CURT REBELLO SEQUEIRA: IN MEMORIAM

PERFIS

CURT REBELLO SEQUEIRA: IN MEMORIAM ¹

Depois de uma prolongada e insidiosa doença, faleceu no dia 10 de outubro de 1991, CURT REBELLO SEQUEIRA, Professor Titular do Departamento de Física da Universidade Federal do Pará (UFPA).

O professor Curt, meu saudoso e querido amigo Curt, nasceu em Belém do Pará no dia 20 de fevereiro de 1936. Fez seus estudos do Curso Secundário e Colegial no Colégio Marista Nossa Senhora de Nazaré (CNSN) e no Colégio Moderno (CM), respectivamente, entre 1948 e 1955. Em 1956 entrou para a então Escola de Engenharia do Pará (EEP), havendo concluído em 1960 o Curso de Engenharia Civil.

Apaixonado pelas Ciências Exatas, em particular pela Física, e possuindo uma grande aptidão para o magistério, desde cedo, ainda aluno de Engenharia, começou a lecionar no Colégio Herbart. Logo depois, em março de 1961, passou a lecionar no CM, ocasião em que seu talento o conceituou como um excelente professor (Curt era um exímio didata.)

Professor sério, competente e grande expositor, logo foi convidado para lecionar, a partir de agosto de 1961, no então recente criado Núcleo de Física e Matemática (NFM) da UFPA. Coincidentemente, no mesmo mês e ano em que também entrei para lecionar naquele Núcleo.

Autodidata e com apenas a formação de Engenheiro Civil, Curt percebeu que para exercer com plenitude a função de professor de Física, era necessário se aperfeiçoar nessa disciplina. Assim, no começo de 1962, seguiu para o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) [órgão de pesquisa então vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)], no Rio de Janeiro, para realizar sua pós-graduação, sob a orientação do professor Horácio Macedo. Lá, juntou-se ao professor Fernando Medeiros Vieira, professor da então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da UFPA, que também fazia pós-graduação com aquele mesmo professor.

A aceitação de Curt como aluno de pós-graduação no CBPF, deveu-se a um convênio assinado entre a UFRJ/CBPF e a UFPA, convênio esse que teve como principais mentores o professor José Rodrigues da Silveira Netto, então Reitor da UFPA, os professores Jayme Tiomno e José Leite Lopes, pesquisadores do CBPF e o paraense, então graduado em Física (também no CBPF), o hoje conceituado geofísico, o professor Carlos Alberto Dias. Junto com o Curt, e apoiado ainda nesse convênio, seguiram para a UFRJ/CBPF, os paraenses alunos da EEP, Carlos Alberto da Silva Lima e Marcelo Otávio Caminha Gomes, para estudarem Física.

A ida dos professores Vieira e Curt para estudar Física no Rio de Janeiro, associada, à época, à idéia de Carlos Dias (apoiada por mim), de formar um grupo de paraenses altamente capazes para estudar e desenvolver a Amazônia, deram início à formação pós-graduada (lato e stricto sensu) do atual Corpo Docente do Departamento de Física da UFPA (DF/UFPA).

De volta a Belém, Curt Sequeira continuou a lecionar Física, cada vez com paixão e dedicação, no CM, no CNSN, no Colégio de Aplicação da UFPA [atual Núcleo Pedagógico Integrado (NPI)] e, também, é claro, no DF/UFPA. Sua grande experiência e seriedade no ensino da Física, levaram-no a coordenar por muito tempo o Convênio-Vestibular do CM, bem como a exercer, por diversa vezes, a Chefia do DF/UFPA e a Coordenação do Curso de Física da UFPA.

Além das atividades de ensino e administrativa tão bem exercidas pelo Curt, sua grande honestidade e retidão de caráter, associada, obviamente, à sua competência, fizeram com que sempre participasse das diversas Bancas de Concurso (para qualquer modalidade de Professor) realizadas pelo DF/UFPA, sendo que o professor Luiz Carlos Lobato Botelho e eu próprio, tivemos o privilégio de tê-lo como Presidente da Banca de Concurso para Professor Titular, realizado em outubro de 1989, do qual participamos como candidatos a esse Concurso.

Muito embora a sabedoria popular diga que a morte impede de a vida continuar, a ausência do Curt no convívio familiar e no seio da comunidade de professores do Ensino Médio e Superior de Belém, deixará uma lacuna que só a lembrança saudosa de filho, esposo e pai extremoso que foi, e de professor e colega que exerceu com dignidade e competência o magistério, poderá preencher.

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1. Este artigo foi publicado no livro Crônicas da Física, Tomo 4, 1994 (EDUFPA) e no jornal O Liberal no dia 23 de outubro de 1991.