MINISTRO JUAREZ QUADROS: ENGENHEIRO DO ANO DE 2002

PERFIS

MINISTRO JUAREZ QUADROS: ENGENHEIRO DO ANO DE 2002

O Clube de Engenharia do Pará (CEP) e o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Pará (CREA-PA) escolheram como o Engenheiro do Ano de 2002, o ilustre, honrado e probo homem público brasileiro, o Ministro de Estado das Comunicações, Engenheiro Eletricista JUAREZ MARTINHO QUADROS DO NASCIMENTO, nascido em Belém do Pará, no dia 30 de janeiro de 1944, e formado pela Universidade Federal do Pará, em 1970.

Ao receber o convite da CEP e do CREA-PA, respectivamente, nas pessoas de seus ilustres Presidentes, os engenheiros civis José Leitão de Almeida Viana e João Messias dos Santos Filho, e suas dignas Diretorias, para apresentar, neste 11 de dezembro de 2002, o Engenheiro do Ano à sociedade técnico-científica de Belém, fiquei honrado e gratificado, por encontrar, nesta noite memorável, recebendo os prêmios que caracterizam esse evento, um ex-aluno meu e fraterno amigo, Ministro Juarez Quadros; um querido e estimado amigo-irmão que me acompanha desde a infância, juventude e maturidade, o engenheiro civil Loriwal Rei de Magalhães, como o Velho Mestre; e a engenheira agrônoma e pesquisadora de nível internacional, Tatiana Deane de Abreu Sá, como o Destaque Científico, filha de um querido amigo, e professor de várias gerações no Colégio Estadual “Paes de Carvalho’’ (CEPC), Benedito de Abreu Sá. Gratifica-me, também, ver o jovem engenheiro mecânico, Leonardo de Oliveira Dias, receber o Prêmio Professor Seihó Gushi.

Ao ser divulgado pela mídia paraense a escolha do Ministro Juarez Quadros para receber o prêmio maior deste ano de 2002, concedido pelo CEP/CREA-PA, certamente houve uma curiosidade do paraense em saber a razão dessa honrada escolha, tendo em vista o fato de o escolhido se encontrar fora de Belém há algum tempo e, aparentemente, não haver contribuído para o engrandecimento da Engenharia Paraense neste ano de 2002, na hipótese de ser este, o único motivo merecedor de tão importante galardão.

Premiações desse nível, de modo geral, contemplam o ganhador pelos trabalhos realizados, no ano corrente ou em anos anteriores recentes. Contudo, existem situações em que os trabalhos elaborados durante a vida pelo premiado justificam sua escolha. Como hoje, sou apenas um professor de Física e estudioso de sua história, vou usar um exemplo famoso de como uma vida inteiramente dedicada à pesquisa de fenômenos físicos e suas aplicações, levaram o russo Pyotr Leonidovich Kapitza, morto em 1984 depois de viver 90 anos, a receber o Prêmio Nobel de Física de 1978, juntamente com os físicos, o alemão Arno Allan Penzias e o norte-americano Robert Woodrow Wilson. O motivo oficial dessa escolha por parte da Academia Sueca de Ciências foi a descoberta de Kapitza da superfluidez (isto é, viscosidade nula) do hélio líquido (He II), em 1938, e suas aplicações. Ora, como essa descoberta foi feita simultaneamente por dois físicos norte-americanos, John Frank Allen e Austin Donald Misener, decerto o motivo inconfessável dos eleitores que escolheram Kapitza, foi o seu profícuo trabalho realizado pelo desenvolvimento técnico-científico da então União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. (Os ouvintes/leitores curiosos poderão ver esse trabalho no livro escrito pelo próprio Kapitza e intitulado Experiment, Theory, Practice, D. Reidel Publishing Company, 1980.)

Desse modo, para entendermos a razão de estarmos hoje homenageando o engenheiro-mor de 2002, vou apresentar um pequeno resumo de sua vida dedicada à Engenharia Elétrica, particularmente, à Engenharia das Comunicações. O Ministro Juarez Quadros, depois de estudar no CEPC (ocasião em que fui seu professor), entrou no Curso de Engenharia Elétrica, da então Escola de Engenharia do Pará e pertencente à Universidade do Pará, em 1965 (ocasião em que tornei a ser seu professor), formando-se, em 1970, conforme já mencionei. É oportuno registrar que o Ministro Juarez Quadros foi professor do CEPC (1966-1973), e seu Vice-Diretor (1971-1973), auxiliando o então Diretor dessa casa tradicional de ensino, o professor e meu estimado amigo, o engenheiro civil e Mestre em Matemática, Manoel Viegas Campbell Moutinho.

Ao receber seu diploma de Engenheiro Eletricista, o Ministro Quadros começou sua saga em busca de uma carreira profissional que o capacitasse a exercer, com competência e honradez, os importantes cargos que comandou: TELEPARÁ (Gerente do Distrito Metropolitano e Diretor de Operações), TELEACRE (Diretor Técnico-Operacional e Presidente), TELEBRÁS (Gerente do Departamento de Desenvolvimento de Mercado, Diretor de Coordenação de Operações, e Assistente do Vice-Presidente), e MINISTÉRIO DAS COMUNICAÇÕES (Diretor do Departamento de Serviços Públicos, Secretário de Fiscalização e Outorga, Ministro de Estado das Comunicações Interino, Secretário Executivo, e Ministro de Estado das Comunicações Efetivo). Além desses cargos, participou (como Membro e/ou Presidente) de vários Grupos, Comissões e Conselhos organizados pela TELEBRÁS, TELERJ, TELESP, TELECEARÁ, TELEBAHIA, TELPE, TELEAMAPÁ, EMBRATEL, EBCT, EMBRAER, CPqD e FUNTTEL.

