Agora, apenas um filofísico

MAGISTÉRIO

Agora, apenas um filofísico

No dia 10 de setembro de 2005, completei 70 anos de idade e 44 anos e 35 dias como professor da Universidade Federal do Pará (UFPA). Neste artigo, vou apresentar um resumo de minha vida civil e universitária.

Nasci aqui em Belém do Pará, em 10 de setembro de 1935. Meus pais, já falecidos, são Eládio Bassalo e Rosa Filardo Bassalo, respectivamente, espanhol de Puebles de Tribes, na região da Galícia, e italiana de Castelluccio Inferiore, na província de Potenza. Meus irmãos chamam-se Antônio, Madalena (professora primária e já falecida), Mário (médico) e Maria José (bacharela em Direito), minha irmã gêmea. Estudei o Curso Primário no Instituto Luso-Brasileiro, do professor Raimundo Firmiano Lobo, entre 1943 e 1946. De 1947 a 1950, fiz o Curso Ginasial no Colégio Estadual “Paes de Carvalho” (CEPC) e, nesse mesmo Colégio, estudei o Curso Científico entre 1951 e 1953. Em 1954 e 1957, comecei a lecionar, respectivamente, no Colégio “Abraham Levy” e no CEPC. Comecei a trabalhar no então Serviço Municipal de Estradas de Rodagem (o extinto Departamento Municipal de Estradas de Rodagem), em 1954, aposentando-me como engenheiro, em 1985. Entre 15 de dezembro de 1955 e 15 de agosto de 1957, fiz o Curso de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR). Em 1958, formei-me em Engenharia Civil pela antiga Escola de Engenharia do Pará. Ingressei como Instrutor de Ensino no então Núcleo de Física e Matemática da UFPA, no dia 16 de agosto de 1961. Em 06 de outubro de 1962, casei-me com Célia (Mártires) Coelho Bassalo, Mestre em Teoria Literária e professora aposentada da UFPA. Em 16 de agosto de 1963 nasceu meu filho José Maria Coelho Bassalo (Jô), arquiteto, Mestre em Engenharia Civil e professor da UFPA. Casado com Gisa Mello, arquiteta, Mestre em Ciências da Computação e professora da UFPA; eles são pais de Lucas e Vitor. Em 1965, realizei o Bacharelado em Física pela Universidade de Brasília. Minha filha Ádria, com licenciatura curta em Biologia, economista e bacharela em Direito, nasceu no dia 28 de abril de 1967. Casada com o engenheiro civil Saulo Marcelo Lima Aflalo, são pais de Anna-Beatriz e Matheus. Em 1973 e 1975, respectivamente, obtive os títulos de Mestre em Física e Doutor em Física pela Universidade de São Paulo, sob a orientação do professor Mauro Sérgio Dorsa Cattani. Em 1978 e 1989, tornei-me, por intermédio de Concursos, Interno e Público, respectivamente, Professor Adjunto e Professor Titular do Departamento de Física da UFPA.

Durante esses 44 anos e 35 dias de atividades no Departamento de Física da UFPA, desenvolvi trabalhos de ensino, pesquisa e divulgação da Física, com o seguinte resultado: 24 Disciplinas de Graduação; 8 Disciplinas de Extensão; 14 Disciplinas de Pós-Graduação (lato e stricto sensu); 10 Teses de Mestrado orientadas e/ou co-orientadas; 29 Trabalhos de Conclusão de Curso orientados; 39 trabalhos científicos publicados no Brasil e no exterior; 176 trabalhos sobre a História da Física divulgados em revistas nacionais e internacionais; 168 palestras, conferências, seminários e mini-cursos proferidos em várias instituições de ensino público e privado no Brasil. Escrevi 23 artigos para Capítulos de livros; Parecerista ad hoc do Caderno Brasileiro de Ensino de Física; Verbetes no Who´s Who in World (1999, 2000); Who´s Who in Science and Engineering (2000-2001); Outsanding People of the 20th Century (1999); Membro do Colégio de Consultores da COLEÇÃO MEMÓRIA DO SABER, do CNPq; Membro Titular da Academia Roraimense de Ciências; Membro Ativo da Academia de Ciências de New York; Membro das seguintes Sociedades Científicas: Sociedade Brasileira de Física, Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, Sociedade Brasileira de História da Ciência (fundador) e Sociedade Portuguesa de Física. Escrevi nos seguintes jornais (164 artigos): O Liberal, A Província do Pará, Diário do Pará e Jornal Pessoal, de Belém; Jornal da Ciência, do Rio de Janeiro; o Estado de São Paulo, de São Paulo. Sou autor dos seguintes livros (editados pela UFPA): Introdução à Mecânica dos Meios Contínuos (1973); Aspectos Contemporâneos da Física (2000), com Antônio Boulhosa Nassar e Mauro Sérgio Dorsa Cattani; Tópicos da Mecânica Quântica de de Broglie-Bohm (2003), com Antônio Boulhosa Nassar, Mauro Sérgio Dorsa Cattani e Paulo de Tarso Santos Alencar; Teoria de Grupo e Algumas Aplicações em Física (2005), com Mauro Sérgio Dorsa Cattani; Crônicas da Física: Tomos 1 (1987); 2 (1990); 3 (1992); 4 (1994); 5 (1998); 6 (2002); Nascimentos da Física (3.500 a. C. – 1900 A. D.) (1996); Nascimentos da Física (1901-1950) (2000); Nascimentos da Física (1951-1970) (2005); Nascimentos da Física (1971-2000) (em revisão). Detalhes desse currículo podem ser vistos no sítio indicado acima.

