurgião dentista);Rui de Souza Chaves(engenheiro agrônomo);Walcyr José da Silva Monteiro (escritor); Zilah Maria Calado Fadul (auditora militar); os irmãos Mártires Coelho: Marcionila (biblioteconomista) e Ronaldo (engenheiro mecânico); os irmãos Patelo de Moraes: Adalberto (economista), Conceição (médica) e Maria do Socorro (socióloga); as irmãs Sherring da Rocha: Maria Elvira Sá (assistente social-doutora e atual Diretora do Centro Sócio Econômico da UFPA) e Maria Margarida Fiúza de Melo (agrônoma-doutora); Walma Bittencourt Ferreira; economistas: Euricléia de Vilhena e Silva, Luiza Chagas, Luiza Maria Ramos Rodrigues e Saididin Denne Leão (ex-Secretário de Finanças da Prefeitura Municipal de Belém); engenheiros: Adriano Alber de França Mendes Carneiro (professor da USP/SC), Alegria Isaac Benzecry (arquiteta e professora da Universidade da Amazônia – UNAMA), Ambire Gluck Paul (ex-Presidente da ex-Central Elétrica do Pará – CELPA), Artur Ferreira Monteiro, Azamor Corrêa Brito [empresário, sócio-fundador da Refrigeração Puro Ar e Engenheiro do Ano (CEP)-1987], Clóvis Pessoa da Luz, Dimitri Konstantinides, Eduardo Souza Pereira, Emanuel Von Grapp, Fernando Antonio de Sá (professor da UFPA), Francisco Alberto Cavalcante Rocha (professor aposentado da UFPA e ex-Pró-Reitor de Ensino de Graduação da UFPA), Francisco José Bentes de Oliveira, Germano de Carvalho, Jarbas Lima Coimbra (professor aposentado da UFPA), João Bosco R. Perpétuo, José Herival Mendes da Costa, José Maria Bentes Bastos, Mâncio Zacarias Mártires, Moisés Leon Nahamias, Neudo Raimundo Nascimento Melo, Odimir Castelo Branco Furtado, Paulo Roberto do Canto Costa, Reinaldo Gama de Carvalho, Renato Navarro Guerreiro (ex-Ministro de Estado das Comunicações), Rubem Cunha dos Santos, Ubiratan de Souza Dias e Waldyr Nascimento Garcez; farmacêuticas: Dilma Peres Monteiro e Regina Célia S. Pereira; geólogos: Bernardino Ribeiro de Figueiredo e Carlos Alberto da Silveira Cunha (professores da UNICAMP), Gabriel Guerreiro (professor licenciado da UFPA e atual Secretário de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente do Estado do Pará), Helen Maria Cutrim (professora da Universidade de Michigan, USA), João Batista Guimarães Teixeira, José Gouvêa Luiz (professor da UFPA), José Haroldo da Silva Sá (professor da Universidade Federal da Bahia), José Ricardo de Souza (professor da UFPA), Olivar Antônio Lima e Lima (professor da Universidade Federal da Bahia), Raimundo Netuno Nobre Villas (ex-Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UFPA e professor da UFPA), Romualdo Paes de Andrade e Sérgio Cavalcante Guerreiro (professor da Universidade Federal da Bahia); médicos: Antonio Carlos Puga Rebelo, Carlos Berbary, Cleobery Braga da Silva, Fernando Augusto Fiúza de Melo, Geraldo de Souza Pereira, Getúlio Homobono Paes de Andrade, Hélio Macedo, José Fernando Carvalho Guedes, Laércio Freitas de Matos, Luiz Flávio Lima, Paulo Afonso Boução Viana, Paulo Fernando Monteiro, Raymundo Everton da Silva e Renato de Castro Cardoso; e os saudosos Abelardo Aparecido Vasconcelos (economista, professor aposentado da UFPA e jogador de futebol conhecido como “Juvenil”), Alcyr Raimundo de Paiva, Alfredo Passarinho Pinto de Souza, Daise Maria de Oliveira Nascimento, o advogado Félix Emmanuel Teixeira de Oliveira, e os engenheiros José Homobono Paes de Andrade (ex-Presidente da Companhia de Saneamento do Pará – COSANPA) e José Maria Sarmanho. Alunos de Graduação (Engenharias e Ciências Físicas e Naturais) da UFPA: Adilson de Oliveira do Espírito Santo (professor da