Para realizar tal saga, participou de vários congressos, cursos, encontros, estágios, feiras aeroespaciais, programas de formação, seminários, simpósios, e visitas técnicas, no Brasil [Belém (PA), Brasília (DF), Itapema (SC), Maceió (AL), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), São José dos Campos (SP) e São Paulo (SP)], e no Exterior [Toronto (Canadá), Copenhagen (Dinamarca), Madrid (Espanha), St. Paul – Minnesota, Pittsburgh – North Carolina, Monterey e San Diego – Califórnia, New Orleans e Las Vegas (Estados Unidos da América do Norte), Paris e Canes (França), Londres (Inglaterra), Tokyo (Japão) e Genebra (Suíça)].

Sendo professor e havendo sido Revisor da Empresa de Publicidade “Folha do Norte’’ (1964-1966), usou esses dotes para divulgar e discutir suas idéias sobre sua experiência profissional, publicando importantes e oportunos trabalhos (por exemplo, sobre a revolucionária internet, e a futura convergência de redes, envolvendo telefones, televisores e computadores) em Seminários (III e IV Seminários de Rede Externa do STB), Revistas Especializadas (TELEBRÁS e TELEBRASIL) e jornal (O ESTADO DE SÃO PAULO).

Ao concluir esta apresentação, gostaria de tecer comentários sobre o meu prazer e satisfação em exercer o sacerdócio do Magistério e alguns aspectos da personalidade do grande homenageado desta noite. Ensino (talvez por atavismo, pois meu avô paterno era professor na Espanha) desde os 13 anos de idade (nasci em 1935). Primeiro, em aulas particulares para os filhos da vizinhança e, a partir de março de 1954, como professor de ensino secundário (Colégio “Abraham Levy’’, CEPC e Colégio Santa Rosa) e depois como professor universitário (UFPA), a partir de agosto de 1961. Durante todos esses anos tive o privilégio de ter como alunos, pessoas que se destacaram, por méritos próprios, no cenário regional e nacional. Por exemplo, dois deles foram Ministros de Estado (Renato Navarro Guerreiro e Juarez Quadros); um deles foi Procurador Geral da República (Inocêncio Mártires Coelho); três deles foram Reitores (José Seixas Lourenço, Marcos Ximenes Ponte e Antonio Gomes de Oliveira); um deles é Secretário Especial de Estado (José Augusto Soares Affonso). Tive um aluno que também foi meu colega na UnB, meu professor na USP e, atualmente, é Professor Titular da USP (Marcelo Otávio Caminha Gomes).

Por ocasião do lançamento recente do livro do professor e ex-Governador do nosso Estado, Clóvis Moraes Rego sobre a história do CEPC, no dia 1 de outubro deste ano, tive a oportunidade de rever o Ministro Juarez Quadros, especialmente convidado para participar desse evento. Pois bem, nesse dia, o Ministro falou de um encontro que teve comigo, no final de 1964, na casa de meu saudoso sogro, professor Machado Coelho, na Praça da República, onde este morava, pedindo-me que adiasse o dia de um exame de Física que eu passaria para ele. Nessa ocasião, disse-lhe: Juarez, cavalo de corrida não se treina na véspera. Esse apotegma foi, segundo ele próprio, o marco de sua vida profissional e pública. Registre-se que realizei o exame referido na data marcada e o Juarez foi aprovado com distinção.

Assim, logo que a mídia paraense anunciou a escolha do Ministro Juarez Quadros como o Engenheiro do ano, enviei-lhe o seguinte e-mail:

O “puro sangue’’ Juarez Quadros ganhou o Grande Prêmio do Estado do Pará: Engenheiro do ano 2002.

Ainda naquele mesmo dia, no CEPC, falei-lhe que a publicação do livro, motivo da solenidade que estava acontecendo, faz parte de um Projeto que eu, o amigo-irmão Professor Paulo de Tarso Santos Alencar, e o prezado amigo, o médico e Presidente do Conselho de Cultura do Pará, Clodoaldo Fernando Ribeiro Beckmann, estamos desenvolvendo no sentido de restaurar a Memória Educacional do Pará, sob o apoio da UFPA e o patrocínio da SECTAM, via FUNTEC. Contudo, como havia dificuldade de publicar, ainda este ano, o oitavo livro desse mesmo Projeto, reunindo textos do cientista paraense Julio César Ribeiro de Souza de suas experiências pioneiras sobre a Navegação Aérea, solicitei ao Ministro Juarez Quadros que conseguisse uma verba para a publicação desse importante livro. Ele prontamente atendeu a essa solicitação por intermédio do Departamento de Comunicação e Marketing (Mara Lucia Bacha) da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (Humberto E. C. Mota).

Assim, até o final deste mês de dezembro, teremos mais um lançamento, graças aos esforços de organização e apresentação dos trabalhos de Júlio César, realizados pelo saudoso médico paraense Fernando Medina do Amaral, por Luís Carlos Bassalo Crispino, professor de Física da UFPA, e por membros da Editora/Gráfica da UFPA (Läis Zumero, Lairson Costa, José dos Anjos Oliveira, João Carlos Moares, Maria Auxiliadora Prado, Manoel Lima e Carlos Galeno da Costa). É claro que essa saga só foi possível, por haver recebido o apoio do Reitor da UFPA, professor Alex Bolonha Fiúza de Melo, por intermédio de seu Gabinete (Sílvia Helena Arruda Brasil).