A TRAGÉDIA DA COMPULSÓRIA

O Brasil, pelo menos que eu saiba, é um país onde a pessoa que exerce um cargo público ao completar 70 anos de idade, recebe uma dupla punição institucional: 1) É compulsoriamente aposentado, portanto, afastado de sua função; 2) Continua pagando a Previdência Social cuja isenção ao aposentado havia sido institucionalizada para que ele tivesse mais recursos auxiliando nas despesas com remédios necessários, a fim de ele ter uma melhor qualidade de morte e, também, comprar livros para manter-se intelectualmente produtivo.
A primeira punição, dependendo do rendimento mediático, é mascarada com um Epitáfio Universitário: – Título de Professor Emérito [pelo menos na Universidade Federal do Pará (UFPA)], pois o docente recebe o título, mas, pelo que eu saiba, continua fora da Academia, apenas com mais uma linha em seu Curriculo Lattes. (É interessante registrar que o próprio físico César Lattes se recusou a essa exigência cientistocrata.)
A essas duas punições, que infelizmente são institucionais e nada se pode fazer contra, o Professor Aposentado (ainda referindo-me às instituições públicas paraenses que são responsáveis, em última instância, pelo desenvolvimento técnico-científico do Estado), mesmo que tenha conquistado o último degrau da carreira acadêmica – Professor Titular – devido a um concurso público de provas e títulos, sofre uma punição muito maior – a síndrome do alzeimermismo -, segundo a qual, qualquer proposta que ele apresente [p.ex. que a Universidade do Século 21 deve ser apoiada em dois grandes pilares: 1) A Ciência Básica como suporte de uma Tecnologia voltada para o desenvolvimento sócio-econômico do Brasil; 2) A Filosofia da Ciência como base do ensino graduado e pós-graduado], é considerada como um ato pretensiosamente senil, contra a autoridade para a qual aquela proposta é apresentada. Creio ser oportuno registrar que, no Primeiro Mundo, o Professor Universitário não é compulsoriamente aposentado e, em algumas Universidades Públicas Brasileiras, a permanência do professor decorre de um ato de humilhação (em meu entendimento), já que esse tem de mostrar que não está senil, preparando um projeto de pesquisa.

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