UFPA), Adolf F. Rettelbusch, Adonias Ewerton Dias (engenheiro), Afonso Okitogu Sawaki (engenheiro), Álvaro Sinimbú Júnior, Ana Rosa Prado Baganha Barp (engenheira, professora e ex-Coordenadora do Curso de Mestrado de Engenharia Civil da UFPA), André de Oliveira Sobrinho (professor da UNAMA), Andrey Teixeira, Aníbal Fonseca de Figueiredo Neto, Antonio Carlos Abbade Pereira, Antonio Diogo Couceiro [engenheiro-empresário e Engenheiro do Ano (CEP)-2001], Antonio Fabiano de Abreu Coelho (empresário e um dos sócios da ENGEPLAN), Antonio Rodrigues Maués, Archimino Cardoso de Ataíde Neto (professor da UFPA), Aricindo Trajano (professor aposentado da UFPA), Arthur Cezar Alves da Silva, Aurélio M. Caldeira, Carlos Augusto Sarmento Ferreira, Cecília Takahashi (engenheira), Cláudia Maria Carriço de Lima, Cláudia Moraes Gueiros, Cláudio Toscano, Creso Demétrio dos Santos (engenheiro-empresário), Daniel Dias, Danielli Nishida, Dinard Maciel Castelo de Souza (engenheiro), Douglas José S. Teixeira, Edilberto Porfírio Jucá Soares (engenheiro e meu ex-aluno do CEPC), Ediléia Ferreira da Silva, Edilson Barros Cavalcante, Edmar Acatauassu Freire (engenheiro), Edmilson dos Santos, Edna do Socorro Carneiro Matos, Edson Tadeu Oliveira Costa, Eduardo de Castro Ribeiro (Vice-Presidente da COSANPA), Ellen de N. Souza Gomes, Ely Roberto C. Maués, Emílio Gutierrez Martins (engenheiro), Esdras Avelino Leitão Júnior, Francisco Silva Filho (engenheiro), Frederico Cutrim, Gandhy Yeddo da Rocha Aranha Junior, Guilherme José Lobato Fernandez (engenheiro), Haroldo Stoessel Sadala (engenheiro), Jofre Quintairos Jacob (engenheiro), José Capeloni Junior (engenheiro e Gerente da Agência do Banco do Brasil no campus da UFPA),José Hélio Alvarez Elarrat (professor da UFPA), Heronides Gomes Moura Junior (engenheiro), Humberto Yoshihiko Oe, Isa Maria Oliveira da Silva (professora da UFPA), Jayme de A. Benjor, João Batista de M. Godinho, João Claudio J. Arroyo, João de Deus Marques, João Henrique Monteiro Ribeiro (professor da UFPA), João Maria Smith (engenheiro), João Renato Rolim, Joaquim Augusto do Amaral Teixeira, Jorge Henrique de Oliveira Sales (professor da Faculdade Tecnológica de São Paulo, da Universidade do Estado de São Paulo – UNESP), Jorge Marcelo F. Cardoso, José Antonio C. Pinto, José Augusto Norat Bastos, José Augusto Soares Affonso [meu ex-aluno no CEPC, professor aposentado da UFPA, ex-Diretor do DMER, Engenheiro do Ano (CEP)-2000 e atual Secretário Especial de Estado de Integração Regional do Pará], José Barroso Tostes Neto (Superintendente da Receita Federal, 2a. Região Fiscal), José de Barros Leite, José de Paulo Rocha da Costa, José Ivonildo Ribeiro da Silva (engenheiro), José Joacir Mendes Lopes (engenheiro), José Maria Monteiro David (engenheiro), José Maria Smith (engenheiro), José Negreiros da Silva (engenheiro), José Ribamar da Silva (engenheiro), José Ricardo da Silva Alencar, José Ricardo Smith, José Xerfan Filho (engenheiro), Lilia Irene Bastos Valle, Loriwal Couto de Magalhães (engenheiro), Lourival Costa Campos Junior, Luciano Almeida da Silva, Luís Augusto Nogueira Moura (engenheiro), Luís Otávio Mota Pereira [ex-Presidente da COSANPA e Engenheiro do Ano (CEP)-1993], Luiz Jorge F. de Souza, Manoel Leite Carneiro Júnior (engenheiro aeronáutico e psicólogo), Manuel Rodrigues, Márcio Benício de Sá Ribeiro, Márcio Aldrin F. Cavalcante, Márcio Roberto Alves Nogueira, Márcio Benício Ribeiro, Marcos Antonio Távora de Mendonça, Maria da Conceição da Costa Maués, Maria da Glória Costa Lima (professora do NPI), Maria das Graças