Ainda durante o tempo em que atuei no Departamento de Física da UFPA, lutei (escrevendo artigos e participando de seminários, atividades essas descritas no sítio referido), sem ainda lograr êxito, para a criação de um Instituto de Ciência e Tecnologia da Amazônia (ICTA) objetivando estudar os problemas tecnológicos de nossa região, sob o ponto de vista científico, e apresentar soluções próprias para os mesmos. Igualmente ainda sem êxito, foi a minha luta para criar uma Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Pará (FAPESPA), de molde análogo às suas congêneres (FAPESP, FAPERJ, FAPERS, FAPEMIG, FAPEPE, FAPEMA etc.) para qualificar os paraenses no sentido de contribuir ao desenvolvimento de nosso Estado.

Agora, compulsoriamente aposentado como professor de Física da UFPA, não terei mais compromisso acadêmico. No entanto, como “apenas um filofísico (amante da Física)”, darei continuidade ao mesmo trabalho que fiz até hoje. Assim, isoladamente ou com eventuais parceiros, publicando artigos sobre História e Filosofia da Física; com Cattani, Nassar e Paulo de Tarso, pesquisando em Física; com Paulo de Tarso e Clodoaldo Fernando Ribeiro Beckmann, continuando a publicar as Teses de Cátedra defendidas no CEPC e na antiga Escola Normal do Pará. Também iniciarei novos estudos, como a Biofísica (com Cattani, o físico José Airton Cavalcante de Paiva, o médico-terapeuta José Paulo de Oliveira Filho e o neuro-químico Luís Martins do Nascimento) e a Econofísica (com o físico Orlando José Carvalho de Moura e o “trader” Antônio Guilherme Coelho de Assis). Além disso, trabalharei no sentido de criar, juntamente com a minha mulher Célia, meus familiares e alguns amigos, a FUNDAÇÃO MINERVA para divulgar as duas culturas (técnico-científica e humanista) para jovens paraenses que desejem lutar pelo desenvolvimento de nossa sofrida Amazônia. E, ainda, no final das manhãs dos sábados, continuarei “esfriando a cuca” no nosso Quartier Latin Tupiniquim, com conversas informais e descontraídas, sobre os mais diversos assuntos (filosofia, ciência, tecnologia, história, poesia, política, futebol, “fofocas transmitidas pela rádio Cipó” etc.), que acontece no Café Delicidade, na esquina da Travessa Doutor Morais com a Avenida Braz de Aguiar, com meus fraternos amigos: José Edison Ferreira,, os irmãos Rosa, José Perilo e Pedro Leon, Luís Breviglieri, Max Martins, Milton Augusto Freitas de Meira, Nazareno Maravilha da Silva, meus cunhados Geraldo e Valdir Coelho, e eventuais amigos que por lá passam. Além disso, continuarei a me encontrar, para almoços informais, com antigos amigos do ex-DMER e do CPOR. (Ver seus nomes no sítio referido.)

Nesse resumo de minha vida civil e universitária, gostaria de enfatizar que, embora muito feliz com a minha família [mulher, filhos, genro, nora, netos, irmão(e)s, cunhado(a)s, concunhado(a)s e sobrinho(a)s], o mesmo não aconteceu com a minha vida universitária. Além da frustração de não haver, até o momento, conseguido criar o ICTA e a FAPESPA, como frisei acima, tive minha formação acadêmica atropelada pelo antigo Serviço Nacional de Informações (SNI) que, por me considerar subversivo (eu fui preso quando morava no Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo, por ocasião da edição do AI-5), impediu-me de viajar para o exterior para realizar os Cursos de Mestrado, de Doutorado e estágios de Pós-Doutoramento. Apesar disso, fi-los todos, no Brasil. Por fim, a “roda da fortuna” deu uma contribuição a essa minha “infelicidade universitária” ao não permitir que a provável compulsória aos 75 anos, ocorresse antes do dia 10 de setembro. Mon bon DIEU, c´est la vie!