Pinheiro, as irmãs Maria Isabel, Maria Lúcia e Maria Tereza Klautau Guimarães, Maria Lucia Vinagre, Marta Rettelbusch Bastos (engenheira), Mário Pereira da Silva, Mauro Bordalo, Mauro Guilherme Pinto e Silva, Midori Makino (professora e Vice-Diretora do Centro de Geociências da UFPA), Miguel Lima dos Reis Júnior, Nelson Arantes Júnior, Nelson Luís Teixeira Chaves (ex-Presidente do Tribunal de Contas do Estado do Pará – TCE/PA), Neucy Maria Machado Pereira (professora do NPI), Neudo Ribeiro Campos (ex-Governador do Estado de Roraima), Newton Carlos Riker, Nicias Ribeiro (engenheiro e Deputado Federal pelo Pará), Nilton Magno Coelho, Nilton Moura Barroso Neto, Osmar Lima Sampaio Junior, Paulo de Castro Ribeiro (professor da UNAMA), Paulo Mello da Costa Lima (engenheiro), Paulo Nicolau Nassar Koury, Paulo Roberto do Canto Costa (engenheiro), Pedro Wenilton Barbosa Duarte, Raimundo José M. da Cruz, Raphael Levy [empresário e Engenheiro do Ano (CEP)-1990], Raul Franco Reis, Redynê Mattos da Silva, Reinaldo José Mendonça, Renato Marinho Meira Mattos (engenheiro), Roberto Valente [engenheiro e ex-Diretor Técnico do órgão estatal Processamento de Dados dos Estado do Pará (PRODEPA)], Rodrigo Morais Canavieira, Ronaldo Sérgio F. Mesquita, Ronaldson Mendes Carneiro (professor da UFPA), Rosana Paula de Oliveira Soares (professora da UFPA), Rosângela Cunha Ramos, Rúbia Costa Ribeiro, Rui Guilherme Freitas Mendonça, Sônia Maria da Silva Campêlo, Tadeu Oliver Gonçalves (professor da UFPA), Teodorino Tavares de Carvalho, Vera Lúcia Orguen Gouvêa, Waldemir Gonçalves Nascimento, Wilson da Silva Cardoso e os falecidos, o aluno de engenharia Lázaro Tadeu Diniz Martins e os engenheiros Antonio Armando Fascio Filho, José Blanco da Silva, Raimundo Moreira de Carvalho, Said Salim Haber (meu ex-aluno do CEPC) e Ubirajara Marques de Oliveira Filho. Outros alunos do DEECUFPA: Adalziro Antonio de Souza Duarte, Alcyr Braga Junior, Antonio Boulhosa Nassar [meu ex-Monitor de Física Geral, professor licenciado da UFPA e professor da Universidade da Califórnia (UCLA)], Antonio Olavo Fonseca da Rocha, Brígida Ramati Viana Pereira da Rocha [minha ex-Monitora de Métodos Matemáticos, professora da UFPA e Destaque Científico (CEP)-1997´], Carlos Manoel Borges Prieto, Carlos Raimundo de Albuquerque Nascimento, Carlos Rubens Leão, Carlos Simões, Evaldo Gonçalves Pelaes (professor da UFPA), Fernando Antonio de Castro Pinho (ex-Presidente da CELPA e ex-Professor do DFUFPA), Gilberto da Silva Drago, João Santana, Jaime Zagury Pará, José Abílio Franco, José Edmundo Pereira Mergulhão, José Luiz do Couto Loureiro, José Paulo Faro Barros, José Ramos Gomes, José Wilson Soares de Souza, Juarez Quadros do Nascimento [meu ex-aluno do CEPC, ex-Ministro de Estado das Comunicações e Engenheiro do Ano (CEP)-2002], Lucilo Paulo Botelho Maia, Luís Antonio Correa Lopes (professor da UFPA), Manoel de Jesus Maués da Costa, Miriam Ohana, Nilton Reis Rocha Filho, Orlando dos Santos Brito (professor da UFPA), Otoniel de Matos, Paulo Moura, Reginaldo Peres Cordeiro, Roberto Célio Limão de Oliveira (professor da UFPA), Roberto Sá e Souza Fernandes Pastor, Rosana Paula de Oliveira Soares (professora da UFPA), Sérgio Guilherme Burnett, Sérgio Irapuã Vidal Araújo, Sófocles Seiji Horibushi e Valquíria Gusmão Macedo (professora da UFPA). Alunos no DFUFPA, que foram meus bolsistas de Iniciação Científica e realizaram o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) sob a minha orientação: Antonio Maia, Benedito Lobato [professor da Universidade Estadual do Pará (UEPA)], José Thales Soares de Souza Junior, Manoel Waldir Ferreira do Nascimento e Marcelo Lima (CNPq); Karlúcio Heleno Castro Castello Branco (CNPq e PIPES); Jaberson Luiz Leitão Costa e Wilson Ricardo Matos Rabêlo (PIPES). Os que realizaram apenas o TCC: Alexandre Guimarães Rodrigues, Alexandre Sérgio de Miranda Dourado, Benedito Tadeu Ferreira de Moraes, Edson Holanda de Araújo Junior, Gunar Vingre da Silva Mota, Jair Francisco Souza Magalhães, Jorge Ricardo Coutinho Machado, Luiz Moreira Gomes, Marcos Benedito Caldas Costa, Marcos Paulo Moreira da Rocha, Maria Lúcia de Moraes Costa, Moisés Augusto da Silva Monteiro de Araújo, Nelson Fernandes Mendes, Pericles Oliveira Junior, Valmôr Capanema Oliveira Monteiro, Van Sérgio Alves, Vanilson Gomes Pereira, Wallon Anderson Tadaiesky Nogueira, Walter Neil Marques de Melo e Wendel de Moraes Barbosa. Os alunos que foram apenas bolsistas: André Guilherme Araújo de Barros, Cícero Roberto Teixeira Régis, Fábio Mukanaga, João Augusto da Silva Almeida e Marco Antonio Cunha Machado (CNPq); Edson Akira Asano (CNPq e PIPES); William Costa Soares (PIPES); e Cristina Tereza Monteiro Ribeiro, Dione Fagundes de Souza e Walter José Medeiros de Mello Júnior (CAPES/PET). Outros alunos do DFUFPA: Abraão Jessé Capistrano de Souza, Adelson Silva Pimenta Júnior, Alan Wilter de Souza, Ana Cristina Cristo Vizeu Lima, Andrey Gomes Martins, Andrey Teixeira, Aníbal Fonseca de Figueiredo Neto, Breno César de Oliveira Imbiriba, Carla Cristiane Costa de Lima, Carlos Alberto Alves, Cláudio Toscano, Cenira Maria Leão de Carvalho, Damião, Pedro Meira Filho, Daniel Gemaque da Silva, Edney Granen, Élida Maria de Araújo Campos, Fernando Roberto Braga, Francisco das Chagas Costa, Francisco Walter Bezerra Soares, George Castro, Ghandy Yeddo da Rocha Aranha Junior, Gregório Barbosa Corrêa Júnior, Gualber Tadaiesky Marques, Iran Almeida Andrade, Ivan Carlos Ferreira Neves, Jaime Antônio Urban, Jean Peter Cordeiro, João Paulo Rocha dos Passos, Jônatas Barros e Barros, José Alexandre da Silva Valente, José Ricardo da Silva Alencar, José Santa Rosa Silva Barros, Lucivaldo Marçal Vieira, Luiz Fernando de Freitas Freire, Manuel Rodrigues, Marcelo de Oliveira Lima, Marcelo Mendonça Cunha, Marco Antonio Frota Lima, Maria Carmen da Costa Corrêa, Oséas Guimarães Ferreira Neto, Pedro Paulo da Costa Moura, Pedro Paulo Santos da Silva, Pedro Romano Miléo Filho, Quirino Vitório Nunes, Reginaldo Farias, Rodrigo Murta de Andrade Figueira, Rogério Gonçalves de Souza, Sérgio Henrique de Oliveira Bezerra, Shênia Bastos, Waldomiro Gomes Paschoal Junior, Wanduy R. Dias Lima e Valter Baia dos Reis. Por fim, gostaria também de registrar os nomes de outros alunos que ensinei, porém, fora do âmbito da UFPA: Leonardo Fernandes Dias da Motta, Aline Nogueira Araújo e Aíssa Benchimol Stein, alunos do Colégio Ideal que fizeram um Curso de Extensão comigo, em 2000, sobre a Evolução dos Conceitos Físicos e que, por isso, decidiram estudar Física: Leonardo (USP), Aline (UNICAMP) e Aíssa (Universidade de Waterloo, Canadá); os engenheiros civis Carlos Amílcar Pinheiro, David Bensadon, Dirceu Raymundo Pinto Marques, Luís Alberto Pena de Carvalho, Luiz Mendes da Fonseca e Ramiro Jayme Bentes (atual Secretário Executivo de Indústria, Comércio e Mineração do Estado do Pará), Álvaro Alberto Englhard Norat, o geofísico-pesquisador Leonardo Deane de Abreu Sá, e os saudosos Otávio Ledo Nery (sargento da Aeronáutica e meu contemporâneo no jogo de “Celotex”) e Luís Ernesto de Almeida (engenheiro civil), para quem dei aulas particulares de Física.

91. Alberto Monteiro Guedes, Aldilene Saraiva Souza, Alessandre Sampaio da Silva, Alexandre Pantoja Quintanilha, Alfredo Jorge Serrão Gonçalves, Amauri Paixão da Silva Benjamim, André Moreira Demachki, Augusto Nazareno Soares Costa, Bruno Ricardo Pinto dos Santos, Carlos André de Souza Mendes, Cleiton Ferreira da Silva, Cléo Quaresma Dias Júnior, Cristhian Corrêa da Paixão, Daliana Suanne S. Castro, Daniel Gemaque da Silva, Edjan Silva Carvalho, Edson Carlos de Barros Nunes, Edson Furtado Louzada, Edson Luiz Silva Corrêa, Ednilton Santos de Oliveira, Elaine Cristina Gama Palheta, Ezequiel de Andrade Belo, Fábio Cardoso Ferreira, Francisco Walter B. Soares, Gérson Castro de Oliveira, Gregório Barbosa Corrêa Júnior, Hidalgo Luiz de Farias Ferreira, Humberto Augusto de Souza Dias, Jean Ricardo Moura Pinto, Jefferson Oliveira do Nascimento, João Monteiro dos Santos Neto, Jônatas Barros e Barros, Jorge Lopes, José Marcos Israel de França, Josiane S. Cabral, Josivan da Cruz Beltrão, Joubert Cláudio Veloso Pampolha, Kymie Karina Silva Saito, Lidiana Nogueira Nogueira, Luciano Carreira da Cunha, Luís Augusto da Silva Flexa, Marcel Luiz Rodrigues Ferreira, Marcelo Gonçalves Martins, Márcio Antonio dos Santos Silva, Marcos Vinícius da Silva Camargo, Maronilson dos Santos, Mateus Gomes Lima, Mauro César Conceição do Nascimento, Michele Gabriela Barbosa Pimentel, Paulo Henrique Silva Barbosa, Paulo Sérgio dos Santos Andrade, Rodrigo Mota Melo, Rogério Ferreira de Jesus, Saulo Siqueira Martins, Sílvio Carlos Ferreira Pereira Filho, Sílvio Nazareno da Cunha Silva, Thiago Roberto da Possa Caramês, Valdenor Oliveira da Cunha, Vicente Ferrer e Wanderson Medeiros Valadares.

92. ADENDO (04/2005). No primeiro semestre de 2005, comecei a lecionar a disciplina História da Ciência, com os seguintes novos alunos: Adriano Santos da Rocha, Ana Paula Aquino de Oliveira, Antonio Eduardo Alexandria de Barros, Augusto Silva Ribeiro, Cesar Augusto Oliveira de Araújo, Francisco Fonseca Moraes, Guilherme Motta de Moraes, Igor Guimarães de Azevedo de Araújo, José Ribamar Praxedes Filho, Lino César de Souza Pereira, Marcelo Leopoldo Sepeda Ferreira, Márcio Rogério Cosme, Marleson Giovanny Costa Mendes e Penn Lee Menezes Rodrigues.